sexta-feira, 29 de abril de 2011

Sexta-feira 13


A superstição foi relatada em diversas culturas remontadas muito antes de Cristo.

Existem histórias remontadas também pela mitologia nórdica. Na primeira delas, conta-se que houve um banquete e 12 deuses foram convidados. Loki, espírito do mal e da discórdia, apareceu sem ser chamado e armou uma briga que terminou com a morte de Balder, o favorito dos deuses. Há também quem acredite que convidar 13 pessoas para um jantar é uma desgraça, simplesmente porque os conjuntos de mesa são constituidos, regra geral, por 12 copos, 12 talheres e 12 pratos.

Segundo outra versão, a deusa do amor e da beleza era Friga (que deu origem a frigadag, sexta-feira). Quando as tribos nórdicas e alemãs se converteram ao cristianismo, Friga foi transformada em bruxa. Como vingança, ela passou a se reunir todas as sextas com outras 11 bruxas e o demônio, os 13 ficavam rogando pragas aos humanos. Da Escandinava a superstição espalhou-se pela Europa.

Outra possibilidade para esta crença está no fato de que Jesus Cristo provavelmente foi morto numa sexta-feira 13, uma vez que a Páscoa judaica é celebrada no dia 14 do mês de Nissan, no calendário hebraico.

Recorde-se ainda que na Santa Ceia sentaram-se à mesa treze pessoas, sendo que duas delas, Jesus e Judas Iscariotes, morreram em seguida, por mortes trágicas, Jesus por crucificação e Judas provavelmente por suicídio.

Note-se também que, no Tarô, a carta de número 13 representa a Morte.

(Fonte: Wikipédia)


quinta-feira, 28 de abril de 2011

Superstição e superstições


Vocês são supersticiosos? Agora fala-se neste assunto no livro. Vamos lá ver algo a respeito disto:

Diz-nos o diconário Priberam da palavra superstição: "Sentimento de veneração religiosa fundada no temor ou ignorância e que conduz geralmente ao cumprimento de falsos deveres, a quimeras, ou a uma confiança em coisas ineficazes".

A primeira fonte da superstição é, sem dúvida, a ignorância.

Mas aqui, no blogue, ficamos na parte "curiosa" do assunto. Acho que não deve ir mais para a frente.


No blogue Curta Contar lemos:

Algumas superstições são bastante comuns na nossa cultura:

- Cruzar na rua com um gato preto dá azar;

- Quebrar um espelho provoca sete anos de azar na vida de quem quebrou;

- Achar um trevo de quatro folhas trás sorte;

- Passar por debaixo de uma escada dá azar;

- Se sua orelha esquentar de repente, é porque alguém está falando mal de você;

- Deixar um sapato ou chinelo de cabeça para baixo pode provocar a morte da mãe;

- Abrir guarda-chuva dentro de casa pode atrair morte;

- Toda sexta-feira 13 é um dia perigoso e podem ocorrer fatos ruins para as pessoas;

- Apoiar a bolsa no chão pode resultar em perda de dinheiro;

- Bater três vezes numa madeira pode evitar eventos ruins.


Ver Superstições mais comuns na Wikipédia.


Reparem que em Portugal, e no Brasil também,  o dia de azar é sexta-feira 13, e não terça-feira, como no nosso país. Acontece como no mundo anglosaxónico, e muitos outros países.

quarta-feira, 27 de abril de 2011

Os signos do zodíaco



Carneiro (21 de Março-19 de Abril) - Signo de Fogo da Primavera.
Touro (20 de Abril-20 de Maio) - Signo de Terra da Primavera.
Gémeos (21 de Maio-21 de Junho) - Signo de Ar da Primavera.
Caranguejo (22 de Junho-22 de Julho) - Signo de Água do Verão.
Leão (23 de Julho-22 de Agosto) - Signo de Fogo do Verão.
Virgem (23 de Agosto-22 de Setembro) - Signo de Terra do Verão.
Balança (23 de Setembro-22 de Outubro) - Signo de Ar do Outono.
Escorpião (23 de Outubro-21 de Novembro) - Signo de Água do Outono.
Sagitário (22 de Novembro-21 de Dezembro) - Signo de Fogo do Outono.
Capricórnio (22 de Dezembro-19 de Janeiro) - Signo de Terra do Inverno.
Aquário (20 de Janeiro-18 de Fevereiro) - Signo de Ar do Inverno.
Peixes (19 de Fevereiro-20 de Março) - Signo de Água do Inverno.

