Na passada sexta-feira, um dia de tanta chuva, o escritor e poeta português Gonçalo M. Tavares leu os seus versos para os alunos de diferentes escolas de Badajoz na Aula de Poesia Enrique Díez-Canedo. Foi apresentado por dois alunos de 1º de Bachillerato desta escola, Fátima Cuadrado e Víctor Méndez.
Tavares não só leu os seus versos, que os alunos seguiram nos livrinhos que lhes são oferecidos, mas falou da importância da leitura de boa poesia e da boa literatura para fugir às armadilhas que encontramos todos os dias nas palavras dos jornais ou da televisão.
Tavares não só leu os seus versos, que os alunos seguiram nos livrinhos que lhes são oferecidos, mas falou da importância da leitura de boa poesia e da boa literatura para fugir às armadilhas que encontramos todos os dias nas palavras dos jornais ou da televisão.
O SOL
Na infância o sol era um companheiro mais alto,
Que aparecera primeiro no campo de futebol, e aí, parado,
Guardava as costas da baliza e a erva que se tornava quente.
Como se o sol fosse de facto um instrumento de cozinha,
Aperfeiçoado, antigo, mas instrumento, matéria
Que os meninos agarravam com os dedos e cuja
Intensidade podiam por vontade própria regular.
Por exemplo: quando a luz era excessiva
Os dedos protegiam os olhos. Outras vezes
O corpo parecia a conclusão
Natural, instintiva, do calor que vinha de cima:
Recebíamos o sol como o ponto final recebe
Uma frase. Fazia mais sol quando eu tinha seis anos
(quem o fazia?) ou com o tempo e o tédio
Me fui distraindo?
Gonçalo M. Tavares
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