segunda-feira, 15 de junho de 2015

A minha história com a fotografia



Há aqui algum aluno ou aluna que goste mesmo de fotografar? Não quero dizer tirar fotografias com o telemóvel, mas ter uma máquina, ou vontade de a ter, para dedicar um bom tempo a tirar fotografias, e gostar de ver o mundo através de uma máquina fotográfica como aconteceu a quem nos conta a sua historia:


Lembro como se fosse hoje quando tirei a minha primeira fotografia. Foi com uma máquina analógica de uma tia, que era o básico "olhar no buraquinho, centralizar e apertar no botão" e pronto, a gente só via a fotografia quando revelava. Lembro também que a foto não ficou tão má quanto eu imaginava, claro, um pouco sem ângulo, mas consegui capturar a cena. (risos) Depois disso, eu ficava sempre encantada com as fotos de família, aquele momento ali eternizado, congelado e que a gente podia rever a qualquer instante, matar a saudade e dar boas risadas. Foi ali que o sonho de ter uma câmera começou, mas eu sabia que era algo fora do meu alcance no momento. Não lembro bem a idade que eu tinha, mas lá pelos meus seis anos, eu ganhei um walkman e como toda criança eu fiquei toda babada com o presente. Agora vocês devem estar a pensar "o que um aparelho de música tem a ver com fotografia?" Pois bem, depois de um tempo o velho walkman tornou-se a minha primeira máquina fotográfica. Como eu sou filha única, eu praticamente brinquei sozinha a minha infância toda. Tive uma casinha, como todas as menina têm. Tive também os meus filhos, o meu marido, os meus amigos, tudo invisivelmente, mas com traços fortes na minha imaginação que eu lembro até hoje. Como tudo parecia um pouco irreal, como a velha calculadora era o meu computador, por quê não tornar o velho walkman em máquina fotográfica? E foi assim que eu brinquei boa parte da minha infância, fotografando algo que nunca ninguém iria ver! Como eu queria que cada clique tivesse sido registado, para hoje vocês verem até onde a imaginação de uma criança pode ir e para eu mesma ter as fotografias que ficaram apenas na minha memória. O tempo passou, mas a vontade de ter uma câmera real não. Mudei de cidade, consegui o meu primeiro emprego e com isso a realização do meu sonho estava quase perto. Economizei cada centavo e finalmente em 2006 eu consegui comprar a minha primeira máquina, que até hoje funciona, mas que agora está num lugar especial na minha estante. Algo que eu não me irei desfazer, pois sempre que olho para ela eu percebo que é possível ter tudo que se quer, por mais que seja tão simples. Com essa câmera, tirei diversas fotos e a minha paixão pela fotografia só crescia e com isso o tempo passou e eu queria algo melhor do que eu tinha e então em 2009 eu ganhei a minha segunda câmera, um presente da minha mãe. Com essa, as fotos começaram a ficar melhores e eu fui-me aperfeiçoando... Mas, como em tudo eu evolui, os sonhos também. Novamente comecei a juntar para ter uma câmera de acordo com o que eu precisava, como eu não tinha condições de ir mais além, em 2011 eu realizei um grande sonho, comprei minha primeira semi-profissional. Não consigo descrever a emoção que senti quando abri aquela pequena caixa, mal sabia por onde começar a mexer. Só bastou eu tirar a minha primeira foto e depois tudo começou a fluir melhor, a câmera e eu, agora éramos uma dupla inseparável. Esta é minha companheira até hoje, quem me ensinou muito sobre fotografia e que já fez milhares de registos de momentos inesquecíveis. Mas, para quem pensa que eu parei por aqui, está enganado. Desde que comprei a minha terceira câmera eu venho a economizar para finalmente ter a minha profissional e a dos meus sonhos é essa. Por fim, pra mim fotografar é refugiar-me num mundo que eu posso voltar a qualquer momento, que eu posso matar as saudades, que eu me posso encontrar comigo mesma e que me permita estar em paz com tudo ao meu redor. Fotografia não é uma distracção, é uma paixão, um dom, é parte de mim.

Texto e Foto: Juliana Bastos
Data: 10/03/2014


Lido no blogue Cantinhos de Portugal



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