terça-feira, 3 de fevereiro de 2015

Fruta feia - Gente bonita come fruta feia


Fruta Feia - Gente bonita come fruta feia. O que é isto? Leiam, leiam: é uma cooperativa de consumo contra o desperdício alimentar que canaliza dos agricultores aos consumidores os frutíhortícolas rejeitados devido à aparência.


Vejamos este artigo do diário Público do ano 2013 para nos fazermos uma ideia de como é que o projeto nasceu; agora, passado ano e meio, podemos dizer que para eles as coisas correm de feição, como pode ver-se na sua página, Fruta Feia)

Ah, e vejam a importância da imaginação para arranjar trabalho. Estão a ver? Ainda por cima é bom para a natureza e evita o desperdício de toneladas de fruta que iam parar ao lixo.

Estamos dispostos a comer fruta feia para reduzir o desperdício?

Hugo Torres

07/06/2013 - 17:06

Projecto-piloto em Lisboa vai ajudar agricultores a escoar produção fruto-hortícola desperdiçada pela grande distribuição, a um preço mais baixo para os consumidores.

O essencial pode ser invisível aos olhos, mas, a acreditar na expressão popular, é com eles que comemos. Quando foi a última vez que, na zona dos frescos de um supermercado, pegámos numa peça de fruta sem avaliar se essa era a mais bem-parecida do caixote? E se, querendo maçãs, só encontramos exemplares sem o aspecto regular e o brilho a que já nos habituámos, compramos na mesma? É um pequeno gesto, mas com grande impacto em cadeia.

Como os consumidores preferem frutas e hortaliças perfeitas, os grandes canais de distribuição transferem essa preferência para os agricultores, que só conseguem vender para os supermercados as peças com melhor aspecto. O resultado é um desperdício produtivo de 30%, o que em Portugal significa mandar para o lixo ou para a alimentação do gado uma tonelada de produtos fruto-hortícolas com qualidade para estarem à nossa mesa, mas não com o aspecto desejado.

Isabel Soares identificou o problema e propôs-se a contrariar a tendência com o projecto Fruta Feia, que nesta quinta-feira recebeu das mãos do Presidente da República o segundo prémio do concurso FAZ – Ideias de Origem Portuguesa (IOP), concurso da Fundação Calouste Gulbenkian e da Cotec – Associação Empresarial para a Inovação (o primeiro foi para o projecto Orquestra XXI). O valor do prémio é de 15 mil euros. O projecto está orçamentado em 21 mil, mas não vai cair. Aliás, está a andar há algum tempo.

“Isto já atingiu um impacto social tão forte que seria impossível abandonar”, diz Isabel Soares ao PÚBLICO. “Já temos 50 sócios interessados, um espaço e o feedback da esperança que os agricultores encontram no nosso projecto. É muito complicado, depois de ter dado essa expectativa aos agricultores, de que os podemos ajudar a escoar esta parte da produção fruto-hortícola, chegar lá e dizer: ‘Meus amigos, não vos vamos comprar a fruta feia.'”

O próximo passo é encontrar o financiamento que falta: seis mil euros. O processo legal para a constituição da cooperativa de consumo que servirá de base ao projecto já foi desencadeado. Falta construir um site e adquirir uma carrinha para o transporte dos produtos. Mais importante, falta assegurar que existe dinheiro para garantir que haja uma pessoa a trabalhar a tempo inteiro no Fruta Feia. Para concretizar tudo isto ainda serão necessários alguns meses.

Engenheira ambiental, Isabel Soares está a viver e a trabalhar em Barcelona há sete anos. Tem 30. É de Lisboa e quer voltar. Este projecto é o bilhete de regresso. “Queria voltar para Portugal, queria empreender este projecto aqui, para mim não tinha sentido que fosse noutro país”, recorda, numa conversa anterior à entrega do prémio, quando ainda não sabia que o Fruta Feia tinha sido um dos preferidos do júri do FAZ – IOP. Agora, pode fazê-lo.

(...)



Elas são as pessoas que estão na base desta cooperativa que vende a fruta que os agricultores não comercializam.


Aqui, um artigo publicado na semana passada num jornal espanhol:  

La gente guapa come fruta fea (El País, 25-1-2015)


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