A artista plástica Rita Melo nasceu em Penafiel, mas mora em Setúbal, muito perto de Lisboa.
Blogue dos alunos de português de 3º e 4º de ESO do IES 'M. DOMINGO CÁCERES', em Badajoz, Espanha (De 2010-09-01 a 2020-01-17)
sexta-feira, 31 de dezembro de 2010
sexta-feira, 24 de dezembro de 2010
Onde está o desperdício da vida?
Fotografia de Sílvia Moura
A cada dia que vivo, mais me convenço de que o desperdício da vida está no amor que não damos, nas forças que não usamos, na prudência egoísta que nada arrisca, e que, esquivando-nos do sofrimento, perdemos também a felicidade.
Carlos Drummond de Andrade, poeta brasileiro.
quinta-feira, 23 de dezembro de 2010
A pedra no sapato (Roby Amorim)
No livro de Roby Amorim Elucidário de conhecimentos quase inúteis lemos coisas tão curiosas e interessantes como esta:
A PEDRA NO SAPATO
O sistema romano de números era tão bom e original como inadequado para as operações de cálculo. Na verdade, servia quase exclusivamente para escrever o resultado das operações.
As classes populares contavam pelos dedos e o próprio imperador Cláudio (é ele quem o diz) fazia as suas contas por processo tão rudimentar.
Um excelente exemplo dos cálculos da época encontra-se no livro de contabilidade de um tal Graecinius, grande produtor vinícola. Segundo o documento, o terreno, a plantação e os trabalhadores custavam-lhe 29000 sestércios. A isto havia que acrescentar 6 por cento de interesses correspondentes aos dois primeiros anos sem rendimento. O total do capital investido correspondia, assim, a 32 000 sestércios, dos quais pre-tendia obter um benefício anual de 6 por cento, ou seja: 1950 sestércios.
Graecinius deixou-nos explicado como estabelecia a sua contabilidade. Utilizava pequenas pedras, chamadas calculi em sistemas de dezenas, centenas e milhares. As pedrinhas cumpriam a mesma função que o ábaco, também conhecido pelos romanos mas apenas nas classes superiores. Com esse sistema era possível somar e subtrair. As multiplicações e divisões faziam-se por etapas, até se converterem em totais ou resto. Por exemplo: três vezes quatro, fazia-se: quatro mais quatro, mais quatro.
Cada grupo de pedras tinha uma cor determinada e as operações realizavam-se no chão, onde se desenhava um conjunto de rectângulos traçados com a ponta de um pau.
Não seria um sistema muito eficiente, mas serviu para construir um império. Hoje calculi (pedras) há quem as tenha na bexiga e essas operações não podem ser feitas por processos tão simplistas.Também os gregos tinham as suas pedras. Literalmente, os escrupulus (como traduziram os latinos) eram as pedras salientes das ruas ou as mais pequeninas que se metiam na sandália e dificultavam o andar, era a pedra no sapato.
Um homem escrupuloso é, assim, o sujeito muito cuidadoso no andar para não se magoar, e, por extensão, aquele que tem o maior cuidado nas suas decisões.
Números romanos
quarta-feira, 22 de dezembro de 2010
Férias de Natal na Europa, férias de verão no Brasil
Praia do Forte, no estado da Bahia (Fotografia de Robert Anyó)
Uma pergunta: Não gostavam de dar um bom mergulho como o desse rapaz da fotografia? Nós e os nossos vizinhos portugueses vamos começar agora as férias de Natal, mas no Brasil, que é no hemisfério sul, vão começar as férias de verão. Reparem: lá vai começar o verão! Vejam em baixo.
Em vez de três períodos (nós dizemos "trimestres" em Espanha) eles têm dois períodos. Não têm o ano lectivo partido entre dois anos, como nós.
1º Semestre Início: 18/02/2010 — Término: 16/07/2010
2º Semestre Início: 02/08/2010 — Término: 15/12/2010
(Recesso Escolar de 17/07/2010 a 01/08/2010)
Podem fazer a comparação entre as estações de um e outro hemisfério:
Hemisfério Sul — Data de Início entre os Dias —Hemisfério Norte
Equinócio de Primavera — 22 e 23 de setembro — Equinócio de Outono
Solstício de Verão — 22 e 23 de dezembro — Solstício de Inverno
Equinócio de Outono — 20 e 21 de março — Equinócio de Primavera
Solstício de Inverno — 22 e 23 de junho — Solstício de Verão
Aqui podem ver o calendário escolar completo de 2010 no Brasil.
TPC de Natal para o 3º ano
Um breve TPC para este Natal, voluntário, mas que será tido em conta pelo professor. Os alunos do 3º ano começaram há pouco a estudar o Pretérito Perfeito Simples, e aqui têm algumas frases para praticar. O trabalho deve ser entregue no primeiro dia de aulas de 2011.
