Alcântara é uma freguesia portuguesa do concelho de Lisboa, pertencente à Zona Ocidental da capital, com 5,07 km² de área e 13 943 habitantes. Densidade: 2 750,1 hab/km². O seu nome deriva do árabe al-qantara, que significa "ponte". Assim se chamava a ponte que atravessava a ribeira nessa área, que acabou por se chamar ribeira de Alcântara.
Para conhecer melhor algumas das obras da exposição, a curadora Mariana Pinto dos Santos apresenta mais uma obra entre as mais de quatro centenas expostas nesta grande mostra.
José de Almada Negreiros: uma maneira de ser moderno
Até 5 de junho
Galerias de Exposições Temporárias - Edifício Sede
José Sobral de Almada Negreiros GOSE (Trindade, São Tomé e Príncipe, 1893 — Lisboa, 1970) foi um artista multidisciplinar português que se dedicou fundamentalmente às artes plásticas (desenho, pintura, etc.) e à escrita (romance, poesia, ensaio, dramaturgia), ocupando uma posição central na primeira geração de modernistas portugueses. (Wikipédia)
Pintora portuguesa radicada em Inglaterra, Paula Rego nasceu a 26 de janeiro de 1935, em Lisboa. Formou-se na Slade School of Art e, nos inícios dos anos 60 do século XX, foi bolseira da Fundação Calouste Gulbenkian. A sua primeira aparição perante o público lisboeta deu-se em 1961, na II Exposição da Gulbenkian, tendo o seu trabalho sido bem acolhido pela crítica. O surrealismo e o expressionismo influenciaram estes primeiros desenhos e colagens. Passou pelo movimento da pop art inglesa, conservando, contudo, uma temática muito pessoal.
O cantor português Salvador Sobral tem mais canções, pois tem, como esta, que se intitula Nem eu:
NEM EU
Não fazes favor nenhum em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor não fui eu
Não fui eu, não fui eu, não fui eu, nem ninguém
O amor acontece na vida
Estavas desprevenida e, por acaso eu também
E como o acaso é importante, querida
De nossas vidas a vida fez um acaso também
Não fazes favor nenhum em gostar de alguém
Nem eu, nem eu, nem eu
Quem inventou o amor não fui eu, não fui eu
Não fui eu, não fui eu, nem ninguém
Achei esta mensagem no blogue de uma jovem de Almada, que fica em frente da cidade de Lisboa e pertence ao distrito de Setúbal, e que foi trabalhar um dia a Cabo Verde como professora. Ela chama-se Joana Fernandes.
Eu colei o texto tal e como ele aparece no seu blogue Escritos. Gostei do que ela escreve e, ainda por cima, fala de saudade... Como temos estado a ver o que é que isso é, ótimo achado!
Antes de começar a ler, uma definição da palavra estória, que vão encontrar no texto: "Talvez por decalque do inglês "story" a palavra estória seja utilizada como sinónimo de narração curta, pequena historieta de entretenimento" (Ciberdúvidas)
Alma(da)
Passei hoje na cidade do costume com outros olhos. Na minha cidade. Olhos de ver. Parei. Hoje vi a minha cidade. Pus-me com olhos de ver na cidade que levo no coração para todo lado. No coração. A minha cidade, que tem alma e que pisca o olho a Lisboa.
Sentei-me no chão das estórias da história que passou por ali. Estórias que pintaram a Alma das cores que cheiram a Tejo. E sonhei.
Acordou-me a inveja da miúda que saltava à corda na rua. Saltava à corda, com a alma cheia de sorrisos despreocupados. Ia ficar ali todas as horas do mundo porque não sabia ver horas. E só tinha as horas todas do mundo. Todas as horas do mundo para ela, naquela cidade de ruas estreitas. Todas as horas do mundo para saltar à corda. As luzes acenderam-se e a noite foi trazendo o vento. Vim a ver a rua e senti saudades. Saudades de quando um choro gritado era imperativo e panaceia, porque alguém resolvia o que fosse, ali, logo. Saudades do beijinho da mãe, que fazia a dor passar. Saudades da boca lambuzada de chocolates e gelado. Saudades de não saber ver as horas.
Saudades repetidas. E de mais gelados e de mais chocolate. Saudades de brincar, na calçada, onde esfolava os joelhos, até não haver sol. Saudades dos amigos imaginários com quem nunca mais falei.
Saudades de mim antes de ser este eu de agora. Saudades de me encontrar, perdida, na minha minha Almada. Que tem cheiro de poesia e de coisas a que os miúdos pequenos brincam.
