terça-feira, 28 de fevereiro de 2017

O Carnaval de Olinda

Maracatu Estrela de Olinda - Carnaval 2010 -
Fotografia de Chico Santiago - Pref.de Olinda


A bonita cidade de Olinda fica no nordeste do Brasil (vejam no link em baixo onde fica exatamente e mais fotografias).

O Carnaval do Rio do Janeiro é o mais famoso do mundo, mas no Brasil há muitos carnavais que valem a pena, como este de Olinda.


Podem clicar neste link de Ao pé da Raia.




sexta-feira, 24 de fevereiro de 2017

Moda do Entrudo (José Afonso)



Para além de Carnaval, usa-se também em português a palavra entrudo.

Entrudo
nome masculino
1. dias de festejo anteriores à Quarta-Feira de Cinzas; Carnaval
2. [com minúscula] figurado folia
3. [com minúscula] figurado farsa
4. [com minúscula] figurado excesso
(Do latim introĭtu-, «entrada»)

(Infopédia)


O grande Zeca Afonso canta esta canção popular de Malpica, que fica na Beira Baixa.


MODA DO ENTRUDO 


Ó entrudo ó entrudo
Ó entrudo chocalheiro
Que não deixas assentar
As mocinhas ao solheiro

Eu quero ir para o monte
Eu quero ir para o monte
Que no monte é qu'eu estou bem
Que no monte é qu'eu estou bem

Eu quero ir para o monte
Eu quero ir para o monte
Onde não veja ninguém
Que no monte é qu'eu estou bem

Estas casa são caiadas
Estas casa são caiadas
Quem seria a caiadeira
Quem seria a caiadeira

Foi o noivo mais a noiva
Foi o noivo mais a noiva
Com um ramo de laranjeira
Quem seria a caiadeira





Aventura no Carnaval (Eduardo Oliveira)


O autor é Eduardo Oliveira: Ilustração para o livro de contos de Moacyr Scliar Mistérios de Porto Alegre. Caneta e nanquim

(Em Portugal a tinta nanquim é chamada tinta da China)





quinta-feira, 23 de fevereiro de 2017

Venham mais cinco (José Afonso)



Uma das mais bonitas canções do cantor português José Afonso, e que fala dos tempos difíceis que se viviam naquela altura em Portugal (os nossos não eram melhores).

Há 30 anos que ele morreu e recordamo-lo com esta canção.


VENHAM MAIS CINCO

Venham mais cinco
Duma assentada
Que eu pago já
Do branco ou tinto
Se o velho estica
Eu fico por cá

Se tem má pinta
Dá-lhe um apito
E põe-no a andar
De espada à cinta
Já crê que é rei
Dàquém e Dàlém Mar

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar

A gente ajuda
Havemos de ser mais
Eu bem sei
Mas há quem queira
Deitar abaixo
O que eu levantei

A bucha é dura
Mais dura é a razão
Que a sustém
Só nesta rusga
Não há lugar
Pr'ós filhos da mãe

Não me obriguem
A vir para a rua
Gritar
Que é já tempo
D'embalar a trouxa
E zarpar

Bem me diziam
Bem me avisavam
Como era a lei
Na minha terra
Quem trepa
No coqueiro
É o rei



quarta-feira, 22 de fevereiro de 2017

Sérgio Godinho canta para nós "Espectáculo"



Sérgio Godinho leu para nós alguns dos seus poemas. Como já publiquei aqui um poema dele, vai uma canção. De certeza que ela chegará bem mais depressa a vocês do que os versos... Ai, a música!