Façam como nos exemplos. Substituam a forma do Presente pela correspondente do Pretérito Perfeito Simples (PPS):
Eu falo com eles — Eu falei com eles.
Vocês comem tudo — Vocês comeram tudo.
Ela parte o copo — Ela partiu o copo.
Antes de começar, reparem nas terminações do PPS dos verbos regulares:
1ª conjugação (a que contém um número maior de verbos das três) - FALAR: falei, falaste, falou, falámos, falaram, falaram
2ª conjugação - COMER: comi, comeste, comeu, comemos, comeram, comeram
3ª conjugação - PARTIR: parti, partiste, partiu, partimos, partiram, partiram
Eu falo com eles — Eu falei com eles.
Vocês comem tudo — Vocês comeram tudo.
Ela parte o copo — Ela partiu o copo.
Antes de começar, reparem nas terminações do PPS dos verbos regulares:
1ª conjugação (a que contém um número maior de verbos das três) - FALAR: falei, falaste, falou, falámos, falaram, falaram
2ª conjugação - COMER: comi, comeste, comeu, comemos, comeram, comeram
3ª conjugação - PARTIR: parti, partiste, partiu, partimos, partiram, partiram
1ª conjugação
Eu compro dois livros.Tu visitas os avós.
Ela chega cedo.
Nós trabalhamos bem.
Vocês falam muito.
Eles treinam às tardes.
2ª conjugação
Eu bebo um sumo.Tu comes uma sandes.
Ele conhece muita gente.
Nós escrevemos um mail.
Vocês recebem uma carta.
Elas prometem voltar.
3ª conjugação
Eu abro todas as janelas.
Tu dormes mal?Ela ouve muito bem.
Nós unimos estas peças.
Vocês pedem muita coisa.
As cidades produzem muito lixo.
Uma bela árvore de Natal
Um cheirinho de natal. Estas palavras todas deveriam ser para todo o ano, e não só um desejo de uns dias no fim do ano, não é verdade?
Pedro L. Cuadrado
terça-feira, 21 de dezembro de 2010
Quadradinhos para o Perfeito Simples
O brasileiro Stêvz (Estêvão Vieira) virá mais vezes por este blogue. Estes quadradinhos (ou quadrinhos, como dizem no Brasil), que nos servem para rever o Perfeito Simples de um jeito diferente são dele. Mas é fácil, não é? Tudo verbos regulares fora fazer ("fiz").
Nota. Em Portugal diz-se lavandaria.
Bom, revisar seria para os alunos do 4º ano, porque os do 3º estão a começar a aprender este novo tempo. Eles vão poder falar de coisas que aconteceram no passado, seja ele recente ou mais ou menos longínquo.
Nota. Em Portugal diz-se lavandaria.
segunda-feira, 20 de dezembro de 2010
Niemeyer em caricatura
Niemeyer, 103 anos! é o título desta caricatura de Gilmar Fraga. Lembram-se da mensagem "Oscar Niemeyer faz 103 anos" sobre este arquitecto brasileiro publicada no blogue no dia 15 deste mês?
Aqueles que desenham bonecos ou caricaturas dos amigos, não gostavam de o fazer como Gilmar Fraga?
Caricatura para a edição de domingo, 19 de dezembro de 2010, editoria de Opinião do jornal Zero Hora de Porto Alegre. Digital.
Minha menina (Os mutantes)
Alguém conhece esta canção de uma banda brasileira chamada Os mutantes? Não é de agora... Ah, uma nota gramatical: reparem nos possessivos. O que se passa com eles?
A MINHA MENINA
Ela é minha menina
Eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A lua prateada se escondeu
E o sol dourado apareceu
Amanheceu um lindo dia
Cheirando a alegria
Pois eu sonhei
E acordei pensando nela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
A roseira já deu rosas
E a rosa que eu ganhei foi ela
Por ela eu ponho o meu coração
Na frente da razão
E vou dizer
Pra todo mundo
Como gosto dela
Pois ela é minha menina
E eu sou o menino dela
Ela é o meu amor
E eu sou o amor todinho dela
Minha menina,
Minha menina...
Aceitam cães?
Há quem não goste de ver cães num estabelecimento público, mas é verdade que o comportamento de algumas pessoas nesses estabelecimentos é bem pior do que qualquer cão, muito mais civilizado. Leiam esta história e reparem na nota de humor do recepcionista...
Viajando com o meu cocker spaniel, escrevi antecipadamente ao hotel que me costuma dar guarida em Paris, para saber se podiam acomodar um hóspede de quatro patas.
Eis a resposta:
"Trabalho na indústria hoteleira há mais de 30 anos. Até agora nunca precisei de chamar a polícia para expulsar um cão que promovesse distúrbios até altas horas da noite. Até hoje nunca vi um cão pôr fogo na roupa da cama por adormecer com um cigarro na mão. Nunca encontrei uma toalha ou um cobertor do hotel na mala de um cão, nem manchas deixadas nos móveis pelo fundo da garrafa de um cão.
