Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

segunda-feira, 11 de março de 2013

Gonçalo M. Tavares na Aula Díez-Canedo


Na passada sexta-feira, um dia de tanta chuva, o escritor e poeta português Gonçalo M. Tavares leu os seus versos para os alunos de diferentes escolas de Badajoz na Aula de Poesia Enrique Díez-Canedo. Foi apresentado por dois alunos de 1º de Bachillerato desta escola, Fátima Cuadrado e  Víctor Méndez.

Tavares não só leu os seus versos, que os alunos seguiram nos livrinhos que lhes são oferecidos, mas falou da importância da leitura de boa poesia e da boa literatura para fugir às armadilhas que encontramos todos os dias nas palavras dos jornais ou da televisão.


O SOL

Na infância o sol era um companheiro mais alto,
Que aparecera primeiro no campo de futebol, e aí, parado,
Guardava as costas da baliza e a erva que se tornava quente.
Como se o sol fosse de facto um instrumento de cozinha,
Aperfeiçoado, antigo, mas instrumento, matéria
Que os meninos agarravam com os dedos e cuja
Intensidade podiam por vontade própria regular.
Por exemplo: quando a luz era excessiva
Os dedos protegiam os olhos. Outras vezes
O corpo parecia a conclusão
Natural, instintiva, do calor que vinha de cima:
Recebíamos o sol como o ponto final recebe
Uma frase. Fazia mais sol quando eu tinha seis anos
(quem o fazia?) ou com o tempo e o tédio
Me fui distraindo?

Gonçalo M. Tavares








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