Melancolia esquisita, de quem vai embora mas fica sempre, sempre, com uma fotografia bem dobrada dentro do peito.
Obrigada.
* * * * * * * * * * * * *
E agora damos mais um pulo: já fomos de Almada, em Portugal, na Europa, a Cabo Verde, na África; e daqui à América, ao Brasil, com Ana Carolina e Seu Jorge, que cantam para nós, Tanta saudade, composição de Chico Buarque e Djavan.
TANTA SAUDADE
Era tanta saudade
É, pra matar
Eu fiquei até doente
Eu fiquei até doente, menina
Se eu não mato a saudade
É, deixa estar
Saudade mata a gente
Saudade mata a gente, menina
Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Fui até o centro da terra
E é mais além
Procurei uma saída
O amor não tem
Estava ficando louco
Louco, louco de querer bem
Yeah, tum tum tum, tumtumtumtum, yeah...
Mas restou a saudade
É, pra ficar
Ai, eu encarei de frente
Ai, eu encarei de frente, menina
Se eu ficar na saudade
E deixar
Saudade engole a gente
Saudade engole a gente, menina
Quis saber o que é o desejo
De onde ele vem
Fui até o centro da terra
E é mais além
Procurei uma saída
O amor não tem
Estava ficando louco
Louco, louco de querer bem
Quis chegar até o limite
De uma paixão
Baldear o oceano
Com a minha mão
Encontrar o sal da vida
E a solidão
Esgotar o apetite
Todo o apetite do coração
Tum tum tum, tumtumtumtum, yeah...
Ai, amor, miragem minha, minha linha do horizonte, é monte atrás de monte
é monte, a fonte nunca mais que seca
Ai, saudade, inda sou moço, aquele poço não tem fundo, é um mundo e dentro
um mundo e dentro é um mundo que me leva...
Salvador Sobral a cantar em Kiev na noite de sábado
Já viram? Não era por acaso que estava entre as canções favoritas para ganhar Eurovisão.. e eis que ganhou! Acrescentamos o vídeo da atuação no festival e uma curiosidade: a letra da canção traduzida para muitas línguas. Como bem sabem, aprender línguas estrangeiras é bom, muito bom!
“Amar pelos Dois” traduzido para 16 línguas: veja aqui
13.05.2017 às 22h22
A canção dos manos Sobral despertou curiosidade além-fronteiras. Um site tratou de traduzi-la para 16 línguas
O site Unbabel decidiu traduzir a letra de "Amar pelos Dois", que representa Portugal no Festival da Eurovisão, para várias línguas.
"A participação de Salvador Sobral, de Portugal, é uma das poucas que são cantadas na língua natal do concorrente. Quisemos que todos pudessem perceber as suas bonitas palavras. Cliquem na bandeira ao fundo do ecrã para mudar as legendas do vídeo e ver as letras. Boa sorte, Salvador!".
Salvador Sobral critica "mundo de música descartável" em que vivemos
"A música não é fogo-de-artifício, é sentimento", disse o vencedor do Festival Eurovisão da Canção
O cantor Salvador Sobral, que venceu no sábado o festival da Eurovisão, um feito inédito para Portugal, considerou que a "música não é fogo-de-artifício, é sentimento" e que "vivemos num mundo de música descartável", apelando para uma mudança.
"Vivemos num mundo de música descartável, de música 'fast-food' sem qualquer conteúdo. Isto pode ser uma vitória da música, das pessoas que fazem música que de facto significa alguma coisa. A música não é fogo-de-artifício, é sentimento. Vamos tentar mudar isto. É altura de trazer a música de volta, que é o que verdadeiramente interessa", disse Salvador Sobral nas primeiras declarações após a vitória no festival.
A canção que representa Portugal no Festival de Eurovisão deste ano, que se celebra hoje em Kiev, na Ucrânia. Composta por Luísa Sobral e interpretada pelo irmão, Salvador Sobral. E pelos vistos está entre as favoritas. Bom, vamos lá ver...
Em baixo a versão acústica.
AMAR PELOS DOIS
Amar pelos dois
Se um dia alguém
Perguntar por mim
Diz que vivi
Para te amar
Antes de ti
Só existi
Cansado e sem nada p’ra dar
Meu bem
Ouve as minhas preces
Peço que regresses
Que me voltes a querer
Eu sei
Que não se ama sozinho
Talvez devagarinho
Possas voltar a aprender
Se o teu coração
Não quiser ceder
Não sentir paixão
Não quiser sofrer
Sem fazer planos
Do que virá depois
O meu coração
Pode amar pelos dois
Autoria: Luísa Sobral | Interpretação: Salvador Sobral
No dia 27 de abril, os amigos elvenses da Escola Secundária D. Sancho II devolveram-nos a visita que fizemos a Elvas no passado 25 de outubro. Naquela ocasião, apresentámos dois jogos tradicionais: o jogo do lenço e o jogo das vogais.