Está claro que aceitamos o seu cão.
PS: Se ele se responsabilizar pelo senhor, venha também."
(Retirado de A verdade da mentira)
sexta-feira, 17 de dezembro de 2010
Manuela Azevedo gosta e não gosta de...
Manuela Azevedo, vocalista dos Clã
Encontrei um recorte de há alguns anitos de um jornal português, o DNA (Diário de Notícias), em que a cantora do grupo Clã, Manuela Azevedo, responde a uma pergunta muito simples do jornal para a secção Gosto Não Gosto. Fica bem clarinho que ela gosta de tomar café e como, não é? E, para além disso, como há por aí alguns alunos que ainda dizem ou escrevem "Gostam-me os gelados" ou "Não me gosta tal coisa" (!!!), vejam lá, é por isso que acho que esta mensagem vem mesmo a calhar.
Gosto de café. Gosto de cafés. Gosto de café com chantilly, de bolo de café, semifrio de café, bavaroise de café... Gosto de café com bolo de chocolate. Não gosto de café com açúcar. Gosto de café bem quente. Não gosto de café morno. Não gosto de café frio. Gosto de gelado de café. Gosto de tomar café em casa. Gosto do café (de filtro) que faço em casa. Gosto do cheiro do café moído. Gosto de cafeteiras de vidro. Gosto de chávenas de café bonitas e pesadas. Não gosto de borras de café no fundo das chávenas. Gosto do cimbalino. Gosto do café nos cafés. Não gosto de tomar café de pé. Não gosto de beber café depressa. Gosto de me sentar para o café. Gosto dos cafés antigos, com mesas, empregados e clientes antigos. Gosto de cafés com livros. Costo de café-concertos. Gosto de cafés com história(s). Gosto de conversas de café, com café. Não gosto de cafés com música alta. Não gosto de cafés com a televisão aos gritos. Não gosto do aviso «proibido estudar» nos cafés. Gosto de entrar num café para fugir do frio. Gosto de pedir um café numa esplanada cheia de sol. Não gosto de cafés com luzes frias. Não gosto de cafés a cheirar a fritos. Gosto de me sentar num café para ler o jornal. Gosto de marcar encontros em cafés. Gosto que me convidem para tomar café. Gosto de cafés com grandes janelas para a rua. Gosto de cafés à beira-mar. Gosto dos velhos cafés do Porto. Gosto de tomar café com os amigos. Também gosto de chá e salões de chá. Mas não gosto de «misturar» bebidas...
Cimbalino. "Reg. Café feito em máquina de pressão e servido geralmente em chávena pequena. = bica, expresso" (Dicionário Priberam).
Esta música dos Clã é bem diferente da que ouvimos hoje de manhã na sala de aula, não é?
Tira a Teima
(Carlos Tê / Hélder Gonçalves)
Se um dia me aproximar de ti
Não penses que é só um flirt
Não julgues que é um filme
Que já viste em qualquer parte
Pensa bem antes de agires
Evita ser imprudente
Faz a carta do meu signo
E vê à lupa o ascendente
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Tu não sonhas ao que venho
Não sabes do que sou capaz
Eu dou tudo quanto tenho
Não funciono a meio gás
Vem sentar-te à minha frente
Diz-me o que vês em mim
Não respondas já a quente
Pondera antes de dizer sim
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que
Sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou
Fere, rasga e queima
Diz-me diz-me se vês o granito
Onde a cidade, os grandes temas
Diz-me se vês o amor infinito
Ou somente um par de algemas
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que
Sou fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Porque aquilo que sou
Fere, rasga e queima
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
Tem cuidado e tira a teima
Vê aquilo que sou
O lobisomem
A um monte da charneca, onde viviam pai, mãe e filha solteira, chegou certo dia um ganhão a pedir trabalho. Era homem novo e bem parecido, por quem logo a moça se sentiu presa:
- Dê-lhe trabalho, senhor meu pai.
- A maltês que nem Deus sabe donde vem?
- Parece homem bom e serviçal.
E tais foram os rogos da rapariga que o ganhão ficou no monte. Todos juntos, na roda do ano, trabalharam a terra, colheram o trigo e a azeitona, cortaram o mato, fizeram o queijo ... E à noite, sentados em volta do lar, com a tigela pousada nos joelhos, comiam em paz o pão do seu trabalho.
Meses depois o maltês e a moça casaram.
- Há na minha vida um segredo! - disse-lhe então o rapaz na noite da boda. - Todos os dias à meia-noite tenho de sair. Mas não te apoquentes mulher! Eu volto logo. Rogo-te pela nossa felicidade que nunca queiras desvendar o meu mistério. Juras?