É assim em Portugal, mas no Brasil, Carneiro é Áries; Caranguejo, Câncer; e Balança, Libra.

Agora dizem que o calendário do zodíaco que conhecíamos até aqui está desfasado cerca de um mês. A notícia caiu como uma bomba entre os aficionados dos signos: Os astrónomos do Minnesota Planetarium Society, nos EUA, redifiniram o calendário do zodíaco. Na prática, quer dizer que a maioria de nós pertence ao signo anterior ao que julgava.

Para os curiosos, fica o calendário, segundo a nova perspetiva (reparem na novidade de um novo signo):

Capricórnio: De 20 Janeiro a 16 Fevereiro
Aquário: De 16 Fevereiro a 11 Março
Peixes: De 11 Março a 18 Abril
Carneiro: De 18 Abril a 13 Maio
Touro: De 13 Maio a 21 Junho
Gémeos: De 21 Junho a 20 Julho
Caranguejo: De 20 Julho a 10 Agosto
Leão: De 10 Agosto a 16 Setembro
Virgem: De 16 Setembro a 30 Outubro
Balança: De 30 de Outubro a 23 Novembro
Escorpião: De 23 a 29 Novembro
Serpentário (Ophiuchus): De 29 Novembro a 17 Dezembro
Sagitário: De 17 Dezembro a 20 Janeiro

A entrada do novo signo pode provocar uma mudança considerável no horóscopo. O Ophiuchus, também conhecido como Serpentário, já existia em outras versões do zodíaco, segundo o jornal Folha de S. Paulo.

Os 12 signos considerados atuais foram definidos há quase 3.000 anos e, segundo os astrônomos, a posição das constelações em relação ao Sol mudou.


terça-feira, 26 de abril de 2011

Deixamo-nos cortar na primavera?



A escritora brasileira Clarice Lispector é uma boa amiga deste blogue. Já cá esteve e há de vir mais vezes.



sábado, 23 de abril de 2011

Groucho Marx para o Dia do Livro



Hoje é o Dia do Livro. Leiamos o que o grande cómico norte-americano, de origem alemã, Groucho Marx, escreveu uma vez:

Acho que a televisão é muito educativa. Todas as vezes que alguém liga o aparelho, vou para a outra sala e leio um livro.


sexta-feira, 15 de abril de 2011

A sombra (Mário-Henrique Leiria)



