sexta-feira, 30 de setembro de 2011

Vamos contar as férias grandes



Os alunos do 4º ano, os mais velhos, devem escrever acerca das suas férias grandes, que, apesar de serem grandes, acabaram - como é natural. E deste modo revêem o perfeito simples (eu fui a.... , estive em..., nadei...) e o imperfeito (eu ia, nós íamos todas as tardes, fazíamos...), mais o vocabulário (praia, piscina, jogos, etc.)

Os textos que vos trago à respeito do assunto "férias grandes" são contados por adultos, mas são interessantes porque vão comprovar que esta coisa de ser miúdo ou miúda é igual em (quase) toda a parte. Vejam os jogos, as brincadeiras, os acidentes que sempre acontecem, os cães amigos do peito (nós dizemos amigos del alma), sei lá, tanta coisa...

É claro que naquela altura não havia computadores, nem consolas, nem mp3, nem telemóveis... Mas ninguém se aborrecia - ou, pelo menos, o aborrecimento demorava pouco tempo!


De Luísa Schmidt, professora universitária, ambientalista.

A primeira coisa que me lembro das férias é que eram de facto muito grandes. Até certa idade, passava-as metade numa quinta do Livramento (uma aldeia ao pé de São João do Estoril) e metade noutra quinta em Alhandra. A Alhandra, que era a uns dez quilómetros de Lisboa, parecia longíssimo. Lembro-me de ir pela velha estrada nacional —pois não havia a auto-estrada— e ver o vaivém dos teleféricos da cimenteira. O meu avô tinha uma quinta com muitos cães, entre os quais um que mordia as pessoas baixas. Para evitar isso, eu tinha que andar de andas.

Entre irmãos e primos, seis rapazes e três raparigas, as brincadeiras eram sempre muito arrapazadas. Corridas pelo cimo das árvores. Jogar à pedrada, à apanhada, ao “bilas”, à malha... Tudo coisas de rapazes, mas as raparigas faziam parte da tribo... e também davam pontapés. Uma vez, no jogo da malha – um jogo onde se lançam bolachas de ferro para acertar num pau – o meu irmão partiu os dentes a uma rapariga. Nunca mais esquecemos o acidente.

Eu era a mais nova, e os meus irmãos nem sempre tinham pachorra. Por vezes fazia de filha deles. Brincávamos aos polícias e ladrões e eu servia de pretexto para rapto. Um dia tinha sido roubada e a minha irmã Teresa, que ia comigo às cavalitas, caiu e eu bati com a cabeça e desmaiei. Fui parar ao hospital... mas não foi mau. Mesmo em férias, estar doente lá em casa era de boa memória: a nossa mãe e a Zula enchiam-nos de mimos e de livros aos quadradinhos... (...)






De Jorge Vaz de Carvalho, barítono, professor

As minhas férias grandes eram aquelas férias enormes que havia nessa altura. Como a família da minha mãe era do Algarve, íamos para lá dois meses. Um mês era passado no monte, outro na Praia da Rocha. Durante o segundo mês eu estava com os amigos, mas no primeiro estava sozinho, e tinha de inventar brincadeiras. Acho que isso foi óptimo. Inventava com um cão que lá havia, chamado Pombinho. Era um cão sem raça definida – de raça mete-nojo, como se dizia – que sucedera a um outro chamado Piloto. Herdou o domínio territorial, mas de início achou um pouco estranho. Lembro-me que no segundo ano pensei que ele não me ia reconhecer, mas saltou-me para cima e fez-me uma grande festa por ter passado um mês a brincar comigo, um ano antes.

Uma das brincadeiras que fazia com ele envolvia encontrar inimigos e combatê-los. Eu juntava uma quantidade enorme de calhaus em cima do forno do pão que funcionava como a minha torre do castelo. O cão era o meu lugar-tenente. Os inimigos eram os galináceos, os patos, etc. Eles não atacavam, só levavam. Eram os inimigos perfeitos. (...)


(Textos tomados do jornal Público, 5 de Setembro de 2009)




Rio de Onor

Fotografía de Beatriz Mendoza


Pastores de Rio de Onor, em Portugal; ao fundo vê-se Rionor, na província espanhola de Zamora. Vale a pena falar mais demoradamente um dia desta aldeia. Porquê? Porque é uma aldeia que é metade espanhola e metade portuguesa! O que acham?




quinta-feira, 29 de setembro de 2011

Tanta saudade



 "Ai, não estás aqui comigo e tenho tantas saudades tuas..." Toda a gente percebe isso, não é verdade?

