O poeta Fernando Pessoa nasceu a 13 de junho de 1888 em Lisboa.
Fernando Pessoa e o soco!, ilustração de Gilmar Fraga para a coluna dominical de David Coimbra no caderno de Esportes. Publicada em 19 de dezembro de 2010 no jornal Zero Hora de Porto Alegre. Digital.
Gilmar Fraga é um velho conhecido dos nossos blogues.
O que é um soco? A Infopédia diz "golpe com a mão fechada, murro.
Há um poema de um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, onde aparecem uns "socos"... o Poema em linha reta. Eis o começo dele:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
Fernando Pessoa e o soco!, ilustração de Gilmar Fraga para a coluna dominical de David Coimbra no caderno de Esportes. Publicada em 19 de dezembro de 2010 no jornal Zero Hora de Porto Alegre. Digital.
Gilmar Fraga é um velho conhecido dos nossos blogues.
O que é um soco? A Infopédia diz "golpe com a mão fechada, murro.
Há um poema de um dos heterónimos de Fernando Pessoa, Álvaro de Campos, onde aparecem uns "socos"... o Poema em linha reta. Eis o começo dele:
Nunca conheci quem tivesse levado porrada.
Todos os meus conhecidos têm sido campeões em tudo.
E eu, tantas vezes reles, tantas vezes porco, tantas vezes vil,
Eu tantas vezes irrespondivelmente parasita,
Indesculpavelmente sujo,
Eu, que tantas vezes não tenho tido paciência para tomar banho,
Eu, que tantas vezes tenho sido ridículo, absurdo,
Que tenho enrolado os pés publicamente nos tapetes das etiquetas,
Que tenho sido grotesco, mesquinho, submisso e arrogante,
Que tenho sofrido enxovalhos e calado,
Que quando não tenho calado, tenho sido mais ridículo ainda;
Eu, que tenho sido cómico às criadas de hotel,
Eu, que tenho sentido o piscar de olhos dos moços de fretes,
Eu, que tenho feito vergonhas financeiras, pedido emprestado sem pagar,
Eu, que, quando a hora do soco surgiu, me tenho agachado,
Para fora da possibilidade do soco;
Eu, que tenho sofrido a angústia das pequenas coisas ridículas,
Eu verifico que não tenho par nisto tudo neste mundo.
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