segunda-feira, 29 de janeiro de 2018

Atração fatal (Ná Ozzetti)

Fotografia de Ted Somerville


Reparem nesta canção da brasileira Ná Ozzetti. Há montes de Perfeitos Simples, todos da terceira pessoa do singular, e quase todos de verbos regulares da primeira conjugação, já sabem (-ou).


ATRAÇÃO FATAL

Veio só
aportou foi demais
arrasou
um redemoinho de emoção

Balançou
provocou
a melhor
sensação
pois pegou em cheio o coração

Não foi no pé
não foi na mão
nem muito menos na cabeça
foi direto ao coração

Passou ligeiro pela boca
se embrenhou pela garganta
e foi direto ao coração

O nariz
desprezou
o olhar
nem olhou
pra chegar depressa ao coração

Não quis boquinha bonitinha
nem corpinho gostozinho
foi direto ao coração

E ali ficou
ponto final
se acomodou
achou legal

Pegou o pulso
fundamental
reproduziu
batendo igual

Entrou no tempo
uma atração
fatal

Batendo junto
batendo igual
no mesmo pulso
amor total

Com devoção
De coração

Veio só
aportou
se alojou
aportou
se alojou

aportou
se alojou








Como? 62 graus negativos???


Esta notícia é de 17 deste mês. Alguém viu na televisão? Imaginam como será duro viver nessa aldeia?

Na aldeia mais fria do mundo os termómetros marcam -62ºC. Até as pestanas congelam 
17/1/2018, 18:341.660

Na aldeia siberiana de Oymyakon, conhecida por ser o local habitado mais frio do mundo, as temperaturas desceram tanto que até o termómetro da aldeia, uma das principais atrações turísticas, avariou .

A aldeia de Oymyakon, na Sibéria, é conhecida por ser a aldeia mais fria do mundo — tão fria que instalaram um termómetro como atração turística. Esta semana, a aldeia quase atingiu recordes de temperaturas negativas, e o termómetro, que foi montado por causa do frio, sucumbiu perante o mesmo, avariando pouco depois de marcar -62ºC.

Sim, -62 graus celsius é mesmo muito frio. Mas, de acordo com o The Siberian Times, houve locais que registaram -67ºC nos seus termómetros, bem perto do recorde de -67,7ºC registados em fevereiro de 1933, a temperatura mais baixa alguma vez registada fora da Antártida e que torna a aldeia de Oymyakon o local habitado mais frio do mundo.

(Observador)







Oymyakon (em russo: Оймяко́н) é uma localidade do Leste da Sibéria (Rússia), junto ao Rio Indigirka, na República de Sakha, e tem cerca de 500 habitantes. É conhecida por ter o recorde de temperatura mais baixa numa localidade permanentemente habitada.

(Wikipédia)



quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

Deus e o Mundo (Beto)




Beto é brasileiro.




Derivas VIII (Sophia de Mello Breyner Andresen)



Derivas VIII

Vi as águas vi os cabos vi as ilhas
E o longo baloiçar dos coqueirais
Vi lagunas azuis como safiras
Rápidas aves furtivos animais
Vi prodígios espantos maravilhas
Vi homens nus bailando nos areais
E ouvi o fundo som de suas falas
Que já nenhum de nós entendeu mais
Vi ferros e vi setas e vi lanças
Oiro também à flor das ondas finas
E o diverso fulgor de outros metais
Vi pérolas e vi conchas e corais
Desertos fontes trémulas campinas
Vi o rosto de Eurydice nas neblinas
Vi o frescor das coisas naturais
Só do Preste João não vi sinais

As ordens que levava não cumpri
E assim contando tudo quanto vi
Não sei se tudo errei ou descobri


Sophia de Mello Breyner Andresen



* * * * * * * * * *

O Preste João foi um lendário soberano cristão do Oriente que detinha funções de patriarca e rei, correspondendo, na verdade, ao Imperador da Etiópia. "Preste" é uma corruptela do francês Prêtre, ou seja, padre. Diz-se que era um homem virtuoso e um governante generoso. O reino de Preste João foi objecto de uma busca que instigou a imaginação de gerações de aventureiros, mas que sempre permaneceu fora de seu alcance. 

