Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

quarta-feira, 30 de janeiro de 2013

Como funciona uma livraria?



Como funciona uma livraria?

FREGUÊS: Bom Dia, menina!

LIVREIRA ANARQUISTA (logo desconfiada pela abordagem simpática. Que diz a experiência: o bizarro vem sempre precedido pelo aparentemente normal): Bom Dia…

FREGUÊS: Sabe-me dizer onde é que eu posso adquirir livros de instruções? Aqui não deve haver…

LIVREIRA ANARQUISTA (O que é que eu disse? Vou fazer uma tese sobre este assunto): Mas que tipo de instrução, pode ser um pouco mais preciso? Se for de condução, por exemplo, nós temos aqui alguns…

FREGUÊS: Nãonãonão, é de instruções de electrodomésticos mesmo. Aspiradores e essas coisas, ‘tá a ver? Como é chamado “livro” e isto é uma livraria pensei que pudesse vender aqui….


Fica para reflexão, porque ainda estou em convalescença e sem muita força anímica. Mas acompanhado dessa imagem; que não podia ser mais perfeita para a ocasião festiva.


(Lido em A Livreira Anarquista)




terça-feira, 29 de janeiro de 2013

Eu ouço

Eu ouço 

"Eu ouvo música?" Não!!!!!!!!!!!!!




Eu ouço / oiço

Tu ouves

Ele, ela... ouve

Nós ouvimos

Vocês ouvem

Eles, elas ouvem


segunda-feira, 28 de janeiro de 2013

Leia livros! (João Paulo Esperança)


Esta fotografia foi usada como ilustração num curso de língua portuguesa em tétum cujas lições eram publicadas no jornal timorense Lia Foun.

Vamos aproveitar para aprender mais um pouco.

Estamos a falar de Timor Leste.  Na Infopédia lê-se que Timor Leste é uma "Antiga colónia portuguesa, invadida por tropas da Indonésia em 1975, é o primeiro novo país independente a surgir no século XXI. Tem uma área de 15 007 km2 e, em 2006, a população estava estimada em 1 066 582 habitantes (2010). (...). O seu território corresponde à metade oriental da ilha de Timor, situada no vasto arquipélago indonésio, nas proximidades da Austrália."

E o tétum? Vejamos: "O Tétum (...) é a língua nacional e co-oficial de Timor-Leste . É uma língua austronésia — como a maioria das línguas autóctones da ilha — com muitas palavras derivadas do Português e do Malaio"(podem ler mais aqui: Instituto de Línguas da Universidade Nova de Lisboa)


Já repararam? A mulher retratada veste uma T-shirt da Galiza.

Fotografia e composição da autoria de João Paulo T. Esperança




sexta-feira, 25 de janeiro de 2013

A porta (Mia Couto e Franz Kafka)


Hoje temos um autor moçambicano, Mia Couto, que escreve em português, é claro, e um autor que sem ser alemão, escreveu nesta língua: Franz Kafka. São histórias de portas, umas portas muito especiais, como poderão comprovar.


A Porta

Era uma vez uma porta que, em Moçambique, abria para Moçambique. Junto da porta havia um porteiro. Chegou um indiano moçambicano e pediu para passar. O porteiro escutou vozes dizendo:
- Não abras! Essa gente tem mania que passa à frente!
E a porta não foi aberta. Chegou um mulato moçambicano, querendo entrar. De novo, se escutaram protestos:
- Não deixa entrar, esses não são a maioria.
Apareceu um moçambicano branco e o porteiro foi assaltado por protestos:
- Não abre! Esses não são originais!
E a porta não se abriu. Apareceu um negro moçambicano solicitando passagem. E logo surgiram protestos:
- Esse aí é do Sul! Estamos cansados dessas preferências…
E o porteiro negou passagem. Apareceu outro moçambicano de raça negra, reclamando passagem:
- Se você deixar passar esse aí, nós vamos-te acusar de tribalismo!
O porteiro voltou a guardar a chave, negando aceder o pedido. Foi então que surgiu um estrangeiro, mandando em inglês, com a carteira cheia de dinheiro. Comprou a porta, comprou o porteiro e meteu a chave no bolso. Depois, nunca mais nenhum moçambicano passou por aquela porta que, em tempos, se abria de Moçambique para Moçambique.