ESPECTÁCULO

Quando
tu me vires no futebol
estarei no campo
cabeça ao sol
a avançar pé ante pé
para uma bola que está
à espera dum pontapé
à espera dum penalty
que eu vou transformar para ti
eu vou
atirar para ganhar
vou rematar
e o golo que eu fizer
ficará sempre na rede
a libertar-nos da sede
não me olhes só da bancada lateral
desce-me essa escada e vem deitar-te na grama
vem falar comigo como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos jogar

Quando
tu me vires no music-hall
estarei no palco
cabeça ao sol
ao sol da noite das luzes
à espera dum outro sol
e que os teus olhos os uses
como quem usa um farol
não me olhes só dessa frisa lateral
desce pela cortina e acompanha-me em cena
vamos dar à perna como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos bailar

Quando
tu me vires na televisão
estarei no écran
pés assentes no chão
a fazer publicidade
mas desta vez da verdade
mas desta vez da alegria
de duas mãos agarradas
mão a mão no dia a dia
não me olhes só desse maple estofado
desce pela antena e vem comigo ao programa
vem falar à gente como gente que se ama
e até não se poder mais
vamos cantar

E quando
à minha casa fores dar
vem devagar
e apaga-me a luz
que a luz destoutra ribalta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta
às vezes não me seduz
às vezes não me faz falta




A Calçada da Glória, em Lisboa



A Calçada da Gloria em Lisboa e os dois elevadores, um para cima e outro para baixo. Alguém quer tentar subir a correr? A descer é fácil, claro...




Para que serve (Sérgio Godinho)


Um dos poemas que Sérgio Godinho leu ontem no MEIAC, e que lerá hoje para os alunos do Bachillerato das escolas secundárias que assistem à Aula de Poesía Enrique Díez-Canedo. Como já disse, será apresentado por dois alunos de português da nossa Escola, o Íker e o Aitor.

No poema Godinho dá-nos a sua resposta a uma pergunta que muitos já se fizeram. Para que serve a poesia?


Para que serve

Para que serve a poesia, minha amiga? serve de morada
é lá que recebemos os avisos e as convocatórias
e descemos as escadas
de chave farejada na mão.
Chova e não chova
para abrir uma caixa
são precisos cinco passos sem história.

Haja o extracto de conta
publicidade
e mesmo uma conta, a sério.
Mas por surpresa
Ou (honra lhe seja feita)
distracção da expectativa
aí há-de jazer
surpresa
o envelope mistério.

Aquele que por mais vezes que o abramos
não desvenda nunca
quase tudo do amor.
Com outra chave farejada o abrimos.

Chova ou não chova
as mãos enchem-se de gotas
(esperando, sim, não saber, por hoje,
o que de lá se declara dos ocultos,
para que serve a poesia)



terça-feira, 21 de fevereiro de 2017

Godinho lê para alunos amanhã, dia 22



Infelizmente, por um erro de comunicação, soubemos ontem à noite que a apresentação do poeta Sérgio Godinho preparada pelos nossos alunos não é hoje às 12:30, como é habitual fazer no mesmo dia em que o poeta lê os seus versos à tarde no MEIAC.

Sérgio Godinho lerá os seus versos para os alunos das diferentes escolas que assistem à Aula de Poesía Díez-Canedo, amanhã, quarta-feira, na Residência Hernán Cortês, como é habitual.

A seguir, publico a informação do blogue Lusofolia, que diz respeito à leitura de hoje às 20 h. no MEIAC.

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Sérgio Godinho, compositor, intérprete, ator, dramaturgo e escritor, com mais de quarenta anos de carreira e um referente do panorama cultural português, estará no próximo dia 21 de fevereiro, na cidade de Badajoz, para apresentar a sua obra poética na “Aula de Poesía Díez-Canedo”, reconhecida instituição na divulgação e promoção da atividade poética a nível peninsular.

A iniciativa, organizada pela “Asociación de Escritores de Extremadura” (AEEX), apoiada pelo “Gabinete de Iniciativas Transfronterizas” e pela “Diputación de Badajoz”, será a primeira duma digressão literária que levará Sérgio Godinho às cidades de Plasencia e de Cáceres.

O autor fará a leitura pública, às 20:00, na sala de atos do Museu de Arte Contemporânea de Badajoz (MEIAC), tal como se distribuirá o “Caderno de Poesia”, nº 150, com uma antologia bilingue da obra poética de Sérgio Godinho.