Foi exactamente durante o jantar anual da empresa que Valter teve a sensação de que era seguido. Na altura do discurso final. Falava o doutor Raimondi, quando a sombra passou veloz, recortando-se por instantes no fundo da sala. Valter sentiu um arrepio súbito, ergueu-se de repente e, sem esperar o fim do arrazoado e as palmas consequentes, saiu pela porta fora entre a estranheza dos colegas.
Na rua olhou em volta. Uma rua calma, iluminada, burguêsmente nocturna, sem tragédias à vista. Isso deu-lhe um certo alívio. Afinal fora apenas impressão sua, uma sombra que lhe parecera, talvez só a ele, ser mais do que uma sombra a segui-lo.
Foi andando devagar pelo passeio, acendeu um cigarro e olhou uma montra de artigos para caçador, admirando um magnífico tigre que, em posição de rosnido feroz, propagandeava uma marca de cartuchos para assassinar coelhos. E, de repente, aquela coisa empalhada olhou para ele e a sombra que os spots atiravam para o fundo da loja pareceu avançar.
Valter deu um passo atrás, em pânico, tropeçando numa jovem que lhe sorriu, agradável. Pediu uma desculpa entaramelada, quase engolindo o cigarro, engasgou-se, cuspiu e caminhou em frente, apressado.
Não podia ser. Aquilo não tinha lógica. Como diabo um tigre empalhado... Evidentemente, o que ele estava era cansado.
Abrandou o passo, aquecido, pelo neon dos Grandes Armazéns Bulora.
As pessoas passavam, normais, apressadas umas, outras escorregando lentamente até ao tempo de ir para casa, ora vermelhas, ora azuis, ora amarelas, mas todas confortàvelmente familiares, entrando e saindo do neon que escorria pelo passeio.
Atravessou a rua, um pouco incerto no caminho a seguir, quase caindo em frente de um carro que buzinou, furioso. Por momentos sentiu-se tapado por aquela sombra ensurdecedora. Saltou, num arranco, para o passeio do outro lado.
Ficou a olhar o carro que desaparecia na esquina e outros que iam passando num zumbido de escapes em liberdade nocturna, até se sentir mais calmo, mais capaz de saber onde estava. Na rua, claro, a caminho de casa.
Acendeu outro cigarro e continuou. Logo ali à frente o RODEO, um barzinho seu conhecido. Entrou, na ânsia de uma bebida e de um repouso temporário. Pediu um gin-tonic duplo com bastante gelo, a noite estava mesmo quente. Foi bebendo lentamente, à procura de qualquer justificação para aquilo. Ao olhar para a porta, viu-a passar, viu-a com nitidez, vibrante e rápida, deixando o ar a oscilar como se fosse água. Acabou o gin e pediu outro, que enguliu de seguida. Não, aquilo não era nada, só cansaço.
Pagou e saiu. Procurou um táxi. Um táxi não, era fechado, melhor ir a pé. Queria chegar a casa, queria descansar. Precisava de chegar a casa.
Começou a andar, cada vez mais depressa. E viu-a. Lá estava, naquele vão de escada. Apertou o passo, mas ela chegou primeiro à esquina.
Na esquina olhou, atento. Era a sua rua, o prédio ficava ali em baixo, acolhedor.
Ela continuava, uma sombra escondida na sombra, a olhá-lo do outro lado da rua.
Começou a correr. Da lado de lá via-a deslizar de porta em porta, de escuro em escuro, sempre a acompanhá-lo, silenciosa.
Ia começar a gritar quando reparou que estava à porta de casa. Entrou no edifício, esbaforido mas aliviado. Olhou em volta. Não a viu.
- Boas-noites, senhor Valter. Sente-se mal? - interessou-se o Josué porteiro de noite, com uma solicitude matreira.
- Boas noites, Josué. Não é nada. Apenas cansaço. Venho do jantar anual lá do emprego. Com patrões e tudo, sabe como é.
- Pois. Essas coisas cansam - concordou o Josué, julgando saber. Cansam mesmo, senhor Valter.
- Até amanhã, Josué.
- Até amanhã, senhor Valter.
Entrou no elevador com a sensação de se ter libertado de um acontecimento atroz.
Saiu no décimo andar. O corredor estava calmo, brilhante de luz e repouso. Abriu a porta do apartamento e entrou.
Foi até ao bar, preparou apressado um gin saudávelmente triplo sem tónica e, sentando-se confortável no sofá, saboreou-o com um prazer todo novo, com lentidão, com luxo. Um bom sono e amanhã tudo seria apenas um motivo para sorrir. E se não fosse?
Bocejou, sentindo-se realmente cansado. Acendeu um cigarro, bebeu o resto do gín num arrepio de gozo, pousou o copo e levantou-se.
Dirigiu-se para o quarto e abriu a porta.
A sombra ergueu-se da cama e avançou para ele, de braços abertos.
- Querido! Vieste cedo...


Mário-Henrique Leiria, in Contos do Gin-Tonic


Televisão, droga pesada


Beto é brasileiro e desenha desta maneira. É a segunda vez que vem ao blogue.


quinta-feira, 14 de abril de 2011

Será que alguém conhece esta canção?

Versão de Sérgio Mendes mais os Black Eyed Peas (2006)

De certeza que toda a gente conhece a canção que temos cá em cima, mas eu queria que vocês conhecessem a história de "Mas que nada", que foi cantada pela primeira vez pelo brasileiro Jorge Ben em... 1963!!! Três anos depois, tornou-se imensamente conhecida na versão de Sérgio Mendes. Quarenta anos mais tarde (mais pontinhos de admiração !!!), em 2006, Mendes voltou a gravá-la com o grupo The Black Eyed Peas. Esta é a versão que conhecem, não é?

E nesta mensagem estão as três versões para vocês compararem. Acho que vão ficar com a mais moderna. É lógico.

Para terminar, o que acham do vídeo de Sérgio Mendes & Brasil 66?


Primeiro disco de Jorge Ben, Samba Esquema Novo (1963)
Nele aparecia "Mas que nada"


"Mas que nada" é uma canção composta pelo cantor brasileiro Jorge Ben Jor. Gravada em 1963, para seu primeiro álbum, Samba Esquema Novo, a canção é o primeiro grande sucesso de Jorge Ben (seu nome artístico na época), "Mas Que Nada" também é uma das canções brasileiras mais conhecidas no exterior, particularmente nos Estados Unidos da América, quando foi gravada pelo pianista e compositor brasileiro Sérgio Mendes em versão bossa nova.