A moça jurou e deste modo iam vivendo felizes.
Todas as noites, ao dar das doze badaladas, o maltês saltava da cama, abria a porta e perdia-se na escuridão. A moça pensava sempre em esperar pelo regresso do homem, mas logo vencida de sono, tão pesado como a morte, fechava as pálpebras e adormecia. Só ao romper da alva acordava muito juntinha e feliz abraçadinha ao marido.
Jurara, mas sempre a dúvida daquele segredo lhe punha a alma em tormentos.
E assim foram passando os dias e as semanas ... Ora, certa noite não resistiu à curiosidade. E quando sentiu o marido saltar da cama e sair de casa, enfiou a toda a pressa a sua saia vermelha e seguiu com o xale pela cabeça. Durante algum tempo, correu, correu na escuridão sem ver ninguém. Até que, de súbito, quando atravessava as ruas desertas de um povoado, ao voltar da primeira esquina, investiu contra ela um canzarrão, negro como breu. Ladrava, ladrava e arremetia, puxando e rasgando-lhe a saia vermelha.
A moça, louca de pavor, fugiu com quantas pernas tinha e voltou a meter-se, encolhidinha, na cama. Como todas as noites, veio o sono pesado e adormeceu. Nem o medo - e era bem grande! - a deixou ficar acordada. De manhãzinha, já cantavam os galos e já por entre as telhas luzia o sol, a mulher acordou como sempre abraçada ao marido, mas desta vez a tremer no receio de haver quebrado o juramento.
Mas o marido sorria ...
E ela viu-lhe então, preso entre os dentes, um farrapinho vermelho da saia que o cão havia rasgado.
Aquele maltês que certo dia chegara ao monte, vindo nem Deus sabia donde, era, senhores, um lobisomem!
- Dê-lhe trabalho, senhor meu pai.
- A maltês que nem Deus sabe donde vem?
- Parece homem bom e serviçal.
E tais foram os rogos da rapariga que o ganhão ficou no monte. Todos juntos, na roda do ano, trabalharam a terra, colheram o trigo e a azeitona, cortaram o mato, fizeram o queijo ... E à noite, sentados em volta do lar, com a tigela pousada nos joelhos, comiam em paz o pão do seu trabalho.
Meses depois o maltês e a moça casaram.
- Há na minha vida um segredo! - disse-lhe então o rapaz na noite da boda. - Todos os dias à meia-noite tenho de sair. Mas não te apoquentes mulher! Eu volto logo. Rogo-te pela nossa felicidade que nunca queiras desvendar o meu mistério. Juras?
A moça jurou e deste modo iam vivendo felizes.
Todas as noites, ao dar das doze badaladas, o maltês saltava da cama, abria a porta e perdia-se na escuridão. A moça pensava sempre em esperar pelo regresso do homem, mas logo vencida de sono, tão pesado como a morte, fechava as pálpebras e adormecia. Só ao romper da alva acordava muito juntinha e feliz abraçadinha ao marido.
Jurara, mas sempre a dúvida daquele segredo lhe punha a alma em tormentos.
E assim foram passando os dias e as semanas ... Ora, certa noite não resistiu à curiosidade. E quando sentiu o marido saltar da cama e sair de casa, enfiou a toda a pressa a sua saia vermelha e seguiu com o xale pela cabeça. Durante algum tempo, correu, correu na escuridão sem ver ninguém. Até que, de súbito, quando atravessava as ruas desertas de um povoado, ao voltar da primeira esquina, investiu contra ela um canzarrão, negro como breu. Ladrava, ladrava e arremetia, puxando e rasgando-lhe a saia vermelha.
A moça, louca de pavor, fugiu com quantas pernas tinha e voltou a meter-se, encolhidinha, na cama. Como todas as noites, veio o sono pesado e adormeceu. Nem o medo - e era bem grande! - a deixou ficar acordada. De manhãzinha, já cantavam os galos e já por entre as telhas luzia o sol, a mulher acordou como sempre abraçada ao marido, mas desta vez a tremer no receio de haver quebrado o juramento.
Mas o marido sorria ...
E ela viu-lhe então, preso entre os dentes, um farrapinho vermelho da saia que o cão havia rasgado.
Aquele maltês que certo dia chegara ao monte, vindo nem Deus sabia donde, era, senhores, um lobisomem!
Pedro L. Cuadrado
Sobre o fado + José Afonso e Mariza
Bem sei que esta não é a música de que os alunos mais podem gostar, mas, como se diz no livro, aqueles interessados pela cultura portuguesa "devem ouvir o fado, pelo menos uma vez". Nesta mensagem, para além de escutar Mariza a cantar um dos seus sucessos, Ó gente da minha terra, ficamos a saber um pouco da história do fado.
A palavra fado vem do latim fatum, ou seja, “destino”. De origem obscura, terá surgido provavelmente na primeira metade do século XIX.
