sexta-feira, 17 de janeiro de 2020

O professor vai embora e despede-se

Fotografia de Koen Jacobs

Uns vão, outros vêm e outros ficam... E hoje é a minha vez de ir embora. Cheguei a esta escola no ano letivo 2010-2011 e a meio deste ano 2019-2020 devo fechar os livros e pôr o ponto final no meu trabalho e neste blogue. Acabou tudo, pronto. Adeus, ou até à vista, sabe-se lá! Espero que tudo vos corra bem no futuro.

E para terminar mesmo, dado eu adorar a música, despeço-me de todos vocês com uma canção do português João Lóio. Uma beleza de letra e de música.

 
ESTA MENINA A DANÇAR

Esta menina a dançar
Tem um jeito a balançar
Que não deixa de sorrir
No chorinho mais rasgado
Seu corpo tão doirado
Faz o rastilho subir
Finjo que não é comigo
Faço de conta não ligo
E ponho os olhos no chão
E ao som do cavaquinho
Faço uma oração baixinho
Para ser meu seu coração

Esta menina é veneno
Ainda faz um novo aceno
Quer matar-me de paixão
Ao compasso do chorinho
A bater o seu pezinho
Encheu-me de solidão
Não deu conta do estrago
Seu corpo desvairado
O meu peito fez ruir
Pois à luz do seu gingado
Fico logo enfeitiçado
E já não posso dormir

Esta moça está doente
Ela dança impunemente
Bate palminhas na mão
Ela brinca com o vento
Seu corpo dá o tempo
O seu riso é uma canção
E até o surdo se dói
Do choro que ela constrói
Tem que olhar para aprender
E no ronco da cuíca
Ouve-se uma inveja aflita
Por ser ela a estremecer

Esta moça está doente
Ela dança impunemente
Bate palminhas na mão
Ela brinca com o vento
Seu corpo dá o tempo
O seu riso é uma canção
E até o surdo se dói
Do choro que ela constrói
Tem que olhar para aprender
E no ronco da cuíca
Ouve-se uma inveja aflita
Por ser ela a estremecer.


Voz, João Lóio. Letra, musica, orquestração e direcção musical de João Lóio.


Fotografia de Fernanda :)



quinta-feira, 16 de janeiro de 2020

"Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo ..." (Sophia de Mello Breyner Andresen)



Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de novembro de 1919 — Lisboa, 2 de Julho de 2004)

Terror de te amar num sítio tão frágil como o mundo
Mal de te amar neste lugar de imperfeição
Onde tudo nos quebra e emudece
Onde tudo nos mente e nos separa.



"Terror de te amar" in «Coral» (1950) Natália Luiza in Gastão Cruz (ed.), Ao Longe os Barcos de Flores (Livro + 2 CDs, Assírio & Alvim, 2004) Audio: Prelúdio coral de J.S. Bach, "Ich ruf zu Dir, Herr Jesu Christ" [Chamo-Te, Senhor Jesus Cristo], BWV 639. Atriz: Telma Santos.




O tempo não para



Porque o tempo, o tempo não para. Fotografia de Gabrielly Caneschi.




quarta-feira, 15 de janeiro de 2020

A versão original de 'Mudemos de assunto' do Sérgio Godinho

Fotografia de Luiz Felipe Sahd

Há quatro anos foi publicada aqui uma versão mais recente desta canção composta por Sérgio Godinho. Cantavam ele e Jorge Palma. Hoje podemos ouvir a primeira versão onde canta apenas Godinho.


MUDEMOS DE ASSUNTO

Andas aí a partir corações
como quem parte um baralho de cartas.
Cartas de amor,
escrevi-te eu tantas;
às tantas, aos poucos
eu fui percebendo,
às tantas eu la fui tacteando,
às cegas eu lá fui conseguindo,
às cegas eu lá fui abrindo os olhos

E nos teus olhos como espelhos partidos
quis inventar uma outra narrativa
até que um ai me chegou aos ouvidos
e era só eu a vogar à deriva,
e um animal sempre foge do fogo
e mal eu gritei: fogo!
mal eu gritei: água!
que morro de sede,
achei-me encostado à parede
gritando: livrai-me da sede!
e o mar inteiro entrou na minha casa.

E nos teus olhos inundados do mar
eu naveguei contra a minha vontade,
mas deixa lá, que este barco a viajar
há-de chegar à gare da sua cidade,
e ao desembarco a terra será mais firme.
Há quem afirme,
há quem assegure,
que é depois da vida
que a gente encontra a paz prometida;
por mim marquei-lhe encontro na vida
marquei-lhe encontro ao fim da tempestade.