Continuar a ler na Wikipédia






segunda-feira, 22 de janeiro de 2018

Português pode ter surfado a maior onda de sempre na Nazaré



"Nesta quinta-feira, 18 de janeiro, foi um dia memorável na Nazaré. Embora ainda não haja dados oficiais, é possível que Hugo Vau tenha surfado uma onda de, imagine-se, 35 metros, na Praia do Norte.

A revelação foi feita por Jorge Leal (membro da equipa do surfista português) através da página de Instagram. “Hoje vi provavelmente a maior onda surfada na Nazaré por @hugovau no maior swell de sempre!”, escreveu na descrição do vídeo.

Em entrevista à SIC, Hugo Vau disse que a equipa esteve sozinha “cerca de três horas na praia do Norte devido às condições adversas” e que houve cerca de cinco ou seis ondas em que tentou entrar, mas não conseguiu devido ao vento.

Acabou por surfar aquela que é considerada há sete anos como a “Big Mama”. “É muito grande, muitos surfistas que têm muitos anos de praia do Norte já me disseram que foi a maior onda que alguma vez viram surfar na Praia do Norte”, continuou.

Agora, cabe ao “XXL Biggest Wave Awards”, uma espécie de Óscar das ondas gigantes, confirmar este tamanho. Recorde-se que o recorde mundial pertence a Garrett McNamara que, em 2011 e naquela mesma praia, surfou uma onda de 23,8 metros."

(Fonte: NiI.pt)




Fotografia de Patrick Steudtner


O que é um trilho?



Na unidade que acabámos de começar, apareceu a palavra trilho. O que é, no contexto da natureza, um trilho?

"Caminho estreito; senda, passagem, trilha, vereda"


Reparem no começo desta notícia de fevereiro de 2014 (Porto24):

Desempregados de Valongo desenvolvem site de trilhos de montanha

O novo website do evento desportivo Trilhos do Paleozóico, desenvolvido por um grupo de 40 desempregados de Valongo, foi colocado quarta-feira online.

A utilização de tecnologia tridimensional e a apresentação da mascote são as principais inovações desta página de Internet, criada para divulgar não só as corridas de montanha, mas também as potencialidades turísticas do concelho de Valongo.

Este projecto resulta de uma parceria entre a Câmara de Valongo, o Centro de Emprego de Formação Profissional do Porto e do Centro de Emprego de Valongo, tendo sido desenvolvido por 40 desempregados e alunos de um curso de formação em multimédia.


(...)

A segunda edição do evento de trail running Trilhos do Paleozoico realiza-se a 15 e 16 de Março. Foto:Arq/SXC


quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

quarta-feira, 17 de janeiro de 2018

Pilares



Isto vem do Brasil, mas é mais ou menos assim em muitos, muitos países, sabem?

E falta a Saúde Pública!





Um desenho de Juliana Vido




Gostam destes brincos?





Acento agudo e acento grave



O acento agudo ( ´ ) é usado na maioria dos idiomas para assinalar geralmente uma vogal aberta ou longa. Em português, aparece em todas as vogais tônicas na última sílaba ou na antepenúltima sílaba. Aparece também nos grupos "em" e "ens" (como em armazém, além, etc.) e para separar as letras i e u dentro de um hiato (como em alaúde).


O acento grave (`) (...) em português serve para marcar a crase, quer dizer, a fusão de dois fonemas vocálicos idênticos e seguidos em um só. Por exemplo: Vou a (preposição) + a (artigo) piscina = Vou à piscina



(Wikipédia, adaptado)


terça-feira, 16 de janeiro de 2018

Sismo em Arraiolos é sentido na província de Badajoz



Sismo em Arraiolos sentido de norte a sul do país

Sismo provocou fissuras na escola de Cunha Rivara, em Arraiolos. Protecção Civil diz que não há ameaça à segurança.

Liliana Borges, Lisa Freitas e Sofia Robert
15 de Janeiro de 2018, 11:59 actualizado a 15 de Janeiro de 2018, 16:21


Um sismo de magnitude 4,9 na escala de Richter foi sentido em diversas zonas do país, nesta segunda-feira, pelas 11h51, de acordo com o Instituto Português do Mar e da Atmosfera (IPMA). O epicentro foi registado a cerca de seis quilómetros de Arraiolos, no distrito de Évora. De acordo com Fernando Carrilho, director da Divisão Geofísica do IPMA, foram registadas réplicas de menor intensidade.