O evento, aberto ao público, contará com a presença dos diretores da “Aula de Poesía Díez-Canedo”, José Manuel Sánchez Paulete e Enrique García Fuentes, o escritor e presidente da AEEX, Juan Ramón Santos e será apresentado pelo professor e tradutor Luis Leal.



Sérgio Godinho lê seus versos em Badajoz



Os alunos de Português do 1º ano de bachillerato da nossa escola vão apresentar hoje na Aula de Poesía Enrique Díez-Canedo, em Badajoz, o poeta e cantor português Sérgio Godinho.

Godinho lerá versos do seu livro O sangue por um fio. Nesta semana público um poema dele. Hoje repito uma canção das minhas preferidas. Quantas vezes terei ouvido esta Com um brilhozinho nos olhos? Não sabería dizer! Letra, música e voz do portuense Sérgio Godinho.

E não há poesia nestas palavras? Digam-me lá!


COM UM BRILHOZINHO NOS OLHOS

Com um brilhozinho nos olhos
e a saia rodada
escancaraste a porta do bar
trazias o cabelo aos ombros
passeando de cá para lá
como as ondas do mar.
Conheço tão bem esses olhos
e nunca me enganam,
o que é que aconteceu, diz lá
é que hoje fiz um amigo
e coisa mais preciosa
no mundo não há.

Com um brilhozinho nos olhos
metemos o carro
muito à frente, muito à frente dos bois
ou seja, fizemos promessas
trocámos retratos
trocámos projectos os dois
trocámos de roupa, trocamos de corpo,
trocámos de beijos, tão bom, é tão bom
e com um brilhozinho nos olhos
trocámos guitarra
p'lo menos a julgar pelo som

E que é que foi que ele disse?
E que é que foi que ele disse?
Hoje soube-me a pouco. [x4]
passa aí mais um bocadinho
que estou quase a ficar louco
Hoje soube-me a tanto [x4]
portanto,
Hoje soube-me a pouco

Com um brilhozinho nos olhos
corremos os estores
pusemos a rádio no "on"
acendemos a já costumeira
velinha de igreja
pusemos no "off" o telefone
e olha, não dá p'ra contar
mas sei que tu sabes
daquilo que sabes que eu sei
e com um brilhozinho nos olhos
ficamos parados
depois do que não te contei

Com um brilhozinho nos olhos
dissemos, sei lá
o que nos passou pela tola [o que nos passou pelo goto]
do estilo és o "number one"
dou-te vinte valores
és um treze no totobola [és o seis do meu totoloto]
e às duas por três
bebemos um copo
fizemos o quatro e pintámos o sete
e com um brilhozinho nos olhos
ficámos imóveis
a dar uma de "tête a tête"

E que é que foi que ele disse?
...

E com um brilhozinho nos olhos
tentamos saber
para lá do que muito se amou
quem éramos nós
quem queríamos ser
e quais as esperanças
que a vida roubou
e olhei-o de longe
e mirei-o de perto
que quem não vê caras
não vê corações
com um brilhozinho nos olhos
guardei um amigo
que é coisa que vale milhões.

E que é que foi que ele disse?
...



segunda-feira, 20 de fevereiro de 2017

30º aniversário da morte de José Afonso no dia 23 de fevereiro

José Afonso fotografado por Rui Ochôa


Informação publicada no semanário Expresso no passado dia 18 de janeiro. No próximo dia 23, cumprem-se 30 anos da morte do grande cantor José Afonso, Zeca Afonso como era conhecido carinhosamente.


“Insisto não ser tristeza” é lema de comemorações dos 30 anos da morte de Zeca Afonso 

Lisboa, Setúbal, Braga, Faro, Santiago do Cacém, Santo André, Aveiro, Seixal, Almada, Évora, Santarém, Agualva-Cacém, Abrantes e Bruxelas são os locais onde irão decorrer as iniciativas. Para já, não está programado nenhum grande espetáculo em Lisboa

Concertos, exposições e outras criações sob o lema "Insisto não ser tristeza" assinalam, um pouco por todo o país, as comemorações dos 30 anos da Associação José Afonso e do cantautor que lhe deu nome, foi esta quarta-feira anunciado.