Da tempestade, o que se teve em comum
é aquilo que nos separa depois
e os barcos passam a ser um e um
onde uma vez quiseram quase ser dois
e a tempestade deixa o mar encrespado;
por isso cuidado,
mesmo muito cuidado,
que é frágil o pano
que enfuna as velas do desengano,
que nos empurra em novo oceano,
frágil e resistente ao mesmo tempo.

Mas isto é um canto
e não um lamento,
já disse o que sinto,
agora façamos o ponto
e mudemos de assunto
sim?







Mariquinha (Bonga)

Fotografia de José Carlos Costa


Bonga é um cantor e compositor angolano, e nesta canção há referências a uns tempos muito difíceis para Angola: tempos de guerra, dor e morte.


MARIQUINHA

Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola

Vem ver minha terra, minha gente
Acabar com a guerra, sim, de verdade
Ai que canseirra, mas nós somos irmãos

Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola

Paz em Angola, mantida
Com liberdade, pra sermos felizes

Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola

Vem ver minha terra, minha gente
Acabar com a guerra, sim, de verdade
Ai que canseira, mas somos irmãos

Mariquinha, vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola

Paz em Angola, mantida
Com liberdade, pra sermos felizes

Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola

Vem ver minha terra, minha gente
Acabar com a guerra, sim, de verdade
Ai que canseira, mas somos irmãos

Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola

Paz em Angola mantida
Com liberdade, pra sermos felizes

Mariquinha vem comigo pra Angola
Mariquinha vem comigo pra Angola
Ah ah ah vem cá, ah ah ah vem cá
Ah ah ah vem cá, ah ah ah vem cá






Professores (André Carrilho)



Autor: André Carrilho

Podiam traduzir para português estas palavras... Fica bem claro de quem é essa mão que está a apagar a professora, não fica?


Honorable mention at the Porto Cartoon 2014, Free Subject category.

Published in Diário de Notícias, September 15, 2013.

As part of the everlasting rounds of budget cuts and austerity measures, the portuguese government reduces the number of teachers in public schools. Among these government employees, unemployment rises by 26,4% in August 2013. Apparently for this administration the best way to reform public education is just saying "no".



Madassa – o menino que não conseguia aprender a ler

Fotografia de José Carlos Costa

Madassa – o menino que não conseguia aprender a ler

Madassa

Madassa não sabia ler nem escrever.
Madassa tinha a idade que as crianças têm quando sabem ler e escrever.
Mas Madassa não sabia ler nem escrever.

Na cabeça de Madassa não havia lugar para palavras.
Na cabeça de Madassa habitava apenas o medo, escuro e negro, causado pelos barulhos da guerra, e pelos mortos, muitos mortos.

Na cabeça de Madassa vivia uma raiva imensa cheia de porquês.
Como se as perguntas fossem garras dilacerantes.
Na cabeça de Madassa pairava um nevoeiro de tristeza.
Tão espesso que ele não conseguia lembrar-se sequer da cara do irmão ou da irmã, cujo paradeiro ninguém conhecia.

Havia dias em que, na cabeça de Madassa morava a mesma fome que lhe enchia o ventre. A negrura do medo, as garras da raiva, o nevoeiro da tristeza – e, em certos dias, a fome – ocupavam toda a cabeça de Madassa.
Na cabeça de Madassa não havia lugar para as palavras.

A professora já não sabia o que fazer para ajudar Madassa.
Quanto tinha tempo, lia-lhe histórias que ele sozinho não conseguia ler.
Lia-lhe a história do Pequeno Polegar, que tivera tanto medo na floresta.
E o medo do Polegarzinho passeava pela cabeça de Madassa.
Lia-lhe a história de Martinho , que estava sempre irritado.
E a irritação do rapaz era igual à que existia na cabeça de Madassa.
Lia-lhe a história da Menina dos Fósforos.
E a tristeza da Menina chorava na cabeça de Madassa.
A professora contava-lhe também a história de Pedro e a Lua, do menino que queria fazer florir a terra inteira com plumas de pássaro.
E as plumas dançavam na cabeça de Madassa.

E, entretanto, o que acontecia na cabeça de Madassa?
O medo do Polegarzinho deixava palavras para exprimir o medo.
A cólera de Martinho deixava palavras para exprimir a cólera.
A tristeza da Menina dos Fósforos deixava palavras para exprimir a tristeza.
A dança das palavras de Pedro e a Lua deixava palavras que davam vontade de dançar.

