Um excerto muito, muito breve do livro Cão como nós, do escritor e poeta português Manuel Alegre. Alguém de vocês conhece ou conheceu um cão como este?
Não era um cão como os outros. Era um cão rebelde, caprichoso, desobediente, mas um de nós, o nosso cão, ou mais que o nosso cão, um cão que não queria ser cão e era cão como nós.
Quem gostar de cães, pode ler esta breve recensão do livro que achei no blogue nlivros:
Esta é a história de Kurica, um cão de raça épagneul-breton, que durante muitos anos acompanhou a família Alegre. No entanto este cão não era um cão como os outros cães.
-"Este cão é um sacana, caça um bocado e depois põe-se a fazer a parte..."
Um cão que tinha a mania que era fino e fidalgo. Um cão que tinha dificuldades em obedecer, era irrequieto, exibicionista, altivo e até perverso. Parecia que queria falar, aliás, parece que se convenceu que seria o primeiro cão do mundo a falar a língua dos humanos, estava convencido que não era um cão.
Cão é cão, porém este quando olhava de esguelha demonstrando que era um igual, era rebelde, teimoso, insuportável e subversivo e, engraçado, mas estava-se completamente nas tintas para qualquer tipo de ordens, ao fim e ao cabo, era, como diziam os filhos de Manuel Alegre, um Cão Como Nós.
Estes versos podem ler-se no livro:
Como nós eras altivo
fiel mas como nós
desobediente.
Gostavas de estar connosco a sós
mas não cativo
e sempre presente-ausente
como nós.
Cão que não querias
ser cão
e não lambias
a mão
e não respondias
à voz.
Cão como nós.
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