A origem do fado de Lisboa parece despontar da imensa popularidade nos séculos XVIII e XIX da Modinha, e da sua síntese popular com outros géneros afins, como o Lundu, no então rico caldo de culturas presentes em Lisboa, tendo como resultado a extraordinária canção urbana conhecida como “fado”.
Na primeira metade do século XX, foi adquirindo grande riqueza melódica e complexidade rítmica, tornando-se mais literário e mais artístico. Os versos populares são substituídos por versos elaborados.
Durante as décadas de 30 e 40, o cinema, o teatro e a rádio vão projectar esta canção para o grande público, tornando-a de alguma forma mais comercial. A figura do fadista nasce como artista. Esta foi a época de ouro do fado onde os tocadores, cantadores saem das vielas e recantos escondidos para brilharem nos palcos do teatro, nas luzes do cinema, para serem ouvidos na rádio ou em discos.
O fadista canta o sofrimento, a saudade de tempos passados, a saudade de um amor perdido, a tragédia, a desgraça, a sina e o destino, a dor, amor e ciúme, a noite, as sombras, os amores, a cidade, as misérias da vida, critica a sociedade…
O fado moderno iniciou-se e teve o seu apogeu com Amália Rodrigues. Foi ela quem popularizou fados com letras de grandes poetas, como Luís de Camões, José Régio, Pedro Homem de Mello, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, José Carlos Ary dos Santos e outros.
O fado de Lisboa que é hoje conhecido mundialmente pode ser (e é muitas vezes) acompanhado por violino, violoncelo e até por orquestra, mas não dispensa a sonoridade da guitarra portuguesa.
Actualmente, muitos jovens –entre os quais Raquel Tavares, Maria Ana Bobone, Mariza, Joana Amendoeira, Mafalda Arnauth, Marco Oliveira, Katia Guerreiro, Luisa Rocha, Camané, Cristina Branco – juntaram o seu nome aos dos consagrados ainda vivos e estão dando um fôlego incrível a esta canção urbana.
Muito ligado às tradições académicas da respectiva Universidade, o fado de Coimbra é exclusivamente cantado por homens e tanto os cantores como os músicos usam o traje académico. Mas isso fica para outro dia.
(Resumo da Wikipédia)
(Resumo da Wikipédia)
Estudantes da Universidade de Coimbra
Um exemplo, Saudades de Coimbra, interpretado por José Afonso:
SAUDADES DE COIMBRA
Ó Coimbra do Mondego
E dos amores que eu lá tive.
Quem te não viu anda cego,
Quem te não ama não vive.
Do Choupal até à Lapa
Foi Coimbra os meus amores.
A sombra da minha capa
Deu no chão, abriu em flores.
Agora, Mariza canta Ó gente da minha terra:
Ó GENTE DA MINHA TERRA
É meu e vosso este fado
Destino que nos amarra
Por mais que seja negado
Às cordas de uma guitarra
Sempre que se ouve o gemido
De uma guitarra a cantar
Fica-se logo perdido
Com vontade de chorar
Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi
E pareceria ternura
Se eu me deixasse embalar
Era maior a amargura
Menos triste o meu cantar
Ó gente da minha terra
Agora é que eu percebi
Esta tristeza que trago
Foi de vós que a recebi
quinta-feira, 16 de dezembro de 2010
Algumas mudanças de género
Uma árvore
Por via de regra, há coincidência entre o género das palavras espanholas e das portuguesas, mas há uma série delas muito comuns que mudam: masculinas em espanhol e femininas em português e, ao contrário, femininas em espanhol e masculinas em português.
PALAVRAS MASCULINAS EM ESPANHOL
a viagem
a garagem
a origem
a ponte
a cor
a dor
a árvore
a laranjeira
a pereira
a macieira (e muitas mais árvores de fruto)
PALAVRAS FEMININAS EM ESPANHOL
o leite
o mel
o nariz
o postal
o sangue
o ensino (= "la enseñanza")
o riso
o sorriso
os legumes
o costume (todas as palavras acabadas em -ume)
os croquetes
o bê, o agá, o jota, o xis... (todos os nomes das letras são masculinos em português)
Desse modo, os adjectivos que acompanham estas palavras devem concordar com o género, como é lógico, da palavra portuguesa:
"A leite é boa" (erro, estamos a pensar em espanhol) deve ser O leite é bom
"A sal é branca" (erro) deve ser O sal é branco
"Ela tem uma nariz bonita" (erro, mais uma vez) deve ser Ela tem um nariz bonito.
quarta-feira, 15 de dezembro de 2010
Oscar Niemeyer faz 103 anos
Oscar Niemeyer em 2008
Mais um centenário no mundo da cultura em língua portuguesa. Hoje faz 103 anos o grande arquitecto brasileiro Oscar Niemeyer. Mas ele não está aposentado, não, continua a trabalhar! Como o director português Manoel de Oliveira. Isso é bom, não é? Niemeyer tem obra no nosso país, nas Astúrias: o Centro Cultural Internacional Oscar Niemeyer. Podem ver em baixo.
