Antes de começar a ler esta história, de que há diferentes versões, devem saber que a camisa de que aqui se fala era diferente da usada hoje em dia. Era uma peça de roupa interior.
A camisa do homem feliz
Certo rei, embora rico e poderoso, sentia-se muito infeliz. Como os melhores médicos do tempo não descobriram a razão, mandou chamar à sua presença o feiticeiro da corte e perguntou-lhe qual a maneira de pôr fim à sua desdita.
E como a situação era assaz complexa, o feiticeiro reuniu-se com colegas do mesmo ofício e fizeram
sacrifícios aos deuses bárbaros, em que acreditavam. Depois de muito meditarem, disseram ao Monarca:
― Senhor, se quereis ser feliz, deixai o reino e ide por esse Mundo, em busca de um homem verdadeiramente feliz que aceite ceder-vos a própria camisa. Só, então, Vossa Majestade deixará de se sentir infeliz.
E o rei partiu. Correu as sete partidas do Mundo, entrou em palácios reais e em choupanas humildes. Por toda a parte, ouvia queixumes, via correr lágrimas e sentia a presença inexorável da desgraça.
Regressava já, mais triste e desanimado, quando, num campo vizinho das fronteiras do seu reino, ouviu uma voz cantando alegremente.
Correu entusiasmado e deparou-se-lhe um pobre camponês que ceifava o centeio que havia de ser o pão da sua casa.
― Estás contente, bom homem?
― Pois não hei-de estar, Senhor, se tenho bons braços para trabalhar a terra que me sustenta e aos meus?!
― És, então, completamente feliz?
― Completamente feliz, meu Senhor.
― Pois poderás conhecer ainda maior felicidade, se me deres a tua camisa em troca de dinheiro e de muitas terras maiores e mais férteis do que esta, que te dá pouco centeio.
O campónio deitou para trás o barrete que trazia na cabeça, limpou o suor que lhe encharcava a testa e, após longa gargalhada, respondeu:
― É impossível o que me pedes, Senhor. Eu nunca tive camisa.
A camisa do homem feliz
Certo rei, embora rico e poderoso, sentia-se muito infeliz. Como os melhores médicos do tempo não descobriram a razão, mandou chamar à sua presença o feiticeiro da corte e perguntou-lhe qual a maneira de pôr fim à sua desdita.
E como a situação era assaz complexa, o feiticeiro reuniu-se com colegas do mesmo ofício e fizeram
sacrifícios aos deuses bárbaros, em que acreditavam. Depois de muito meditarem, disseram ao Monarca:
― Senhor, se quereis ser feliz, deixai o reino e ide por esse Mundo, em busca de um homem verdadeiramente feliz que aceite ceder-vos a própria camisa. Só, então, Vossa Majestade deixará de se sentir infeliz.
E o rei partiu. Correu as sete partidas do Mundo, entrou em palácios reais e em choupanas humildes. Por toda a parte, ouvia queixumes, via correr lágrimas e sentia a presença inexorável da desgraça.
Regressava já, mais triste e desanimado, quando, num campo vizinho das fronteiras do seu reino, ouviu uma voz cantando alegremente.
Correu entusiasmado e deparou-se-lhe um pobre camponês que ceifava o centeio que havia de ser o pão da sua casa.
― Estás contente, bom homem?
― Pois não hei-de estar, Senhor, se tenho bons braços para trabalhar a terra que me sustenta e aos meus?!
― És, então, completamente feliz?
― Completamente feliz, meu Senhor.
― Pois poderás conhecer ainda maior felicidade, se me deres a tua camisa em troca de dinheiro e de muitas terras maiores e mais férteis do que esta, que te dá pouco centeio.
O campónio deitou para trás o barrete que trazia na cabeça, limpou o suor que lhe encharcava a testa e, após longa gargalhada, respondeu:
― É impossível o que me pedes, Senhor. Eu nunca tive camisa.
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