"Insisto não ser tristeza" - um verso de José Afonso - é o mote das comemorações, disse Francisco Fanhais, presidente da associação, acrescentando que estas visam igualmente "não fazer perder a memória do Zeca no coração das pessoas".

"A ideia é celebrar os 30 anos da associação e evocarmos o legado que o Zeca nos deixou, que não está morto, mas que devemos perpetuar para as gerações que nos seguirem, porque se não o fizermos não cumpriremos a nossa função", sublinhou Francisco Fanhais.

Lisboa, Setúbal, Braga, Faro, Santiago do Cacém, Santo André, Aveiro, Seixal, Almada, Évora, Santarém, Agualva-Cacém, Abrantes e Bruxelas são os locais onde irão decorrer as iniciativas, entre as quais está previsto um concerto com o cantor Patxi Andión, em junho, em Évora.

Um concerto intitulado "30 anos", com Francisco Fanhais e Pedro Fragoso, a 04 de fevereiro, na Casa da Cultura de Setúbal, é o primeiro de vários que reunirá, entre outros, Fanhais, um dos companheiros de sempre de Zeca, e Rui Pato, que aos 16 anos começou a acompanhar Zeca Afonso em Coimbra.

(...)

(Artigo completo)

* * * * * * * * * * *

Este é o poema de José Afonso de onde foi tirado o verso:


Insisto não ser tristeza
Soluçar sobre uma mesa

E mais não ser deste mundo
Meter navios no fundo

Num caminho de esqueletos
Sempre se plantam gravetos

E se a velhice for tua
Senta-a no meio da rua



Embora seja publicada música de José Afonso na próxima sexta-feira, hoje vamos ter música dele também:


VEJAM BEM

Vejam bem
que não há só gaivotas em terra
quando um homem se põe a pensar
quando um homem se põe a pensar

Quem lá vem
dorme à noite ao relento na areia
dorme à noite ao relento no mar
dorme à noite ao relento no mar

E se houver
uma praça de gente madura
e uma estátua
e uma estátua de febre a arder

Anda alguém
pela noite de breu à procura
e não há quem lhe queira valer
e não há quem lhe queira valer

Vejam bem
daquele homem a fraca figura
desbravando os caminhos do pão
desbravando os caminhos do pão

E se houver
uma praça de gente madura
ninguém vai
ninguém vai levantá-lo do chão






sexta-feira, 17 de fevereiro de 2017

A Beatriz e os matraquilhos


A Beatriz, aluna da turma de 3º D, gostou da palavra matraquilhos. Na Sala de jogos da Pousada de Juventude de Penhas da Saúde, onde nos alojámos na passada segunda-feira havia uns matraquilhos e muitos alunos jogaram. A Beatriz esquecia-se da palavra, e perguntou várias vezes ao professor. Mas afinal aprendeu.

Eu falei-lhe desta canção, "Ninguém nos ganha aos matraquilhos", que serve de título a um álbum do cantor Vitorino, mas não é possível ouvi-la na net. Fica aqui a capa e a bonita fotografia já publicada no blogue há tempos.

(Se ela quiser ouvir outra do álbum, "Quero ir à bola", pode clicar no título...)


Esta fotografia foi tirada na aldeia de Juncais, em Portugal.
(Fotografia de Yaro Kono)




Uma sugestão para o Carnaval




Alguém quer uma ideia, uma sugestão de uma maquilhagem para o próximo Carnaval? O que acham desta? É uma fotografía de Yelena Yemchu.






quinta-feira, 16 de fevereiro de 2017

"Quando era pequeno as férias eram grandes" (Anastácio Neto)



Quando era pequeno as férias eram grandes. Duravam meses. Não cabiam na mochila da escola. Agora são minúsculas. Duas ou três semanas riscadas no calendário de mesa do escritório. Agora são do tamanho de um voucher que se esconde no bolso de trás das calças.