Desta vez, os portugueses trouxeram um chamado o piolho e que, pelos vistos, dizem-me, na nossa língua é chamado "el cementerio".
Toda a gente sabe como jogar, mas, por causa da língua, vou dar a descrição em português (tirada de Jogos tradicionais). Também é conhecido como o jogo do mata:
Número de jogadores: No mínimo quatro jogadores.
Material: Uma bola e um sítio onde jogar.
Como se joga: Antes de começar o jogo desenham-se três linhas paralelas num terreno plano a uma distância equivalente. Sorteiam-se dois jogadores que vão ser os piolhos, que ficam de lado aposto fora das linhas (como demonstra a figura). Os outros jogadores devem estar dentro das linhas. O objectivo do piolho é passar a bola ao outro piolho sem que os jogadores dentro das linhas consigam agarrar a bola, se um dos jogadores agarrar a bola troca de lugar com o piolho.
Os jogadores dentro das linhas não as podem ultrapassar.
Cá estão algumas fotografias desse jogo em que todos, todos, desfrutaram imenso! E tivemos um ótimo dia de primavera: sol e céu limpo.
Há tantas coisas para dizer da saudadee do seu significado! Para que não se esqueçam dela e pratiquem ao mesmo tempo a leitura, cá temos hoje um conto de Cristina Taquelim, grande narradora oral, de quem podem ler em baixo uma pequena biografia.
Ah, antes de começar, pelo sim pelo não, manas é uma forma popular de irmãs (e também estão os manos, claro!)
AS MANAS SAUDADE
Era uma vez 3 manas que eram só saudade.
Uma chamava-se Maria da Saudade, outra Saudade Maria e a mais nova chamava-se Saudade da Purificação.
Moravam no nº 9 do Jardim da Rampa, mas toda a gente só conhecia o Largo pelo Largo das manas Saudade.
Talvez condenadas pelo nome, tinham saudade de tudo: Saudade do que foram. Saudade do que seriam. Saudade do que deixaram. Saudade até do que ainda não tinham vivido.
Por isso guardavam objectos, lembranças, coisas preciosas e mais tarde, outras que nem por isso. Coisas que com o tempo vão deixando de ser úteis, vão deixando de ter significado. Coisas a mais.
Ter uma saudade assim também traz as suas complicações e de saudade em saudade, foram enchendo a casa de tralha, quinquilharia, trecos, tarecos, trapos. Primeiro o sótão e quando já não cabia, foram espalhando lembranças pelos corredores, pelas estantes e armários e até o quintal se foi enchendo de turgia.
Chegou uma altura em que quase não conseguiam viver com tanta saudade assim e um dia … resolveram matar as maganas das saudades.
Puseram à venda a tralha, a quinquilharia, os trecos, tarecos e trapos – esvaziaram casa e quintal e abriram o portão aos amigos: aos de sempre, aos de ontem, aos de hoje e até aos que não sendo amigos poderiam vir a ser – desafiaram-nos a estarem juntos e assim matar saudades.
Não fizeram convites pessoais para ninguém ficar triste por ter sido esquecido.
Na porta escreveram: Seja bem vindo quem vier por bem!
E muitos vieram!
Desde aquele dia, uma vez no ano, por altura da festa da aldeia, o quintal 9 abre a porta. E algo estranho acontece a pouco e pouco, todos os que na aldeia, também gostam de abrir portas e juntam-se às manas. Abrem a porta dos seus quintais, das suas casas e fazem da aldeia uma enorme sala de visitas.