Mia Couto, escritor moçambicano




A Porta

E frente da Lei está um porteiro e junto deste chega um homem vindo do campo que lhe pede que o deixe entrar. O porteiro, todavia, diz que, de momento, não Ihe pode permitir a entrada. O homem, em seguida, pergunta se poderá entrar mais tarde. 'É possível’, responde o porteiro, 'mas neste momento não' Como a porta que conduz à Lei está aberta, como de costume, e o porteiro se afasta para o lado, o homem inclina-se para espreitar através da entrada. Quando o porteiro se apercebe desta tentativa, ri-se e diz: 'Se está tão tentado, experimente entrar sem a minha autorização. Mas repare que sou muito forte e, no entanto, sou apenas o porteiro mais baixo. De sala para sala encontrará um porteiro em cada porta, sendo cada um deles mais possante que o anterior. E o aspecto do terceiro homem é já, mesmo para mim, uma presença insuportável’ Estas são dificuldades que o homem vindo do campo não esperava encontrar, devendo a Lei, segundo ele, ser acessível a todos em qualquer altura; contudo, ao olhar mais de perto para o porteiro, envolto na sua capa de peles, com o seu enorme nariz pontiagudo e uma barba comprida e fina à tártaro, decide que é melhor esperar até ter autorização para entrar. O porteiro dá-lhe um banco e deixa-o ficar sentado ao lado da porta. Ali se conserva à espera durante dias e anos. Faz muitas tentativas para que o deixem entrar e fatiga o porteiro de tanto o importunar. Este inicia frequentemente breves conversas com ele, fazendo-lhe perguntas acerca da sua casa e de outros assuntos, mas essas perguntas são postas num tom bastante impessoal, tal como fazem os grandes senhores, e acabam sempre com a afirmação de que a entrada ainda lhe não é permitida. O homem, que se fornecera de muitas coisas para a sua viagem, desfaz-se de tudo o que possui, ainda que valioso, na esperança de subornar o porteiro. Este aceita as ofertas, dizendo, no entanto, quando as guarda: 'Aceito isto apenas para evitar que pense que deixou alguma coisa por acabar.' Durante todos estes longos anos, o homem observa o porteiro quase incessantemente. Esquece-se dos outros porteiros e este parece-lhe a única barreira entre ele próprio e a Lei. Nos primeiros anos, amaldiçoa em voz alta a sua ma sina; mais tarde, à medida que vai envelhecendo, apenas resmunga para consigo. Alcança a segunda meninice e, desde que no demorado estudo que fez do porteiro aprendeu a conhecer mesmo as pulgas que pousavam na sua gola de pele, pede as pulgas que o ajudem a persuadir o porteiro a mudar de ideias. Finalmente, os seus olhos já vêem mal e não sabe se o mundo que o rodela é realmente escuro ou se são os seus olhos que o enganam. Todavia, mesmo no meio da escuridão, consegue distinguir um fulgor que jorra indistintamente da porta da Lei. Mas a sua vida agora aproxima-se do fim. Antes de morrer, tudo o que suportou durante todo o tempo em que permaneceu à espera se condensou no seu espírito numa pergunta que jamais pusera ao porteiro. Chama este com um gesto, visto que já não pode erguer o seu corpo entorpecido. O porteiro tem de se curvar bastante para o ouvir, dado que a diferença de estatura entre eles se tinha acentuado muito em desfavor do homem. 'Que é que deseja saber agora?', pergunta o porteiro. 'Você é insaciável.' 'Todos procuram alcançar a Lei', responde o homem; como se explica, portanto, que, durante todos estes anos, ninguém a não ser eu tenha procurado o acesso a ela?' O porteiro sente que o homem está próximo do fim e que tem dificuldade em ouvir, pelo que lhe segreda ao ouvido: 'Ninguém excepto você pode entrar por esta porta, pois esta porta foi-lhe destinada. Vou agora fechá-la.'»

Franz Kafka. O Processo, Cap. IX.


