terça-feira, 12 de fevereiro de 2019

As mãos dadas (Jorge de Sena)

Fotografia de .Panda


AS MÃOS DADAS

Um dia me falaste,
e as árvores morriam galho a galho seco.
Havia flores, recordo.
Havia ruas, ai também recordo.
E escadas
vazias.

Não me falaste, não. Fui eu quem perguntou,
beijando-te tremente, quantos anos tinhas,
e o teu nome.

Não tinhas nome; ou tinhas, mas não teu.
E a tua idade: as tuas mãos nas minhas.

Jorge de Sena


Fidelidade (1958)