Crianças precisam de correr riscos para se desenvolverem
Pediatra critica "cultura de segurança fóbica" que impede crianças de brincarem fora de casa
Os boletins de saúde das crianças obrigam os pediatras a recordar aos pais os riscos de acidentes, durante as consultas de rotina. Mas o ex-presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria Luís Januário preferiu ontem destacar a importância de deixar as crianças correrem riscos, durante o congresso nacional desta especialidade.
"Brincar fora de casa, na natureza, é insubstituível [para o desenvolvimento das crianças]", sublinhou Luís Januário, no congresso que decorre na Alfândega do Porto, em que criticou a actual "cultura de segurança fóbica" e a "organização estereotipada dos espaços" criados para o lazer dos mais novos. "Não se pode negar às crianças a oportunidade de se envolverem em actividades de risco", defende.
O médico de Coimbra avançou mesmo com um exemplo da "cultura actual para mimar o desenvolvimento infantil" que considera desajustada - parques temáticos "como o Kidzania [onde as crianças brincam às profissões, em Lisboa]". Ali, ironizou, "os adultos são tratados como crianças e as crianças são tratadas como pequenos adultos". Lembrando que "o ambiente adequado para brincar é um local não estruturado", Luís Januário observou que "já não há crianças a brincar na natureza". "O espaço de liberdade das crianças da geração actual em relação à geração dos meus filhos mudou completamente. Contraiu-se o espaço de circulação das crianças de uma maneira incrível", lamentou. E isso não é uma inevitabilidade, defendeu, aludindo a um movimento que desde há alguns anos tenta contrariar esta tendência, nos países do Norte e em Inglaterra, as chamadas "escolas de floresta" (escola tradicional numa zona onde ainda há floresta).
(A notícia completa no jornal Público)
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