Manuel Cordeiro, adjunto de operações da Protecção Civil, diz que o sismo provocou fissuras no edifício da Escola Básica e Secundária de Cunha Rivara, em Arraiolos. Adianta a mesma fonte em declarações ao PÚBLICO que os serviços municipais já se deslocaram à escola, evacuada por precaução, e concluíram que a estrutura “não representa perigo”. O abalo foi muito sentido na região, o que levou várias pessoas para a rua “com medo”.

O sismo de magnitude de 4,9 na escala de Richter foi sentido com uma intensidade IV (escala de Mercalli modificada) na região de Elvas. Este nível de intensidade (considerado moderado) corresponde a um sismo durante o qual “os objectos suspensos baloiçam” e “a vibração é semelhante à provocada pela passagem de veículos pesados ou à sensação de pancada de uma bola pesada nas paredes”. “Carros estacionados balançam. Janelas, portas e loiças tremem. Os vidros e loiças chocam ou tilintam. Na parte superior deste grau as paredes e as estruturas de madeira rangem”, especifica o site do IPMA na descrição desta escala de Mercalli modificada, que vai de I (imperceptível) a XII (danos quase totais).


(...)


Notícia completa no Público






Terramoto causou “preocupação e nervosismo” em Badajoz

Os bombeiros e a polícia deram conta de um maior número de chamadas telefónicas do que o habitual, mas não registaram danos.

Carlos Dias
15 de Janeiro de 2018, 15:33

O sismo com epicentro a seis quilómetros a norte de Arraiolos, distrito de Évora, atravessou a fronteira e foi sentido “com preocupação e nervosismo” em Badajoz, Mérida e Cáceres, na região espanhola da Extremadura.

A Agência EFE refere que em diferentes serviços públicos de Badajoz, os funcionários “abandonaram o local de trabalho e saíram para a rua”. O abalo, cujo epicentro se situou a 11,8 quilómetros de profundidade, também foi sentido na sede dos bombeiros de Badajoz, que receberam um número inusitado de chamadas telefónicas a comunicarem o impacto do tremor de terra no interior das residências da capital da Extremadura.

O Centro de Urgência e Emergência do 112 de Badajoz adiantou que o tremor de terra foi sentido em toda a comunidade de Badajoz mas não foram registados quaisquer danos materiais ou pessoais – apenas o susto –, frisando que recebeu 80 chamadas telefónicas.

(...)

A notícia completa no Público


La Crónica de Badajoz





segunda-feira, 15 de janeiro de 2018

Um bom casaco para o frio



Para combater o frio, um bom casaco  e com essa cor tão cálida...

casaco. "Peça de roupa, geralmente de mangas compridas, que se fecha à frente com botões, fecho de correr, etc., e que cobre o tronco, vestindo-se sobre outras peças de roupa."


(Ilustração de Erik Madigan Heck)



Alguns números e poupança de água

 Uma torneira a pingar


Um torneira gotejando gasta até 46 litros por dia, ou seja, 1.380 litros por mês. Um fio de água com cerca de 2 milímetros totaliza 4.140 litros num mês. Um fio de 4 milímetros gasta 13.260 litros por mês. Assim, verifique se as torneiras de sua casa estão a fechar bem para evitar o desperdício.

Ao escovar os dentes com a torneira aberta durante 5 minutos, você gasta 80 litros. Mas mantendo a torneira fechada, a economia é de 79 litros.