Oscar Niemeyer (Rio de Janeiro, 15 de dezembro de 1907) é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado (betão armado em português de Portugal).
Seus trabalhos mais conhecidos são os edifícios públicos que desenhou para a cidade de Brasília, que foi inaugurada em 21 de abril de 1960. Vejam como é nova a capital do Brasil!
Não é o ângulo reto que me atrai, nem a linha reta, dura, inflexível, criada pelo homem. O que me atrai é a curva livre e sensual, a curva que encontro nas montanhas do meu país, no curso sinuoso dos seus rios, nas ondas do mar, no corpo da mulher preferida. De curvas é feito todo o universo, o universo curvo de Einstein.
Brasília, a capital do Brasil
Pormenor do interior da catedral de Brasília
O arquitecto brasileiro e a maquete do Centro Cultural Internacional
de Avilés que leva o seu nome
terça-feira, 14 de dezembro de 2010
Mafalda e a democracia
Democracia (do grego demos, povo, e kratos, autoridade). Governo no qual a soberania é exercida pelo povo.
Porque será que a Mafalda não deixa de rir?
Porque será que a Mafalda não deixa de rir?
A Mafalda é obra do cartunista argentino Quino.
As estações do ano de antigamente
Reparem que termos quatro estações do ano, Primavera, Verão, etc., nem sempre foi assim. Leiam, leiam..
Inicialmente o ano era dividido em duas partes, a saber:
* O período quente (em latim: "ver"): era dividido em três fases: o Prima Vera (literalmente "primeiro verão"), de temperatura e humidade moderadas, o Tempus Veranus (literalmente "tempo da frutificação"), de temperatura e humidade elevadas, e o Æstivum (em português traduzido como "estio"), de temperatura elevada e baixa humidade.
* O período frio (em latim: "hiems") era dividido em apenas duas fases: o Tempus Autumnus (literalmente "tempo do ocaso"), em que as temperaturas entram em declínio gradual, e o Tempus Hibernus, a época mais fria do ano, marcada pela neve e ausência de fertilidade.
Posteriormente, para ajustar as estações à posição exata dos equinócios e solstícios, correlacionando-as com a influência da translação associada à mudanca no eixo de inclinação da Terra, convencionou-se, no Ocidente, dividir o ano em somente quatro estações. Vale a pena lembrar que certas culturas ainda dividem o ano em cinco estações, como a China. Países como a Índia dividem o ano em apenas três estações: uma estação quente, uma estação fria e uma estação chuvosa. Já no continente Africano, países como Angola só têm duas estações, a das chuvas, quente e úmida, e o cacimbo, seca e ligeiramente mais fresca, principalmente à noite.
(Fonte: Wikipédia)
segunda-feira, 13 de dezembro de 2010
Um dia em Lisboa
A bela Torre de Belém como pano de fundo
Na quinta-feira passada, dia 9 de Dezembro, um grupo de 28 alunos de 4º ESO, 1º e 2º de bachillerato da nossa Escola visitou Lisboa. Já dissemos, e publicámos, alguma coisa a este respeito no blogue. Programa: castelo de S. Jorge, Mosteiro dos Jerónimos, Torre de Belém, iluminação nocturna da cidade.
Tivemos chuva, tivemos sol, e mais chuva, mas foi um belo dia. No entanto, em vez de ser o professor a contar, queria fazer uma sugestão para todos os alunos: um TPC voluntário para as próximas férias do Natal, que seria um resumo, uma visão pessoal desta visita à capital portuguesa. Pode ser publicado no blogue, e com as vossas fotografias. Há alguma mão alçada por aí?
A Av. da Liberdade sob a chuva quando partimos de Lisboa
sábado, 11 de dezembro de 2010
Manoel de Oliveira faz 102 anos
Capa do livro da Cosac & Naify.
Manoel de Oliveira no Mar Morto, durante as filmagens de O espelho mágico (2005)
Manoel de Oliveira (Porto, 11 de Dezembro de 1908), é um cineasta português com uma das mais longas carreiras na cinematografia internacional.
"O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia..." (Caeiro - Pessoa)
A caminho da Torre de Belém
Quando anteontem, quinta-feira, na visita que fizemos a Lisboa, íamos a caminho da Torre de Belém, pudemos ler alguns versos pintados no asfalto. O autor era Fernando Pessoa, ou, por melhor dizer, Alberto Caeiro, um dos seus heterónimos, e considerado por ele como o seu Mestre.
O Tejo é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia,
Mas o Tejo não é mais belo que o rio que corre pela minha aldeia
Porque o Tejo não é o rio que corre pela minha aldeia.