Certa manhã, as palavras, fortemente agitadas, não quiseram ficar na cabeça de Madassa.
Então, o menino pegou num caderno, numa caneta, e, embora desajeitadamente, como uma criança que aprende a andar, escreveu:

Madassa medo
Madassa cólera
Madassa tristeza

Madassa por entre as ervas
Madassa ao vento
Madassa na água

Madassa cinzento preto azul
Madassa vermelho amarelo preto
Madassa cinzento amarelo verde

Madassa galo tigre
Madassa sol

─ Um poema! ─ exclamou a professora. ─ Escreveste um poema!

Então escrever é isto!
Pegar nas palavras das histórias e transformá-las nas palavras de Madassa.
Mas é preciso ler muitas histórias para ter muitas palavras.

Madassa começou a ler.
E a escrever também.
Quanto mais lia, mais escrevia.
Quanto mais escrevia, mais vontade tinha de ler.
Era um círculo mágico.

Madassa não sabia ler nem escrever.
Mas enchia agora cadernos e mais cadernos.
Talvez um dia escrevesse um livro.

Madassa escritor.


Michel Séonnet
Madassa
Paris, Ed. Sarcabane, 2003
(Tradução e adaptação)


(Lido em Contadores de histórias)




Clara Não




terça-feira, 14 de janeiro de 2020

Esse coração...


Pela Graça é o titulo desta fotografia tirada com telemóvel por Patrícia Simões.

E o que é "Graça"? É que a fotografia foi tirada no bairro lisbeta da Graça. Vejam em baixo.


Mapa de Lisboa. Bairros (Anita Cortiza-Reprodução)



Cinderella (Nisah Barbosa)


Mais música de África... Ouvimos a cantora cabo-verdiana Nissah Barbosa a cantar na sua língua materna, o crioulo. Ela nasceu em 1994 na ilha de S. Antão, a segunda maior ilha do arquipélago de Cabo Verde. Também ouvimos Fattu Djakité a cantar com ela.

"O crioulo cabo-verdiano ou língua cabo-verdiana é uma língua originária do Arquipélago de Cabo Verde. É uma língua crioula, de base lexical portuguesa. É a língua materna de quase todos os cabo-verdianos, e é ainda usada como segunda língua por descendentes de cabo-verdianos em outras partes do mundo."

(Wikipédia)


CINDERELLA

Más um kontu di fada nes tera di nunka
Vivê um pezadelu enkuantu sonhu sta djunta
Infânsia foi difisil, pai móri, sê mãi imigra
Si avó luta todu dia pa djobê um saída
Três irmón i dos irmã, Cindy tem só kinze anu
Ê kria ser prinseza ma é ka axa niun sapatu
Fartu dividi kuartu, um padás di kolxon la kantu
Amor d'adulisenti dexal korason kebradu
Nunka ê konxi prinsi so um simples sapu
Más um gravidez indezejádu pa namoradu
Dipôs di novi mes se prinsipe é rizistadu
N sta fla mé sina ma Cindy sta kostumadu
Sê vida ê ta diskatxa sabendu tudu kê pasa
Ku fazi koraji pa sê kabésa, ê fazi um promésa
Bai ti infernu pa da putu um paraizu na tera

Fattu Djakité
Anda ku róstu labantadu
Bu ta juga ma nha peli ki ta vivi nha stória
Vergonha é furta ku mata
Ti oji n txiga bu porta
Deus sabi kusé sta li dentu
N ka rapendi di nada

Mutu kapitulu di es livru, ma stória sta repitidu
Sempri ku speransa ta sopra n'ubidu
Cindy larga skola, djobi trabadju prekariu
Se viva na trabadju ku imprezáriu
Tudu madrugada ê sta riba saltu
Sinku ora um tinha um klienti konta fitxadu
Vizinhu sta komenta salariu sa altu
Ma Cindy sta fokadu poi kumida na pratu
Gos é pa ka randja di dia volta pa skola
Sês fidje ês vira son p'ê manti lonji droga
Manti objetivu i um dia pega se diploma
Oji êl é um rainha ki skrevi sê própria stória
Sakrifika, dependi di ninguem
Nah, kuantu más mesteba kaba sin ninguem
Manti na sê kaminhu simé mundu ta julga
Antis nu ponta dedu primeru nu djuda