Cristina Taquelim
Vocabulário (Infopédia):
tralha = 4. popular conjunto de móveis ou utensílios caseiros de pouco valor.
quinquilharia = 2. objetos vários para diversos usos
treco = popular mal-estar; chilique (esp. "soponcio", "indisposición")
tarecos = 1. objeto velho, de pouco valor
magana= namoradeira; desenvolta; (Dicionário Priberam: Que ou quem demonstra malícia ou malandrice. = MALANDRO)
Cristina Taquelim nasceu em Lagos em 1964. Licenciou-se em Psicologia Educacional e fez Pós-Graduação em Ciências Documentais. É Mediadora de Leitura e Técnica assessora da Administração Local na Biblioteca Municipal de Beja, onde é responsável, a par dos projectos continuados de mediação da leitura, pelos programas de Narração Oral na Biblioteca, as Palavras Andarilhas e as Mil e Uma Noites Mil e uma Histórias. Figura de referência no panorama nacional, tem apresentado diversas comunicações em colóquios e congressos sobre mediação e dinamizado oficinas nesta área. Desenvolve desde 1995 actividade como narradora, tendo trabalhando com públicos de todas as idades e participado em diversos encontros em Portugal, Brasil, Moçambique, São Tomé e Príncipe, Cabo Verde, Espanha e Argentina.
Pois é, meninos e meninas, houve um Estado português da Índia. Vamos lá ver...
O Estado da Índia ou Índia Portuguesa foi um Estado ultramarino português, fundado em 1505, seis anos depois do descobrimento da rota entre Portugal e o subcontinente indiano, para servir de referência governamental para uma cadeia de fortificações, feitorias e colónias de ultramar. O primeiro Vice-Rei foi D. Francisco de Almeida, que estabeleceu seu governo em Cochim (Kochi). Os governadores subsequentes não receberam o título de Vice-rei.
Em 1530 a capital do Estado da Índia foi transferida para Goa e, antes do século XVIII, o governador português ali estabelecido exercia sua autoridade em todas as possessões portuguesas no oceano Índico, desde a monção do Cabo da Boa Esperança, a oeste, passando pelas Ilhas Molucas, Macau e Nagasaki (esta não formalmente parte dos domínios portugueses) ao leste. Em 1752, Moçambique passou a ter um governo próprio e em 1844 foi a vez dos territórios de Macau, Solor e Timor, restringindo a autoridade do governador do Estado da Índia às possessões portuguesas na costa de Malabar, permanecendo assim até 1961.
Antes da independência da Índia, ocorrida em 1947, os territórios portugueses se restringiam à Goa, Damão, Diu, e Dadrá e Nagar-Aveli. Portugal perdeu o controle efetivo dos enclaves de Dadrá e Nagar-Aveli em 1954 e, finalmente, o resto dos territórios do subcontinente indiano em dezembro de 1961, quando foram tomados por uma operação militar indiana. Apesar da tomada pela Índia dos territórios portugueses no subcontinente, Portugal reconheceu oficialmente o controle indiano somente em 1975, após a Revolução dos Cravos e da queda do regime do Estado Novo.
A Índia Portuguesa durou de 1505 a 1961, tendo variações geográficas ao longo de seus mais de 4 séculos de existência.
Como já vimos, a saudade pertence ao mundo da língua portuguesa e, deste modo, qualquer pessoa que fale português no mundo, pode dizer, como este poeta brasileiro do século XIX, "Que saudades que eu tenho..."
MEUS OITO ANOS
Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Como são belos os dias
Do despontar da existência!
– Respira a alma inocência
Como perfumes a flor;
O mar é – lago sereno,
O céu – um manto azulado,
O mundo – um sonho dourado,
A vida – um hino d’amor!
Que auroras, que sol, que vida,
Que noites de melodia
Naquela doce alegria,
Naquele ingênuo folgar!
O céu bordado d’estrelas,
A terra de aromas cheia,
As ondas beijando a areia
E a lua beijando o mar!
Oh! dias de minha infância!
Oh! meu céu de primavera!
Que doce a vida não era
Nessa risonha manhã!
Em vez de mágoas de agora,
Eu tinha nessas delícias
De minha mãe as carícias
E beijos de minha irmã!
Livre filho das montanhas,
Eu ia bem satisfeito,
De camisa aberta ao peito,
– Pés descalços, braços nus –
Correndo pelas campinas
À roda das cachoeiras,
Atrás das asas ligeiras
Das borboletas azuis!
Naqueles tempos ditosos
Ia colher as pitangas,
Trepava a tirar as mangas,
Brincava à beira do mar;
Rezava às Ave-Marias,
Achava o céu sempre lindo,
Adormecia sorrindo,
E despertava a cantar!
Oh! que saudades que eu tenho
Da aurora da minha vida
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!
– Que amor, que sonhos, que flores,
Naquelas tardes fagueiras
À sombra das bananeiras,
Debaixo dos laranjais!
Casimiro de Abreu
Casimiro José Marques de Abreu (1837 - 1860) foi um poeta brasileiro da segunda geração do Romantismo.