O Tejo tem grandes navios
E navega nele ainda,
Para aqueles que vêem em tudo o que lá não está,
A memória das naus.
O Tejo desce de Espanha
E o Tejo entra no mar em Portugal.
Toda a gente sabe isso.
Mas poucos sabem qual é o rio da minha aldeia
E para onde ele vai
E donde ele vem.
E por isso porque pertence a menos gente,
É mais livre e maior o rio da minha aldeia.
Pelo Tejo vai-se para o Mundo.
Para além do Tejo há a América
E a fortuna daqueles que a encontram.
Ninguém nunca pensou no que há para além
Do rio da minha aldeia.
O rio da minha aldeia não faz pensar em nada.
Quem está ao pé dele está só ao pé dele.
Alberto Caeiro / Fernando Pessoa
Fotografia de Ivan Goncalvez
sexta-feira, 10 de dezembro de 2010
Quantas cores é que vocês vêem?
Lembram-se da anterior mensagem de hoje? A forma de tratamento mais comum no português do Brasil entre pessoas que se conhecem é você, que vai acompanhada de uma forma verbal na terceira pessoa do singular.
"Meu sonho é..."
Uma pequena lição de português do Brasil. Nesse país a forma de tratamento você equivale ao tu em Portugal.
Quer dizer, os amigos tratam-se por você, e não por tu, como podem ver neste quadradinho (ou quadrinho) do brasileiro Elder Galvão. Em Portugal diriam: "E tu, o que vais ser?"
E mais uma: no português do Brasil, é mais corrente o uso do possessivo sem artigo definido do que em português europeu, fora excepções (Ciberdúvidas). É por isso que podem ler "Meu sonho" e não "O meu sonho".
E mais uma: no português do Brasil, é mais corrente o uso do possessivo sem artigo definido do que em português europeu, fora excepções (Ciberdúvidas). É por isso que podem ler "Meu sonho" e não "O meu sonho".
Reparem nisto quando ouvirmos na sala de aula alguma canção brasileira.
sábado, 4 de dezembro de 2010
A Torre de Belém
A Torre de Belém é um dos monumentos mais expressivos da cidade de Lisboa. Localiza-se na margem direita do rio Tejo, onde existiu outrora a praia de Belém. Inicialmente cercada pelas águas em todo o seu perímetro, progressivamente foi envolvida pela praia, até se incorporar hoje à terra firme.
O monumento se destaca pelo nacionalismo implícito, visto que é todo rodeado por decorações do Brasão de armas de Portugal, incluindo inscrições de cruzes da Ordem de Cristo nas janelas de baluarte; tais características remetem principalmente à arquitetura típica de uma época em que o país era uma potência global (a do início da Idade Moderna).
Classificada como Património Mundial pela UNESCO, em 7 de Julho de 2007 foi eleita como uma das Sete maravilhas de Portugal.
(Fonte: Wikipédia)
O brasão de armas de Portugal
O Mosteiro dos Jerónimos
O Mosteiro dos Jerónimos é um mosteiro manuelino, testemunho monumental da riqueza dos Descobrimentos portugueses. Situa-se em Belém, Lisboa, à entrada do Rio Tejo. Constitui o ponto mais alto da arquitectura manuelina e o mais notável conjunto monástico do século XVI em Portugal e uma das principais igrejas-salão da Europa.
Destacam-se o seu claustro, completo em 1544, e a porta sul, de complexo desenho geométrico, virada para o rio Tejo. Os elementos decorativos são repletos de símbolos da arte da navegação e de esculturas de plantas e animais exóticos. O monumento é considerado património mundial pela UNESCO, e em 7 de Julho de 2007 foi eleito como uma das sete maravilhas de Portugal.
(Fonte: Wikipédia)
Nave do mosteiro
Arcada do claustro
O Castelo de São Jorge
Fotografia de Paulo Freire
A visita de um grupo de alunos do 4º ano de ESO da nossa escola, mais alguns alunos do 1º e 2º anos de Bachillerato, a Lisboa no dia 9 deste mês de dezembro vai começar pelo Castelo de S. Jorge; depois, é a Baixa e o Chiado; a seguir, o Mosteiro dos Jerónimos e a Torre de Belém. É por isso que são publicadas estas mensagem e as seguintes, para aqueles interessados que queiram saber mais alguma coisa destes lugares.
O monte onde se ergue o Castelo de S. Jorge foi local de fortificações desde a antiguidade. Calcula-se que o primeiro edifício defensivo aqui edificado dataria do ano 48 AC.
O primeiro nome do castelo actual foi Castelo de Lisboa; foi chamado de São Jorge após a conquista por D. Afonso Henriques, com o auxílio de Cruzados a caminho da Terra Santa, em 1147.
O Castelo de São Jorge domina toda a paisagem da zona antiga de Lisboa.