Fattu Djakité
Anda ku róstu labantadu
Bu ta juga ma nha peli ki ta vivi nha stória
Vergonha é furta ku mata
Ti oji n ka txiga bu porta
Deus sabi kusé sta li dentu
N ka rapendi di nada
N ka rapendi di nada

N ka rapendi di nada
Ka bu juga su ka sta vivê nha stória
Kada um ta fasi pa sê glória

Fattu Djakité
Anda ku róstu labantadu
Bu ta juga ma nha peli ki ta vivi nha stória
Vergonha é furta ku mata
Ti oji n ka txiga bu porta
Deus sabi kusé sta li dentu
N ka rapendi di nada
N ka rapendi di nada


Almodóvar, Bau, Pina Bausch


Hable con ella (bra: Fale com Ela; prt: Fala com Ela) é um filme espanhol de 2002, escrito e realizado por Pedro Almodóvar.

Na cena final do filme, os protagonistas encontram-se num espetáculo de dança num teatro e a música que se ouve é Raquel, do músico e compositor cabo-verdiano Bau. A coreografia é da coreógrafa, dançarina, pedagoga de dança e diretora de balé alemã Pina Bausch.









Os livros, como coluna vertebral

Obra de Jess Lenz


os livros

dóceis
ao toque da mão às papilas do olhar
os livros

mar ao vagar dos dedos
onde corre livremente o tempo
sem nunca tomar a direcção da morte

velhos companheiros da luxúria vária
e da mais provada fidelidade

cada um
uma luva
um bisturi
um sortilégio

Soledade Santos




Coitada da sirena!


Um cartum de Bruno Aziz para a Revista Muito (2010).




Johannes Itten. Esfera de cores em 7 valores de luz e 12 tons (1921)


O texto original em alemão: Farbenkugel in 7 Lichtstufen und 12 Tönen, Farbtafel. O autor, Johannes Itten.

Johannes Itten (11 de novembro de 1888, Süderen-Linden (Wachseldorn), Suíça - 25 de março de 1967, Zurique) foi um pintor, professor e escritor suíço associado à escola Bauhaus. Em suas pesquisas desenvolveu o disco de cores, que ainda hoje permite descobrir combinações harmoniosas entre cores (os sete contrastes de cor).

(Wikipédia)






segunda-feira, 13 de janeiro de 2020

"A primeira vez que andei de avião"



Muitos de vocês já passaram por esta experiência. Será tudo conhecido...


A primeira vez que andei de avião

Quando cheguei ao aeroporto estava muito nervoso. Fui comer uma sandes, isto à hora de almoço. Depois fui fazer o check-in, com o meu pai, a minha mãe e os meus irmãos: Daniel e Gil. De seguida fomos a uma espécie de centro comercial. E fomos andando para uma sala de espera. Quando chamaram os passageiros para o nosso voo nós dirigimo-nos a uma caixa, depois fomos de autocarro até o avião. Aí começava a sentir-me muito nervoso. Quando me sentei, foi ao lado do meu pai e da minha mãe. Dei a mão à minha mãe e o avião começou a levantar. Deu-me um friozinho na barriga mas passou, quando já lá estávamos no alto não se sentia nada. Li um bocadinho e passou-se bem, depois veio o lanche, era uma sandes de peru com queijo e a bebida era compal. Depois sobrevoamos Londres. E indicaram que íamos aterrar, pois porque havia sempre indicações. Quando aterramos o meu pai gritou e toda a gente olhou para ele, apesar de ter sido uma boa aterragem. O voo foi demais, adorei!!!

Duarte Júlio

(Blog Maravilha)


A surfista Francisca Santos


Lembram-se os alunos do 3º ano de Francisca Santos? Claro que sim. E como o livro tem uns anitos, perguntávamo-nos o que seria dela hoje? Quem quiser saber, pode ler a entrevista em baixo:

"Há vida depois do Surf? A história de Francisca Pereira dos Santos" (Surf Total, 16-01-2018)
Detentora de dois títulos de campeão nacional open, eis a entrevista exclusiva com Francisca Santos…





"Melhor do que" e "pior do que"


Comparativos irregulares: não "mais bom do que", mas melhor do que; nem "mais mau do que" ou "mais mal do que", mas pior do que.




A diferença entre Dança Contemporânea e Dança Moderna

Fotografia de Narratography by APJ

A Zaira e a Clara, alunas do 4º ano, praticam dança moderna. Há tempo que eu lhes perguntei qual a diferença entre dança moderna e contemporânea, e esqueci-me, claro; e agora procurei para fazer este post para elas e eu aprender de vez!

