Alguém se lembra de alguns episódios da sua infância e conta-os. Isso é o que eu quero que vocês façam, como já disse na mensagem anterior. Quem nos conta o que podem ler cá em baixo, vivia no campo. Na cidade há coisas interessantes para contar quando eram crianças, ou não há?
Reparem no negrito e nas cores!
Até tínhamos um cavalo que o meu tio José, lá deixava todos os dias, para pastar na erva.
Lembro das galinhas andarem soltas a apanharem bichinhos nas ervas, do cantar delas sempre que punham um ovo, e de quando elas entravam na fase do "choco" como íamos contando os dias à espera do nascimento dos pintainhos.
Quando se "deitava" a galinha no choco, geralmente era com 13 ovos. Havia uma crença qualquer, que não sei se tinha a ver com a data da Srª. de Fátima, sobre o numero de ovos a pôr, para dar sorte à postura.
De se escrever na casca de cada ovo o nome das pessoas da familia, e aguardarmos ansiosos o primeiro bicar do ovo, e qual seria o primeiro nome a ser o eleito para nascer.
Era uma brincadeira nossa de crianças, minha e dos meus 4 irmãos.
Quando os pintainhos começavam a bicar na casca, sendo alguma mais dura, ou o pinto mais fraco, nós ajudávamos o nascimento fazendo um minusculo furo, onde a partir do qual, acabavam os pintainhos fazendo o seu trabalho, num processo natural de rompimento para a liberdade e para a vida que os esperava.
Era bonito de ver a galinha a andar com uma mão cheia de pintainhos atrás dela.
Como ela os ensinava a procurar comida por entre as ervinhas, e como nós íamos partindo migalhas de pão e atirávamos para o chão e ver como eles corriam atrás para os apanhar.
Um dia meu pai ofereceu-me um galo, era ainda pintainho. Foi o meu animal de estimação durante muito tempo.
Era um galo também do campo, com uma plumagem imponente, cheia de cores, numa palavra, lindo.
Aliás eu tinha uma adoração pelo meu pai, tudo o que ele me dava eu achava lindo.
Voltando ao meu galo...
Sempre que chegava da escola ia ver onde andava, nas suas vadiagens, e gostava de ficar olhando para ele, ora escavando aqui, ora acolá à procura de bichinhos enquanto cacarejava lá na sua alegria em liberdade.
Num desses meus regressos da escola, procurei-o, em vão.
Já desesperada fui ter com minha mãe a perguntar pelo meu galo, quando ela me respondeu que o galo ia ser o almoço daquele dia.
Para quê falar das lágrimas que chorei?
O meu galo na panela (nada de risos, porque o assunto foi muito sério).
E eu, teria lá coragem de comer o meu galo?
Ainda hoje lembro desse episódio com nostalgia e confesso, alguma tristeza à mistura.
(Retirado do blogue almadepoeta.blogspot.com)
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