(Fonte)
O Rio Tejo e parte da Baixa lisboeta vistos do Castelo de S. Jorge
sexta-feira, 3 de dezembro de 2010
Numa loja de roupa
Frases que podemos dizer ou que podemos ouvir numa loja de roupa.
- Acabou-se.
- Não temos mais.
- A caixa é ali.
- A que horas abrem amanhã?
- A que horas fecham?
- De que é feito?
- Deseja que encomende?
- Em que posso servi-la?
- Em que posso servi-lo?
- Está muito apertado
- Está muito comprido
- Está muito curto
- Está muito largo
- Está partido.
- Mais alguma coisa?
- Não aceitamos...
- Não aceitamos cartão de crédito.
- Não aceitamos cheques bancários.
- Não é o que eu quero.
- Não gosto da cor.
- Não gosto do corte.
- Não, obrigada. É tudo.
- Não, obrigado. É tudo.
- Não tem nada maior?
- Não tem nada mais barato?
- Não tem nada melhor?
- Não tem nada mais pequeno?
- Não temos... lamento.
- O troco não está correcto.
- Pode atender-me?
- Pode dar-me o recibo?
- Pode mostrar-me...?
- Pode trocar-me isto?
- Posso experimentar?
- Posso pagar com...
- Posso pagar com cartão de crédito?
- Quanto é?
- Que cor deseja?
- Que deseja?
- Que qualidade deseja?
- Que quantidade deseja?
- Queria que me reembolsassem.
- Quero devolver isto.
- Que tamanho deseja?
- Tem...?
- Tem noutra...?
- Tem noutra cor?
- Tem noutro tamanho?
Qual é o seu tamanho?
Ainda há vários alunos que usam a palavra "talla" (mesmo assim, em espanhol), ou aportuguesada como"talha". Vamos pedir ajuda ao Dicionário da Academia das Ciências. O que nos diz da palavra que esses alunos deveriam empregar?
tamanho. Dimensão do corpo humano, relativamente à roupa e ao calçado que se usa. Sinónimo: número.
As calças são pequenas. Precisa de um número acima.
O vestido fica-lhe muito largo. Não é o seu tamanho.
Que tamanho calça?
(tamanho grande - médio - pequeno)
quarta-feira, 1 de dezembro de 2010
Hoje é feriado em Portugal
Praça dos Restauradores em Lisboa
Tudo começou em finais do séc. XVI: o rei de Portugal era D. Sebastião.
Em 1578, D. Sebastião morreu na batalha de Alcácer-Quibir, no norte de África. Portugal ficou, assim, sem rei, pois D. Sebastião era muito novo e ainda não tinha filhos, não havia herdeiros directos para a coroa portuguesa.
Assim, quem subiu ao trono foi o Cardeal D. Henrique, que era tio-avô de D. Sebastião. Mas só reinou durante dois anos porque nem todos estavam de acordo com ele como novo rei. Mas atenção: estas coisas nunca são simples, houve muitos pretendentes e isto deu muita confusão...
Em 1580, nas Cortes de Tomar, Filipe II, rei de Espanha, foi escolhido como o novo rei de Portugal. A razão para a escolha foi simples: Filipe II era filho da infanta D. Isabel e também neto do rei português D. Manuel, por isso tinha direito ao trono.
Nesta altura, era frequente acontecerem casamentos entre pessoas das cortes de Portugal e Espanha, o que fazia com que houvesse espanhóis que pertenciam à família real portuguesa e portugueses que pertenciam à família real espanhola.
Durante 60 anos, viveu-se em Portugal um período que ficou conhecido na História como "Domínio Filipino". Depois do reinado de Filipe II (I de Portugal), veio a governação de Filipe III (II de Portugal) e Filipe IV (III de Portugal). Estes reis governavam Portugal e Espanha ao mesmo tempo, como um só país.
Os portugueses acabaram por revoltar-se contra esta situação e, no dia 1 de Dezembro de 1640, puseram fim ao reinado do rei espanhol num golpe palaciano (um golpe só para derrubar o rei e o seu governo).
Sabias que havia também defensores do rei espanhol em Portugal? Mas o povo não gostava disso porque o País não era governado com justiça e havia muitos problemas e ataques às províncias ultramarinas e, especialmente, ao Brasil.
Na altura, a Duquesa de Mântua era vice-rainha e Miguel de Vasconcelos era escrivão da Fazenda do Reino. Tinha imenso poder. No dia 1 de Dezembro de 1640, os Restauradores mataram-no a tiro e foi defenestrado (atirado da janela abaixo) no Paço da Ribeira.
Filipe III abandonou o trono de Portugal e os portugueses escolheram D. João IV, duque de Bragança, como novo rei.
O dia 1 de Dezembro passou a ser comemorado todos os anos como o Dia da Restauração da Independência de Portugal, já que o trono voltou para um rei português.