A diferença entre Dança Contemporânea e Dança Moderna

A dança contemporânea rompe com as molduras clássicas. Não tem técnicas específicas nem um "corpo ideal". Inova nas temáticas e na relação com os espaços e outras artes. A dança contemporânea surge nos anos 60 nos EUA. Nasce no seguimento da dança moderna, na medida em que pretende também romper com os moldes rígidos da dança clássica.  

Apesar do forte paralelismo, a dança contemporânea diferencia-se da moderna por não obedecer a técnicas. A dança moderna tem diferentes técnicas ligadas a vários coreógrafos, como Martha Graham, Doris Humphrey ou José Limon. A contemporânea não tem essas técnicas, é a liberdade de expressão do bailarino. Não há mecanismos definidos, há antes processos e formas de criação. Parte-se de métodos desenvolvidos por bailarinos modernos, como improvisação, contacto-improvisação para uma construção personalizada da criação. A dança moderna, em relação à clássica, foi uma forma de libertação do bailarino, de expressar mais os sentimentos das pessoas e não apenas histórias. A dança contemporânea surge também nesse contexto.

(lala ed. física)


Dança contemporânea 2019/Portugal




Dança Moderna: Martha Graham, Isadora Duncan, Beyoncé Knowles


Dança moderna:  Escuela de Música Municipal de Espartinas


Fotografia de Narratography by APJ


Alentejo (João Pedro Mésseder)

Monte alentejano (Fotografia de Sérgio Martins)


ALENTEJO

Junta o rio e seu advérbio: nasce um país. Com homens, vinho, um pão difícil.
Tenta pronunciar a palavra como se de uma planície se tratasse; depois a terra interminável, a água na sua escassez. E também o sol. E o amarelo da terra, entre um arco-íris de ocres e castanhos, dispostos com rigor na tela do Verão.
No alto de um pequeno monte, no centro da palavra, descobrirás então outra cor. A forma será a de uma casa coberta de cal. Pronuncia a cor como se a visses pela primeira vez e como se, ao pronunciá-la, o mundo recomeçasse.»

João Pedro Mésseder



Ela é dançarina (Chico Buarque)

Olé! - Dançarina - Grupo dança Tablado - A Praça. Fábio A. Meireles


ELA É DANÇARINA

O nosso amor é tão bom
O horário é que nunca combina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando pego o ponto
Ela termina

Ou: quando abro o guichê
É quando ela abaixa a cortina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Abro o meu armário
Salta serpentina

Nas questões de casal
Não se fala mal da rotina
Eu sou funcionário
Ela é dançarina
Quando caio morto
Ela empina

Ou: quando eu tchum no colchão
É quando ela tchan no cenário
Ela é dançarina
Eu sou funcionário
O seu planetário
Minha lamparina

No ano dois mil e um
Se juntar algum
Eu peço uma licença
E a dançarina, enfim
Já me jurou
Que faz o show pra mim







Desde quando existe Portugal?


Um excerto de "História de Portugal" na Wikipédia:

Em 1139, depois de uma importante vitória contra um contingente mouro na batalha de Ourique, D. Afonso Henriques foi aclamado rei de Portugal, com o apoio das suas tropas. Nascia assim o Reino de Portugal, com capital em Coimbra e iniciava-se a primeira dinastia. A independência portuguesa foi reconhecida por Leão e Castela em 1143 pelo tratado de Zamora. Em 1147, com o apoio de cruzados norte europeus, Afonso I de Portugal conquistou Lisboa. .



Brasão de armas de Portugal. Símbolo adotado em 30 de junho de 1911.




sexta-feira, 10 de janeiro de 2020

A terra é redonda, não é?


Tira de Mafalda, da autoría de Quino.

https://pt.wikipedia.org/wiki/Terra_plana



quinta-feira, 9 de janeiro de 2020

Mais uma citação de Oscar Wilde

Caricatura de André Carrilho


Não quero adultos nem chatos. Quero-os metade infância e outra metade velhice! Crianças, para que não esqueçam o valor do vento no rosto; e velhos, para que nunca tenham pressa.

Oscar Wilde

Aqui, uma breve citação em bilingue.

Oscar Fingal O'Flahertie Wills Wilde, ou simplesmente Oscar Wilde (Dublin, Reino Unido da Grã-Bretanha e Irlanda, 16 de outubro de 1854 — Paris, 30 de novembro de 1900) foi um influente escritor, poeta e dramaturgo britânico de origem irlandesa. Depois de escrever de diferentes formas ao longo da década de 1880, tornou-se um dos dramaturgos mais populares de Londres, em 1890. Hoje ele é lembrado por seus epigramas e peças.