Ao lavar a louça com a torneira aberta durante 15 minutos, consumimos 243 litros de água. Se a torneira for fechada durante o ensaboamento, gastaremos apenas 46.

sexta-feira, 12 de janeiro de 2018

Pão e poesia (Simone)


A cantora brasileira Simone canta esta alegre canção para começarmos otimamente o ano 2018


PÃO E POESIA

Felicidade
É uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar

Se a vida fosse trabalhar
Nessa oficina
Fazer menino ou menina
Edifício e maracá
Virtude e vício
Liberdade e precipício
Fazer pão, fazer comício
Fazer gol e namorar

Se a vida fosse o meu desejo
Dar um beijo em teu sorriso
Sem cansaço
E o portão do paraíso
É teu abraço
Quando a fábrica apitar

Felicidade
É uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar

Não há passagem
Entre o pão e a poesia
Entre o quero e o não queria
Entre a terra e o luar
Não é na guerra
Nem a saudade
Nem futuro
É o amor no pé do muro
Sem ninguém policiar

É a faculdade de sonhar
É a poesia que principia
Quando eu paro de pensar
Pensa na luta desigual
Na força bruta, meu amor
Que te maltrata
Entre o almoço e o jantar

Felicidade
É uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar

O lindo espaço
Entre a fruta e o caroço
Quando explode é um alvoroço
Que distrai o teu olhar
É a natureza onde eu pareço
Metade da tua mesma vontade
Escondida em outro olhar
E como doce
Não esquece a tamarinda
Essa beleza só finda
Quando a outra começar
Vai ser bem feito
Nosso amor daquele jeito
Nesse dia é feriado
Não precisa trabalhar

Pra não dizer
Que eu não falei da fantasia
Que acaricia o pensamento popular
O amor que fica entre a fala
E a tua boca
Nem a palavra mais louca
Consegue significar felicidade

Felicidade
É uma cidade pequenina
É uma casinha, é uma colina
Qualquer lugar que se ilumina
Quando a gente quer amar






A espada de Dâmocles




A espada de Dâmocles é um símbolo do perigo iminente (reparem que, em português, é Dâmocles, palavra esdrúxula; embora por vezes também se diga Damocles, palavra grave, como na nossa língua). De certeza que já ouviram esta expressão mais de uma vez. Mas qual é a origem dela?


Era uma vez, um rei chamado Dionísio, monarca de Siracusa, a cidade mais rica da Sicília. Vivia num palácio cheio de coisas bonitas, e atendido por muitos criados.

Por ser rico e poderoso, muitos siracusanos invejavam-lhe a sorte. Dâmocles estava entre eles. Era dos melhores amigos de Dionísio e dizia-lhe frequentemente que ele devia ser o homem mais feliz do mundo porque tinha tudo o que se podia desejar.

Dionísio foi ficando cansado de ouvir esse tipo de conversa e perguntou ao amigo se queria trocar de lugar com ele. Dâmocles aceitou desfrutar das riquezas e prazeres de Dionísio por um dia apenas porque seria para ele a felicidade maior.

No dia seguinte, Dâmocles foi levado ao palácio e todos os criados reais lhe puseram na cabeça as coroas de ouro. Ele sentou-se à mesa na sala de banquetes e foi-lhe servida uma óptima refeição. Nada lhe faltou e sentiu-se o homem mais feliz do mundo.

Mas de repente Dâmocles deixou de sorrir e empalideceu. Suas mãos estremeceram. Esqueceu-se da comida, do vinho, da música. Só quis fugir dali, para bem longe do palácio, pois viu que pendia bem acima de sua cabeça uma espada, presa ao tecto por um único fio de crina de cavalo. A lâmina brilhava, apontando diretamente para seus olhos. Ele foi levantando-se, pronto para sair correndo, mas deteve-se temendo que um movimento brusco pudesse fazer cair a espada em cima dele. Ficou paralisado.

-O que foi, meu amigo? - perguntou Dionísio - Parece que perdeste o apetite.

-Essa espada! Essa espada! - disse o outro, num sussurro - Não estás a ver?

-É claro que estou. Vejo-a todos os dias. Está sempre pendendo sobre minha cabeça e há sempre a possibilidade de alguém ou alguma coisa partir o fio. Um dos meus conselheiros pode ficar enciumado do meu poder e tentar matar-me. As pessoas podem espalhar mentiras a meu respeito. Pode ser que um reino vizinho envie um exército para me tirar o trono. Ou então, posso tomar uma decisão errônea que leve à minha derrocada. Quem quer ser líder precisa estar disposto a aceitar esses riscos. Eles vêm junto com o poder, percebes?