Em 2006, Sérgio Mendes regravou a canção junto com os Black Eyed Peas e vocais adicionais por Gracinha Leporace (esposa de Mendes); uma versão que está incluída em seu álbum Timeless (2006). Black Eyed Peas é um grupo de hip hop ganhador do Grammy, formado em Los Angeles, Califórnia, em 1995.







MAS QUE NADA

Oariá raiô
Obá Obá Obá
Mas que nada
Sai da minha frente
Eu quero passar
Pois o samba está animado
O que eu quero é sambar
Este samba
Que é misto de maracatu
É samba de preto velho
Samba de preto tu
Mas que nada
Um samba como esse é tão legal
Você não vai querer
Que ele chegue no final



Esta é a versão cantada por Sérgio Mendes & Brasil 66, que ficou famosa naquele ano.




Cá em baixo temos a versão original, composta e cantada por Jorge Ben, hoje Jorge Ben Jor.





Um bocado de currículo


Alguém escreveu um currículo, não para procurar um emprego, mas simplesmente como desculpa para falar de si. Retiramos um bocado desse currículo para vocês praticarem.  Há muito vocabulário útil, parte do qual já conhecem. Vejam esses adjectivos com que ela se descreve. 

E reparem no uso da terceira pessoa para falar de si própria.


Acidentes de infância ou adolescência constrangedores

Aos 3 anos, rolou escada abaixo sei lá como. Até hoje se lembra do pai e da avó descendo as escadas atrás dela (aquela visão cilíndrica...).

Aos 4 anos, segurou uma porta de sacada que o pai estava tentando fechar, ele sentiu que algo estava travando a porta, e bateu com mais força ainda... Resultado: dedos da mão direita quebrados...

Aos 7 anos, foi dar um tchauzinho para a avó, já dentro do carro, de saída, quando a mãe bate a porta do carro na sua mão. Sentiu algo travando a porta, e bateu com mais força ainda... Resultado: mão direita quebrada outra vez...

Aos 15 anos, foi abrir a porta dos fundos para a irmã que chegava (escondida dos pais), a irmã mal escutou a chave girar na porta e abriu a porta com força. Resultado: uma testada na quina da porta e um "galo" que nunca mais parou de cantar....



Adjetivos que a descrevem bem, na maior parte do tempo

Sarcástica, egoísta, seca, expansiva, misteriosa, curiosa, preguiçosa, romântica, preocupada, irritável, cansada, esforçada, medrosa, engraçada, antiquada, frágil, tímida, largada ('incorrigível', no sul do Brasil), instável, dominadora, exigente, teimosa, individualista, amarga, superior. 


quarta-feira, 13 de abril de 2011

Toalhetes com mensagens ecológicas






Estes toalhetes (toalhas de mesa pequenas) são uns designs do designer e ilustrador português Ricardo Machado para o Instituto do Ambiente do seu país. O tema da campanha era enviar mensagens ecológicas para serem lidas durante as refeições.


Já agora, podem localizar todos os imperativos das mensagens.




terça-feira, 12 de abril de 2011

Mário Quintana e a saudade



Quantas vezes a vida nos revela que a saudade da pessoa amada é bem melhor que a presença dela.

Mário Quintana, poeta brasileiro



segunda-feira, 11 de abril de 2011

O que terá acontecido a este galo?




Quer dizer, o que terá acontecido  a Portugal? Haverá motivos para um espanhol desenhar o famoso touro de pescoço pelo chão?


"A 'brand' Portugal, a imagem de marca do país, e os danos irrecuperáveis que sofre com esta crise e a ajuda. O estigma."

(Publicado na revista Expresso Única, no sábado passado, 9 de Abril)

A ilustração é de Carlos Quitério.


sexta-feira, 8 de abril de 2011

Uns quadradinhos de Eduardo Arruda



Eduardo Arruda é carioca, quer dizer, nasceu no Rio de Janeiro, no Brasil, e virá mais vezes por aqui. Gostam? 

O autor diz-nos que, apesar da evolução, o homem continua tão primitivo quanto antes, burro, mas burro mesmo.



