Cinema Europa, Lisboa (Fotografia de Estúdio Mário Novais)
Uma canção do grande contador de histórias Sérgio Godinho, cantor portuense. E o protagonista é o cinema, são os filmes. O mundo da ficção cinematográfica e a "realidade" onde nós habitamos...
ÚLTIMA SESSÃO
Come umas cerejas que são boas
Vamos ver o filme que hoje passa
Hoje não há sombras da desgraça
Hoje nem morreram nem pessoas
Só no filme há sangue verdadeiro
já que a verdade é coisa enganosa
só na vida há sonhos cor-de-rosa
só na noite o amor é curandeiro
Não há nem resposta p'rá pergunta
será que a paixão agora finda
será que de amor se move ainda
e assim o desenho à cor se junta?
Será que finda
será que ainda
temos enredo
pra tanto gosto
pra tanto medo
pra tanto susto
a vida é um doido brinquedo
Lá fora os obuses não descansam
vão em busca das realidades
negra é a madrugada das cidades
quando os vivos com os mortos dançam
A guerra, é puxar só por um fio
e enrola o novelo no soldado
passa do papel ao empedrado
junta a tinta e o sangue num só rio
Busca a caixa negra dos amores
estão lá todas as frases em saldo
o vermelho-cinza do rescaldo
e o vermelho – fogo multi-cores
Será que finda
será que ainda
temos enredo
pra tanto gosto
pra tanto medo
pra tanto susto
a vida é um doido brinquedo
Come umas cerejas. O que sentes?
morde com ciência e com afinco
conta pelos dedos de um a cinco
quantos são na terra os continentes?
Pássaros de ferro cruzam ares
largam suas unhas nos países
pelas ruas riscam cicatrizes
e nos jardins desenham só esgares
Será que finda
será que ainda
temos enredo
pra tanto gosto
pra tanto medo
pra tanto susto
a vida é um doido brinquedo
Vimos todo o filme de rajada
sempre de olhos postos no desfecho
do happy-end, eu nem sequer me queixo
só que a vida é mais emaranhada.
ÚLTIMA SESSÃO
Come umas cerejas que são boas
Vamos ver o filme que hoje passa
Hoje não há sombras da desgraça
Hoje nem morreram nem pessoas
Só no filme há sangue verdadeiro
já que a verdade é coisa enganosa
só na vida há sonhos cor-de-rosa
só na noite o amor é curandeiro
Não há nem resposta p'rá pergunta
será que a paixão agora finda
será que de amor se move ainda
e assim o desenho à cor se junta?
Será que finda
será que ainda
temos enredo
pra tanto gosto
pra tanto medo
pra tanto susto
a vida é um doido brinquedo
Lá fora os obuses não descansam
vão em busca das realidades
negra é a madrugada das cidades
quando os vivos com os mortos dançam
A guerra, é puxar só por um fio
e enrola o novelo no soldado
passa do papel ao empedrado
junta a tinta e o sangue num só rio
Busca a caixa negra dos amores
estão lá todas as frases em saldo
o vermelho-cinza do rescaldo
e o vermelho – fogo multi-cores
Será que finda
será que ainda
temos enredo
pra tanto gosto
pra tanto medo
pra tanto susto
a vida é um doido brinquedo
Come umas cerejas. O que sentes?
morde com ciência e com afinco
conta pelos dedos de um a cinco
quantos são na terra os continentes?
Pássaros de ferro cruzam ares
largam suas unhas nos países
pelas ruas riscam cicatrizes
e nos jardins desenham só esgares
Será que finda
será que ainda
temos enredo
pra tanto gosto
pra tanto medo
pra tanto susto
a vida é um doido brinquedo
Vimos todo o filme de rajada
sempre de olhos postos no desfecho
do happy-end, eu nem sequer me queixo
só que a vida é mais emaranhada.