Franz Kafka (Praga, 3 de julho de 1883 — Klosterneuburg, 3 de junho de 1924)  foi um dos maiores escritores de ficção do século XX. Kafka era de origem judaica, nasceu em Praga, Áustria-Hungria (atual República Checa), e escrevia em língua alemã. O conjunto de seus textos— na maioria incompletos e publicados postumamente — situa-se entre os mais influentes da literatura ocidental. 





terça-feira, 22 de janeiro de 2013

Umas palavras de Mário Quintana



Mário Quintana foi um poeta, tradutor e jornalista brasileiro. Vocês acham que o passado, passado está? Ou concordam com Mário Quintana? Se calhar, ainda é cedo demais para esta pergunta...




segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

O homem vitruviano hoje em dia



Por volta de 1490, Leonardo da Vinci desenhou num caderno de notas a figura compósita de um homem, ao qual talvez tenha pretendido atribuir a proporcionalidade ideal, já proposta por Vitrúvio, arquitecto romano, no século I antes de Cristo. Este “homem vitruviano” contém-se nos limites de duas figuras perfeitas: o círculo e o quadrado. (Fonte)




sexta-feira, 18 de janeiro de 2013

Direitos do leitor (Gabriel Pennac)

Giuseppe  Arcimboldo

Estes são os direitos do leitor que nos dá o escritor francês Gabriel Pennac no seu livro Como um romance:


1) O direito de não ler.

2) O direito de pular páginas.

3) O direito de não terminar um livro.

4) O direito de reler.

5) O direito de ler qualquer coisa.

6) O direito de amar os "heróis" dos romances.

7) O direito de ler em qualquer lugar.

8) O direito de ler uma frase aqui e outra ali.

9) O direito de ler em voz alta.

10) O direito de não falar do que se leu.





Flip - Villa Lobos - São Paulo



Flip - Villa Lobos - São Paulo é uma fotografia de Fernando Machado.




Quando escrevo -ão e quando-am?



As palavras graves (ou seja, cuja vogal tónica está na penúltima sílaba) que terminam em <ão> ou <ã>, incluindo os respectivos plurais, escrevem-se sempre com acento gráfico. Caso contrário, teriam de ser pronunciadas como agudas, ou seja, com a tónica na última sílaba.

Assim, escreva-se Crisvão, órfão, ór, órgão, ogãos, acórdão, tão, etc. - porque a sílaba pronunciada com mais força não é a mesma de palavras como então, coração, sensação, algodão e violão - essas, sim, sem acento gráfico, porque a vogal tónica já tem o til e não há qualquer margem para dúvidas. 

E, já agora, quando há dúvidas sobre a grafia da terminação de certas formas verbais, como estão, entram, serão, andam, entre outras (que muito boa gente já escreve mal: "estam", "entrão" e por aí fora), o truque é precisamente verificar qual a vogal que se pronuncia com mais intensidade: se for a penúltima, a forma verbal escreve-se com <am> (entram, andam, contam, deram); se for a última, então não há que enganar: escreve-se com <ão> no fim: estão, serão, dão, cantarão.


("Cristovão"? Não será "Cristo vai"?! foi lido no blogue Língua à Portuguesa)

quinta-feira, 17 de janeiro de 2013

Dançar na corda bamba (Clã)


Show da banda portuguesa Clã na Chopperia do Sesc Pompeia, São Paulo. Participações de Fernanda Takai e John Ulhoa. 28/11/2009  

DANÇAR NA CORDA BAMBA

A vida é como uma corda
De tristeza e alegria
Que saltamos a correr
Pé em baixo, pé em cima
Até morrer

Não convém esticá-la
Nem que fique muito solta
Bamba é a conta certa
Como dança de ida e volta
Que mantém a via aberta

Dançar na corda bamba
Não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da Corda Bamba

Salta agora pelo amor
Ele dá o paladar
Mesmo que a tua sorte
Seja a de um perdedor
Nunca deixes de saltar

Se saltares muito alto
Não tenhas medo de cair (baby)
De ficar infeliz
Feliz a cem por cento
Só mesmo um pateta feliz

Dançar na Corda Bamba
Não é techno, não é samba
É a dança do ter e não ter
É a dança da Corda Bamba


quarta-feira, 16 de janeiro de 2013

Ideias para um novo filme?

Fonte: Literatortura



Às vezes, parece que dizer coisas lógicas não é bom, e até pode ser perigoso...




segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Calle Príncipe, 25 (José Tolentino Mendonça)




CALLE PRÍNCIPE, 25

Perdemos repentinamente
a profundidade dos campos
os enigmas singulares
a claridade que juramos
conservar

mas levamos anos
a esquecer alguém
que apenas nos olhou

José Tolentino Mendonça


sexta-feira, 11 de janeiro de 2013

Dois bons conselhos


Achei isto numa página brasileira. Também podia dizer "desligue o computador e vá ler um livro", não é?

E porque se intitula esta mensagem, este post, "Dois bons conselhos". Porque quando dei título ao meu achado, me lembrei de uma canção de Chico Buarque assim chamada. E nós vamos ouvi-la na voz de Maria Bethânia. Gosto da letra, gosto da música. E vocês?