Gago Coutinho e Sacadura Cabral



Carlos Viegas Gago Coutinho (1869-1959) foi um cartógrafo, oficial da Marinha Portuguesa, navegador e historiador. Juntamente com o aviador Sacadura Cabral, tornou-se um pioneiro da aviação ao efectuar a Primeira travessia aérea do Atlântico Sul, no hidroavião Lusitânia.

Foi em 1922, no contexto das comemorações do centenário da Independência do Brasil, que os dois aviadores realizaram essa travessia, sendo recebidos entusiasticamente em várias cidades do Brasil (Rio de Janeiro, São Paulo, Recife), bem como no regresso a Portugal.


Rota da primeira travessia aérea do Atlântico Sul


Gago Coutinho (dir.) e Sacadura Cabral (esq.)
a bordo do "Lusitânia", 1922.


(Fonte: Wikipédia)

E para mais informação, é favor clicarem aqui.



Rio

Fotografia de Martin Lazarev

Dá para ler o que esta moça leva escrito no pescoço, não dá?



quinta-feira, 7 de abril de 2011

terça-feira, 5 de abril de 2011

"Há sem dúvida quem ame o infinito" (Fernando Pessoa - Álvaro de Campos)


Uns versos de um dos heterónimos do poeta português Fernando Pessoa (1888-1935), Álvaro de Campos.

Muito diferentes estes versos dos de Ricardo Reis, já publicados aqui há poucos dias. Falta trazer o Mestre de todos eles, Alberto Caeiro.



segunda-feira, 4 de abril de 2011

Canguru


Reparem como é curiosa a história da palavra canguru. Tudo porque uma pessoa parece que pensava que a sua lingua era compreendida em qualquer parte do mundo, não importava qual.

Canguru (cuidado, palavra aguda, não grave) é o aportuguesamento do inglês kangaroo.

Quando o capitão inglês James Cook, em 1870, chegou a Queensland, na Austrália, ficou assombrado com a estranheza do animal. Dirigiu-se aos indígenas procurando saber-lhe o nome. A resposta era, invariavelmente, qualquer coisa que se assemelhava a "Kanguru". Cook tomou a palavra como o nome do marsupial. E, no entanto, o que os autóctones repetiam, o "Kanguru, Kanguru", era, na sua, língua, "não entendo, não entendo", coisa mais que natural dado não saberem inglês. Mas a palavra ficou.


Fonte: Dicionário da origem das palavras, de Orlando Neves


sexta-feira, 1 de abril de 2011

O Dia das Mentiras no 'Público' de hoje


Assim é que Luís Afonso vê o Dia das Mentiras no jornal Público de hoje.



1º de abril, Dia das Mentiras



O dia 1 de Abril é o Dia das Mentiras. Estas já se esperam e por isso na maior parte dos casos não surtem o efeito desejado. Mas há quem se descuide. Por vezes, multi­dões.

Célebre ficou a mentirinha do jornal londrino Daily Herald, em 31 de Março de 1905: «Se tiverem caroços de pêssegos ou tâmaras em casa, tragam-nos amanhã, entre o meio-dia e a uma hora da tarde, a Trafalgar Square. Servirão para o repo­voa­mento florestal do deserto do Sara, no Norte de África, a fim de melhorar as condições de vida dos povos subalimen­tados daquela região.» No dia seguinte, largas centenas de pessoas acorreram à mais conhecida praça de Londres.

Mas porque este dia?



Dia das Mentiras
, Dia dos Enganos, Dia das Petas ou, na expressão original francesa, Poisson d’Avril. Todas estas designações conferem ao primeiro dia de Abril o estatuto de data propícia às fantasias mais ardilosas, elaboradas por espíritos engenhosos com o objectivo de ludibriar as mentes despreveni­das.

Tradição que teve origem em França há mais de 400 anos (v. texto em baixo), ela haveria de constituir, para os meios de comunicação social, um pretexto para infringir de forma divertida e consensualmente autorizada, a obrigação de informar com rigor. Ao longo dos tempos, têm sido múltiplas as invencioni­ces que o 1º de Abril inspirou às mentes engenhosas de alguns jornalis­tas, medindo-se o êxito das suas criações pelo número de pessoas que «enfiaram o barrete».