Há várias mensagens sobre a saudade no blogue. Reparem nas etiquetas à direita, e cliquem naquela que diz isso, "saudade".

Por enquanto, leiamos um pouco do que a  Wikipédia nos diz sobre esta palavra:

Saudade é uma das palavras mais presentes na poesia de amor da língua portuguesa e também na música popular, "saudade", só conhecida em galego e português, descreve a mistura dos sentimentos de perda, distância e amor. A palavra vem do latim "solitas, solitatis" (solidão), na forma arcaica de "soedade, soidade e suidade" e sob influência de "saúde" e "saudar". 

Diz a lenda que foi cunhada na época dos Descobrimentos e no Brasil colónia esteve muito presente para definir a solidão dos portugueses numa terra estranha, longe de entes queridos. Define, pois, a melancolia causada pela lembrança; a mágoa que se sente pela ausência ou desaparecimento de pessoas, coisas, estados ou ações. Provém do latim "solitate", solidão. 

(Lamento, mas não me lembro do autor da fotografia)



quarta-feira, 28 de setembro de 2011

Red & Blue Attitude - Marco Moura


Marco Moura é o autor deste desenho, que se intitula Red & Blue Attitude. Ele é coimbrão, ou conimbricense, quer dizer, que nasceu na cidade de Coimbra, que fica no centro de Portugal.



terça-feira, 27 de setembro de 2011

Esqueça o cão...


Uma fotografia de Danielle Ferrari, que nos serve para ilustrar a revisão que andamos a fazer do imperativo no 3º ano.

(Vejam a etiqueta que diz "Imperativo" para verem mais fotografias ou desenhos em que aparece este modo verbal)

E reparem que avisar do perigo do nosso cão de guarda não é uma coisa nova. Os romanos já o faziam. Esse Cave canem que podemos ler no mosaico quer dizer em latim "Cuidado com o cão":





segunda-feira, 26 de setembro de 2011

A Avenida Paulista em São Paulo

Avenida Paulista e Parque Trianon


A Av. Paulista à noite

Desenho de Alan Rebello


"Nada como um role de skate em plena Av. Paulista. Surf total" (Daniel Lima)


Fotografia de Alfredo Rebelo

A Avenida Paulista é um dos logradouros ("espacios públicos") mais importantes do município de São Paulo, a capital do estado homônimo. Foi criada no final do século XIX, em 1896, e tem um comprimento de 2 700 m.

Aqui podem ver várias fotografias e um desenho da Avenida Paulista.


sexta-feira, 23 de setembro de 2011

Ai, Margarida (Deolinda e Cristina Branco)

Deolinda e Cristina Branco cantam Pessoa

Bem, quem escreveu este poemazinho? Fernando Pessoa ou Álvaro de Campos? Foi Álvaro de Campos pela mão do seu criador, Fernando Pessoa, e que também criou mais autores, chamados heterónimos. Já temos falado um bocado nisto outras vezes, mas vamos contar de novo na sala de aula. Pelo sim, pelo não...


AI, MARGARIDA

Ai, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que farias tu com ela?
— Tirava os brincos do prego,
Casava c'um homem cego
E ia morar para a Estrela.

Mas, Margarida,
Se eu te desse a minha vida,
Que diria tua mãe?
— (Ela conhece-me a fundo.)
Que há muito parvo no mundo,
E que eras parvo também.

E, Margarida,
Se eu te desse a minha vida
No sentido de morrer?
— Eu iria ao teu enterro,
Mas achava que era um erro
Querer amar sem viver.

Mas, Margarida,
Se este dar-te a minha vida
Não fosse senão poesia?
— Então, filho, nada feito.
Fica tudo sem efeito.
Nesta casa não se fia.

Álvaro de Campos / Fernando Pessoa



Magnífico - Paula Maestro


Paula Maestro é uma desenhadora e designer brasileira.



quarta-feira, 14 de setembro de 2011

Sejam todos bem-vindos!



Mais um ano letivo e o segundo ano de vida deste blogue começam hoje. Bem-vindos todos os alunos do 3º e 4º anos e todos aqueles que chegarem aqui.

Vamos continuar com a nossa aprendizagem do português. Espero que venham cá ler, consultar, ouvir música, numa palavra, aprender sem dar por isso (= "sin darse cuenta").



Ilustração de Selçuk Demirel