-É claro que percebo! - disse Dâmocles - Vejo agora que eu estava enganado e que tu tens muitas coisas em que pensar além da tua riqueza e fama. Por favor, assume o teu lugar e deixa-me voltar para a minha casa.

Até o fim de seus dias, Dâmocles não voltou a querer trocar de lugar com o rei, nem por um momento sequer.

(Adaptado de James Baldwin)


Teatro grego de Siracusa



quinta-feira, 11 de janeiro de 2018

Paulo Ito - "Você é super..."



Desenho de Paula Ito, brasileiro, no muro de uma rua de..., não me lembro agora. Como já sabem, se fosse em Portugal, o que a menina diz ao rapaz seria desta maneira:

Tu és super... superficial!





Mais uma vez: EU FUI!



Pois é! Eu fui, já que foi é terceira pessoa. Mas ainda há quem diga ou escreva a falar de si próprio “Eu foi “... É pena.




quarta-feira, 10 de janeiro de 2018

Primeiro nevão da época na Serra da Estrela (11/12/2017)



Para os alunos do 3º ano: isto foi há um mês... Recordamos que nos dias 21 e 22 do próximo mês, os alunos de 3º viajarão à Serra da Estrela.


Primeiro nevão da época condiciona acesso à Serra da Estrela



segunda-feira, 8 de janeiro de 2018

A Festa dos Reis em Baçal (Bragança)




Decorre no fim-de-semana mais próximo de 5 e 6 de Janeiro. No Sábado reúnem-se os rapazes para realizarem as primeiras rondas, nomeadamente a "ronda das chouriças", e refeições conjuntas. No Domingo, o dia principal da festa, começa com a alvorada ao som da gaita-de-foles. À tarde acontece a crítica social ou "colóquios", o ritual mais simbólico da festa. Estes são declamados, do cimo de uma fonte de pedra, perante todo o povo, por rapazes de cara descoberta.

(Texto e fotografia do Museu da Máscara da Câmara Municipal de Bragança)



Fotografia de mouton_a em Fotolog



Saramago e a viagem


Voltamos das férias de Natal com  um trecho do livro Viagem a Portugal, obra de viagens do escritor José Saramago. Alunos do 4º ano, lembram-se das viagens que contaram? Agora toca a pensar nas viagens que "podiam" fazer no futuro.


«A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.»

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E a seguir, o contexto em que o próprio Saramago se referia a esse trecho:


Quarta-feira, 3 de Junho de 2009

Viagens

Viemos de Lanzarote no último sábado, com escala em Sevilha, e depois por estrada até Lisboa. No domingo, como expliquei, fomos à Azinhaga por causa de estátua que lá foi posta. O plátano em frente da casa é um autêntico esplendor, uma gama de verdes riquíssima que atrai para uma demorada contemplação e me fez pensar: “Não mudes, deixa-te ser como és”. Inútil desejo, virá o Verão com os seus calores, o Outono com o primeiro frio, e as folhas cairão, o esplendor apaga-se, a árvore adormece até que a nova Primavera venha tomar o lugar desta que está terminando.Estes pensamentos sem nenhuma originalidade fizeram-me recordar o último e breve capítulo da Viagem a Portugal que, ouso pensar, alguma originalidade haverá tido. E pensei que não ficaria mal trazê-lo aqui, quando estamos a ponto de partir outra vez, agora para a Corunha. Aí vai, portanto: «A viagem não acaba nunca. Só os viajantes acabam. E mesmo estes podem prolongar-se em memória, em lembrança, em narrativa. Quando o viajante se sentou na areia da praia e disse: “Não há mais que ver”, sabia que não era assim. O fim da viagem é apenas o começo doutra. É preciso ver o que não foi visto, ver outra vez o que se viu já, ver na Primavera o que se vira no Verão, ver de dia o que se viu de noite, com sol onde primeiramente a chuva caía, ver a seara verde, o fruto maduro, a pedra que mudou de lugar, a sombra que aqui não estava. É preciso voltar aos passos que foram dados, para os repetir, e para traçar caminhos novos ao lado deles. É preciso recomeçar a viagem. Sempre. O viajante volta já.» Assim é. Assim seja

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