Tudo começou com a alteração do princípio do ano


A tradição do Dia das Menti­ras remonta a 1564, ano em que Catarina de Mé­dicis, re­gente da França em nome de Carlos IX, deliberou por decreto que o ano civil começa­ria a 1 de Janeiro. Até então, o ano civil arrancava no primeiro dia de Abril, em plena primavera.

Mas com tal mudança não se alteraram cer­tos cos­tumes. Assim, tendo-se trans­fe­rido para o 1º de Janeiro o hábito de trocar prendas e votos de Boas Festas, não deixou de se manter idêntico procedimento no dia 1º de Abril. Simplesmente, como esta data tinha perdido o signifi­cado anterior, as prendas e mensa­gens que nela conti­nuaram a trocar-se passaram a ser fictícias.

O dia 1 de Abril tornar-se-ia, assim, um remake carna­valesco, em que a astúcia dos mais engenhosos fazia gala em divertirse à custa dos que acreditavam nas suas fanta­sias, por vezes delirantes.

Este costume rapidamente se expandiu por toda a Eu­ropa e outras partes do mundo, pois a França era então o modelo cultural de todas as civili­zações ocidentais. Daí a designação de origem poisson d’Avril. Os italianos dizem pesce d'aprile. E porquê poisson? Simplesmente por­que no calendário zodiacal, a data sucede ao período re­servado ao signo dos Peixes.

Em países de língua inglesa o dia da mentira costuma ser conhecido como April Fool's Day, "Dia dos Tolos [de Abril]". 

A contribuir também para as expressões correntes de Dia dos Enganos, ou das Menti­ras, está o facto de coincidir com um período habitualmente engana­dor, em que o sol prima­veril faz negaças, escon­dido entre nu­vens inver­nosas. Daí o conhe­cido ditado «Em Abril, águas mil».

Vamos ouvir na sala de aula uma canção de Sérgio Godinho em que aparece este dia:



ARRANJA-ME UM EMPREGO


Tu precisas tanto
de amor e de sossego
e eu preciso de um emprego.
Se mo arranjares,
eu dou-te o que é preciso,
por exemplo o paraíso.
Anda ao deus-dará
perdido nessas ruas,
vou ser mais sincero:
sinto que ando às arrecuas.

Preciso de galgar
as escadas do sucesso
e é por isso que eu te peço:
“arranja-me um emprego”.

Arranja-me um emprego,
pode ser na tua empresa,
com certeza,
que eu dava conta do recado
e para ti era um sossego.

Se meto os pés para dentro,
a partir de agora
eu meto-os para fora;
se dizia o que penso,
eu posso estar atento
e pensar para dentro;
se queres que seja duro,
muito bem, eu serei duro,
se queres que seja doce,
serei doce, ai isso juro.
Eu quero ser o tal,
e como tal reconhecido
e assim digo-te ao ouvido:
“arranja-me um emprego”.

Arranja-me um emprego...

Sabendo que as minhas intenções
são das mais sérias,
partamos para férias;
mas para ter férias
é preciso ter emprego,
espera aí que eu já lá chego.

Agora pensa numa casa
com o mar ali ao pé
e nós os dois
a brindarmos com rosé.
Esqueço-me de tudo
com o pôr-do-sol assim,
chega aqui ao pé de mim:
“arranja-me um emprego”.

Arranja-me um emprego...

Se eu mandasse neles
os teus trabalhadores
seriam uns amores:
greves eram só
das seis e meia às sete,
em frente a um cassetete;
primeiro de Maio
so de quinze em quinze anos;
feriado em Abril,
só no dia dos Enganos,
e reivindicações
quanto baste, ma non troppo.
Anda, bebe mais um copo:
“arranja-me um emprego”.

Arranja-me um emprego..







Dois 'Ais' de Dalton Trevisan



A tipinha de dois anos para a avó religiosa:
–Que livro bonito, vó. Acha pra mim a letra M.
–Deixa ver, aqui está.
–M de Maria. Que nem eu.
–Agora olha a letra V.
–V de vaca.
–E a letra O.
–O de ovo.
–Muito bem. E aqui a letra T.
–T de Jesús, né, vó?
E aponta para o pobre homem ali pregado na parede.


Notas
que nem eu = como eu.
né? = não é?




Os dois corações batendo só de um lado, não há o que nos separe.

Se o teu bater pra lá e o meu pra cá, daí tudo esta perdido.



Dalton Trevisan (Curitiba, 1925) é um escritor brasileiro, famoso por seus livros de contos.