(Wikipédia)

 


“Numa peixaria no Mercado Municipal de Santos...”


O que acham desta história que encontrei por acaso no blogue Tudo me interessa e nada me prende, de Sónia FS?

quinta-feira, 14 de julho de 2016
Numa peixaria no Mercado Municipal de Santos...

Nunca façam o que se segue com seus filhos. NUNCA!!!

Eu devia ter 3 ou 4 anos, tinha a mania de descer do carro junto com meu pai, toda vez que ele parava para ir a uma farmácia, mercado, enfim, qualquer lugar.

Um dia parou numa peixaria do Mercado de Santos, desceu do carro entrou na peixaria, perguntou alguma coisa e logo saiu pela entrada lateral. As duas entradas eram divididas por uma coluna de alvenaria. Eu corri atrás e quando vi que ele saiu pela outra porta, tentei alcançá-lo mas ele, rapidamente entrou no carro, deu a partida e foi embora. Eu fiquei na calçada gritando como uma desesperada e até hoje me lembro da cena de horror. Achei que nunca mais ia ver meus pais. Os lojistas todos correram à porta de seu comércio, assustados com o que estava acontecendo e gritavam para meu pai voltar. Ele deu marcha-a-ré e voltou para me pegar. Disse que foi uma lição para eu aprender a ficar no carro quando ele descia para ir a algum lugar.

Com isso ele deixou de ser amado por mim. A partir daquele evento de horror, passei a ter dois sentimentos por ele: medo e respeito. O segundo era apenas consequência do primeiro.

Não sei se foi a partir daquele dia, nunca mais confiei em homem algum.




Uns versos de Rainer Maria Rilke


O trabalho dos olhos foi feito. Agora, faz o teu coração trabalhar as imagens aprisionadas dentro de ti.

Rainer Maria Rilke





quarta-feira, 8 de janeiro de 2020

Uma obra de Cristina Guerra


“Filha de um colecionador que era também amigo de artistas e arquitetos, Cristina Guerra move-se desde a infância entre figuras ligadas às artes. Em 2001 abriu a galeria com o seu nome, na Estrela (Lisboa), e 16 anos depois é uma das mais pessoas mais respeitadas no meio, participando regularmente nas principais feiras de arte contemporânea, como a Art Basel, na Suíça, e a Art Basel Miami Beach, nos Estados Unidos.”

(Retirado de Jornal i, 2017)



Quino, mais uma vez




Esse né? seria não é? no português de Portugal.




Partes do corpo






Recordamos a conjunção OU

Poema de Cecília Meireles cantado por Lena d'Água


Isto é do blogue dos mais pequenos da Escola, mas recupero aqui para esses alunos do 3º é do 4º anos que ainda continuam a escrever a conjunção ou com se fosse igual que em espanhol.

Vamos ver o que nos diz o dicionário Priberam da conjunção ou, que muitos alunos escrevem à espanhola ("Queres isto o isso", por exemplo) e o que temos, neste caso, é o artigo definido português, o que não faz sentido na frase, mas não a  conjunção ou:

ou

(latim aut)

1. Indica alternativa ou opcionalidade (ex.: ver um filme ou ler um livro).

2. Indica consequência derivada da irrealização de algo (ex.: despacha-te ou não vamos chegar a tempo).







Voltamos das férias de Natal com música portuguesa


Com esta canção de Susana Félix voltamos das nossas férias de Natal. Bem-vindos todos, rapazes e raparigas, ou meninos e meninas, como preferirem..


BEM-VINDO

Traz as promessas que não esqueço
Trancadas onde nunca mexo
Chega a tempo de me socorrer

Faz uma entrada triunfal
Sem finta nem meia-final
Traz-me a paz que eu ando a perder

Olha pra mim
Bem-vindo a tudo o que é meu
Que o melhor dos nossos mundos
É tão pouco afinal

Estou de fileira à minha urgência
Já não há mais paciência
De ter fé no assim-assim

Conta-me a história do bandido
Que a alma não sente o perigo
Faz-me querer que o mundo é aqui

Olha pra mim
Bem-vindo a tudo o que é meu
Que o melhor dos nosso mundos
É tão pouco afinal

Faz uma entrada triunfal…

Susana Félix é uma cantora e atriz portuguesa.