Quando era pequeno as férias eram grandes. Íamos (eu e o meu irmão) para a aldeia natal do meu pai, perto de Vinhais, em Trás-os-Montes. A casa da minha avó era feita de pedra com sorrisos lá dentro. Primos e tias recebiam-nos de braços abertos e mãos enrugadas. O cheiro da lareira e do fumeiro perfumava a casa. Jogávamos à sueca na varanda. Rezava para que não me saísse a manilha seca. A madeira rangia sob os nossos pés. Corríamos dentro de casa, era permitido. Ouvi pela primeira vez Pink Floyd num cartucho que se encaixava na aparelhagem da sala. No telhado desse móvel encontrei um charuto dentro de uma caixa. Fumei às escondidas. Dei o meu primeiro beijo na margem do rio.

Quando era pequeno as férias eram grandes. Feitas de aventuras. Os caminhos da aldeia cheiravam à passagem de cavalos e ovelhas. Os idosos cansados, sorriam como crianças. As árvores indicavam o caminho para os terrenos de cultivo, nos quais os meus primos ensinavam o nome das coisas. Chamavam fragas às rochas. Todos os anos conhecíamos um primo novo, uma namorada diferente e um canto oculto da aldeia que parecia imensa. Bebíamos tango (7 Up com groselha). Dançávamos música pimba que na altura não se chamava pimba. Como um gelado, levávamos connosco um pouco da felicidade dos outros que se derretia pelo caminho.

Quando era pequeno as férias eram grandes. Agora são cada vez mais pequenas. A casa da avó foi restaurada. Está moderna. A madeira foi substituída por mosaico. O meu pai e a minha avó reencontraram-se noutra casa e estão felizes. Agora somos diferentes, nós os que cá ficámos. Estamos mais velhos. Menos velozes. Contentamos-nos com dias em Agosto sem vento, pequeno-almoço com fruta e dois mergulhos no mar à tarde. As aventuras cedem lugar ao merecido descanso. Optamos pelo previsível, evitamos surpresas. Somos felizes de outra forma. Depois dos quarenta também temos férias grandes mas, são mais pequenas. Feitas com pedaços de memórias colados com amor de quem, neste agora, sempre esteve connosco e nos torna em seres um pouco mais felizes.

Anastácio Neto


quarta-feira, 15 de fevereiro de 2017

Obcecada por umas sapatilhas



São as palavras que esta jovem diz de si própria: "Obcecada pelas queridas..." e aí uma marca. Mas aqui não fazemos publicidade nenhuma.

Qual seria a palavra da nossa língua para obcecada? Digam lá!





terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Presságio (Fernando Pessoa)



Um poema do poeta português Fernando Pessoa dito por uma jovem brasileira para o Dia dos Namorados.


PRESSÁGIO

O amor, quando se revela,
Não se sabe revelar.
Sabe bem olhar p'ra ela,
Mas não lhe sabe falar.

Quem quer dizer o que sente
Não sabe o que há de dizer.
Fala: parece que mente...
Cala: parece esquecer...

Ah, mas se ela adivinhasse,
Se pudesse ouvir o olhar,
E se um olhar lhe bastasse
P'ra saber que a estão a amar!

Mas quem sente muito, cala;
Quem quer dizer quanto sente
Fica sem alma nem fala,
Fica só, inteiramente!

Mas se isto puder contar-lhe
O que não lhe ouso contar,
Já não terei que falar-lhe
Porque lhe estou a falar...

Fernando Pessoa

24/04/1928




segunda-feira, 13 de fevereiro de 2017

Antes (Alda Rezende)



Um canção e um poema para São Valentim. Comecemos hoje pela primeira. Reparem na maravilha desses versos da letra de Antes, que nos canta a brasileira Alda Rezende: "Antes que o olho soletre / as palavras / que a boca não diz". É pura delícia das palavras, acho eu. A poesia diz coisas que não podem ser ditas de outra maneira.

