Uns versos escritos em 1885 pelo poeta português Guerra Junqueiro para o seu livro A Velhice do Padre Eterno.
O DINHEIRO DE S. PEDRO
De tal modo imitou o Papa a singeleza
Do mártir do Calvário,
Que à força de gastar os bens com a pobreza
Tornou-se milionário.
Tu hoje podes ver, ó filho de Maria,
O teu vigário humilde
Conversando na Bolsa em fundos da Turquia
Com o Barão Rothschild.
A cruz da redenção, que deu ao mundo a vida
Por te haver dado a morte,
Tem-na no seu bureau o padre-santo erguida
Sobre uma caixa-forte.
E toda essa riqueza imensa, acumulada
Por tantos financeiros,
O que é a economia, ó Deus! foi começada
Só com trinta dinheiros!
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