BOM CONSELHO

Ouça um bom conselho
Que eu lhe dou de graça
Inútil dormir que a dor não passa
Espere sentado
Ou você se cansa
Está provado, quem espera nunca
Alcança

Venha, meu amigo
Deixe esse regaço
Brinque com meu fogo
Venha se queimar
Faça como eu digo
Faça como eu faço
Aja duas vezes antes de pensar

Corro atrás do tempo
Vim de não sei onde
Devagar é que se não vai longe
Eu semeio vento na minha cidade
Vou para a rua e bebo a tempestade





Olha a bola!



Podem encontrar mais destes gifs animados em Audio Glass.



quinta-feira, 10 de janeiro de 2013

À mesa (Roby Amorim)



À MESA

Já ninguém tem regras nem horas para estar à mesa, dizem os mais velhos. Pelo menos no que respeita à terminologia estarão cheios de razão.

Começava-se o dia com a parva (a pequena refeição) ou desjejum, o mata-bicho, hoje o pequeno almoço.

O almoço vinha um pouco mais tarde, mas ainda à pressa, ao calhar da conveniência dos horários de cada um. A palavra não é árabe, como pode julgar-se pelo al inicial. É romana: ad-morsus, ou seja, à dentada, rapidamente para ir à vida.

A merenda fazia-se no pino do calor como um intervalo indispensável, ao meio-dia (meridie) e só no regresso a casa a familia acabava por se juntar na ceia (do grego koene, conjunto). Os simpósios que hoje reúnem professores, cientistas, etc. não passavam de uma patuscada, de pretexto para mais uns copos, pois simpósio significa beber em conjunto.

Na Idade Média, a mesa era posta pela simples razão de que não havia casa de jantar e comia-se ao gosto do momento, aqui ou ali.

A mesa (ou mensa, como se diz nalguns sítios do Alentejo mantendo exactamente o termo latino) era armada (posta) sobre pernas em xis, como ainda se faz com os tabuleiros dos vendedores ambulantes.

Antes de se levantar a mesa, tirava-se a toalha, já bem suja porque os comensais ali tinham limpo as mãos (embora fosse de regra não meter na comida mais do que as pontas dos dedos, que também podiam limpar-se ao pêlo dos cães que solicitavam um osso sobrante). O que vinha depois, as frutas e os doces era comido directamente sobre a mesa. Daí a sobremesa.

Comia-se com colher ou à mão de um recipiente comum e daí cada um meter a sua colherada.

O garfo só vai aparecer no século XVI. Objecto insólito, cuja primeira utilidade, então com um só dente, fora a de escrever as missivas romanas sobre tabuinhas de cera. Era o graphium com que se grafava, ou se escrevia.

Garfo, que, no passado, se apelidara stylum, o instrumento com que se grafavam os caracteres cuneiformes nas Babilónias e Caldeias. Cada qual com o seu estilo, e os cirurgiões com o seu estilete para fazerem talhos nos males que nos afligem, e daí, talhante, o que corta a carne que comemos, cada dia mais doloroso... E comemos, claro, com os nossos talheres.

Roby Amorim, Elucidário de conhecimentos quase inúteis    



Nota. Explicação da expressão idiomática meter a sua colherada:

Meter a colherada (ou a colher). Quer dizer meter-se em assuntos ou conversas alheias. Com uma ou outra leve diferença, usa-se também «meter o bedelho», «meter o bico», «meter-se onde não é chamado», «meter a foice em seara alheia», «meter o nariz (onde não é chamado)», «meter-se na vida alheia», etc., etc.
(Ciberdúvidas)





quarta-feira, 9 de janeiro de 2013

terça-feira, 8 de janeiro de 2013

Bem-vindos ao ano 2013

 Fonte: Lisbon Lovers

Damos as boas-vindas a todos os alunos a este ano de 2013 desde Lisboa. As férias ficaram atrás. Devemos continuar com o nosso trabalho. Há muita vontade...?

Já repararam na perspetiva dos azulejos do nosso postal de hoje? Uma das palavras que nos vem à cabeça quando falamos de Portugal é azulejo. Um presente para os nossos olhos. Havemos de falar aqui mais sobre o azulejo.



sábado, 5 de janeiro de 2013

Este ano vai ser diferente


Fonte: Humor inteligente 


Uma perguntinha muito fácil: porque podemos deduzir que o original é inglês?