E amanhã um poema de Fernando Pessoa.


ANTES

Antes que eu fique mudo
Antes que eu tente de novo
Antes do próximo eclipse
Antes que a grama cresça
Antes que a água da chuva
Toque o solo
Antes do próximo intervalo comercial
Antes do jornal
Entre o toque da chave na ignição
E o motor entrando em combustão
Antes que o olho
Soletre as palavras
Que a boca não diz
No silêncio entre a vogal
E a consoAntes
Que o ar que eu respiro
Entre no nariz
Antes que a trava vire treva
Antes que não haja futuro
Antes que não seja passado
Antes que eu pare no meio
Antes do final do recreio
Interrompo o tempo e te digo
Te amo e quero que fique comigo


Alda Rezende



Alunos do 3º ano viajam à Serra da Estrela



No dia de hoje, às 7:45 horas da manhã, um grupo de 43 alunos de português do 3º ano da ESO da nossa escola, acompanhados pelos professores Pedro, Ara e Daniel, parte para a Serra da Estrela. Ficaremos alojados na Pousada da Juventude Penhas da Saúde, perto da Covilhã. Infelizmente, afinal houve duas baixas: uma por causa de uma pequena operação e outra "por causa de amizade", digamos assim desta maneira, porque é verdade. É pena.

Apreciem em baixo onde fica a Covilhã e a localidade de Penhas da Saúde, bem mais acima. Este ano o tempo está bem diferente do ano passado. Em 2016 havia sol e bom tempo. Até vimos alunos de manga curta à chegada. Desta vez parece que vamos pisar neve e passar frio, mas é natural, não faz mal nenhum. É suposto todos os alunos vestirem bons agasalhos e usarem bom calçado para essas condições e altura. E parece que este fim de semana choveu muito...

Recordamos que a localidade de Penhas da Saúde fica a uns 1 500 m de altitude na montanha (comparem com os 184 m de Badajoz!) e que a caminhada que todos vão fazer começa um bocado mais acima, não me lembro bem se mais 100 ou cento e tal metros...

Amanhã, visita de manhã à Covilhã, almoço e regresso para Badajoz.


Imagens aéreas da Serra da estrela (data não indicada)


quarta-feira, 8 de fevereiro de 2017

terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Eu / Ele trouxe - disse - quis - soube



Pretérito Perfeito Simples irregular do verbo trazer: reparem que a primeira e a terceira pessoa do singular deste tempo são exatamente iguais, como acontece com outros verbos irregulares: dizer (Eu disse - Ele, ela disse), querer (eu quis - Ele, ela quis), saber (Eu soube - Ele, ela soube). Isso torna mais fácil aprender o Perfeito Simples destes verbos ao mesmo tempo.

Para as outras pessoas, é só pegar nas terminações do Perfeito Simples regular da segunda conjugação: tu -este, nós -emos, vocês -eram, eles, elas -eram.


Eu trouxe

Tu trouxeste

Ele, ela trouxe

Nós trouxemos

Vocês trouxeram

Eles, elas trouxeram



É claro que...

você / o senhor / a senhora trouxe

os senhores / as senhoras trouxeram






segunda-feira, 6 de fevereiro de 2017

Mais Perfeitos Compostos



Mais alguns exemplos de Pretérito Perfeito Composto. Como já temos visto nestes dias, este tempo indica uma ação que começa no passado, mas que continua até ao presente e que ainda não terminou; ou indica também uma ação repetida.













sexta-feira, 3 de fevereiro de 2017

Um Perfeito Composto para os alunos do 4º ano




Em Portugal seria, já sabem, "penso tanto em ti".





quarta-feira, 1 de fevereiro de 2017

João Guimarães Rosa - "o mais importante e bonito, do mundo, é..."




“… o mais importante e bonito, do mundo, é isto: que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas — mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.

João Guimarães Rosa no seu grande romance Grande Sertão: Veredas.