Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

segunda-feira, 11 de novembro de 2019

O que significa "queque"?



(Saldos, cupões e clientes especiais)

As lojas queques têm um código de máfia para saldos secretos? O cupão pode ser uma droga?

Sempre quero ver se alguém me fica com o casaquinho de Inverno que ando a namorar desde a canícula de Outubro. Assenta-me como uma luva e já o experimentei umas três vezes. Cai impecavelmente: "Até parece que foi feito para as suas medidas", diz o tipo da loja passando-me a mão pelo pêlo e dando a entender que normalmente só um alfaiate saberia disfarçar alguns dos defeitos anatómicos. Ora bem... e diga lá quando é que começam as promoçõezinhas para passar por cá? "Ah isso é segredo..." Olha-me este a fazer capelinha. A máfia das lojas avisa os "clientes especiais" por sms e faz festinhas privadas só para lhes dar as melhores peças a metade do preço e está-se a fazer caro comigo?

Luis Pedro Nunes (www.expresso.pt)


Eu perguntava por queque como adjetivo, vamos ver o verbete completo da Infopédia:

queque

ˈkɛk(ə)

nome masculino
CULINÁRIA bolo pequeno e fofo feito de farinha, manteiga, açúcar e ovos

adjetivo, nome de 2 géneros

coloquial que ou pessoa snobe que cultiva uma aparência sofisticada e que, geralmente, é pretensiosa e afetada; snobe

Do inglês cake, «bolo»


E no dicionário Priberam, lemos:

adjectivo de dois géneros e substantivo de dois géneros

2. [Portugal, Informal, Depreciativo] Que ou quem tem aparência pretensiosa, arrogante.

3. [Informal] Que ou quem é considerado chique, elegante, bem-vestido ou fino.

E queque é sinônimo de beto, que significa (Infopédia):

coloquial pessoa, geralmente jovem, pertencente a um meio abastado e socialmente favorecido, que usa roupas e acessórios caros e frequenta os lugares da moda.






quinta-feira, 7 de novembro de 2019

Chegada dos portugueses à China


Retirado de Crónicas Macaenses:


Após a descoberta do caminho marítimo para a Índia, os portugueses continuaram as suas explorações para oriente. Assim, em 1513, Jorge Álvares chegou à Ilha de Ling-Ting, onde ergueu um padrão, e onde foi enterrado em 1521. Em 1515, Rafael Perestrelo chegou ao Rio da Pérola. Estes terão sido os primeiros contactos dos portugueses com a China. A partir daí vão intensificar-se os contactos, sobretudo de ordem comercial. Após alguns incidentes, as autoridades chinesas proibiram o comércio com os portugueses, até que restituíssemos Malaca ao anterior sultão. Os portugueses passaram então a contrabandear, até que por 1554 as relações normalizaram.

Foi nestas terras da China que se estabeleceram os Jesuítas, entre os quais se salientou S. Francisco Xavier, mas também alguns missionários portugueses, dois dos quais foram assassinados em 1521, no Rio da Pérola.

Por 1553, Leonel de Sousa obtém autorização para que os portugueses se possam estabelecer em Cantão e em Macau. Macau foi depois entregue aos portugueses como recompensa do auxílio por eles prestado aos chineses contra a pirataria marítima no período de 1557 a 1564.

Infopédia



A primeira vez que andei de avião



Um rapaz conta como é que foi a primeira vez que ele andou de avião. Como é que foi a vossa primeira vez? Contem-me!


A primeira vez que andei de avião

Quando cheguei ao aeroporto estava muito nervoso.Fui comer uma sandes, isto à hora de almoço. Depois fui fazer o check-in, com o meu pai, a minha mãe e os meus irmãos: Daniel e Gil. De seguida fomos a uma espécie de centro comercial. E fomos andando para uma sala de espera. Quando chamaram os passageiros para o nosso voo, nós dirigimo-nos a uma caixa, depois fomos de autocarro até o avião. Aí começava a sentir-me muito nervoso. Quando me sentei, foi ao lado do meu pai e da minha mãe. Dei a mão à minha mãe e o avião começou a levantar. Deu-me um friozinho na barriga mas passou quando já lá estávamos no alto, não se sentia nada. Li um bocadinho e passou-se bem, depois veio o lanche, era uma sandes de peru com queijo e a bebida era compal. Depois sobrevoamos Londres. E indicaram que íamos aterrar, pois porque havia sempre indicações. Quando aterrámos o meu pai gritou e toda a gente olhou para ele, apesar de ter sido uma boa aterragem. O voo foi demais, adorei!!!

Duarte Júlio


(Blog Maravilha)




quarta-feira, 6 de novembro de 2019

A árvore (Sophia de Mello Breyner Andresen)


No centenário de Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de novembro de 1919 — Lisboa, 2 de Julho de 2004)


"Reconto de A Árvore de Sophia de Mello Breyner Andresen, utilizando estampas japonesas. Participação no BiblioFilmes: Livros, Bibliotecas, Acção! (limite de tempo 3.14 m.!!!) "


A ÁRVORE

Era uma vez – em tempos muito antigos, no arquipélago do Japão – uma árvore enorme que crescia numa ilha muito pequenina.

Os japoneses têm um grande amor e um grande respeito pela Natureza e tratam todas as árvores, flores, arbustos e musgos com o maior cuidado e com um constante carinho.

Assim, o povo dessa ilha sentia-se feliz e orgulhoso por possuir uma árvore tão grande e tão bela: é que em nenhuma outra ilha do Japão, nem nas maiores, existia outra árvore igual. Até os viajantes que por ali passavam diziam que mesmo na Coreia e na China nunca tinham visto uma árvore tão alta, com a copa tão frondosa e bem formada.

E, nas tardes de Verão, as pessoas vinham sentar-se debaixo da larga sombra e admiravam a grossura rugosa e bela do tronco, maravilhavam-se com a leve frescura da sombra, o suspirar da brisa entre as folhagens perfumadas.

Assim foi durante várias gerações.

Mas, com o passar do tempo, surgiu um problema terrível, e por mais que todos meditassem e discutissem, ninguém era capaz de arranjar uma boa solução.

Porque, ao longo dos anos, a árvore tinha crescido tanto, os seus ramos tinham-se tornado tão compridos, a sua folhagem tão espessa e a sua copa tão larga que, durante o dia, metade da ilha ficava sempre à sombra.

De maneira que metade das casas, das ruas, das hortas e dos jardins nunca apanhava sol.

E, na metade ensombrada, as casas estavam a ficar húmidas, as ruas tinham-se tornado tristes, as hortas já não davam legumes, os jardins já não davam flor. E a gente que ali morava andava sempre pálida e constipada.

E, à medida que a sombra da árvore crescia, crescia também a perturbação.

As pessoas gemiam:

— Que havemos de fazer? Que havemos de fazer?
 
* * *



Até que foi decidido a população reunir-se toda em conselho para examinar bem o problema e decidir o remédio que devia dar-lhe.

Discutiram durante muitos dias e, depois de todos terem falado, chegou-se à triste conclusão de que era preciso cortar a árvore.

Houve choros, lamentações, gemidos.

A árvore era bela, antiga e venerável. Fazê-la desaparecer era um acto que não só entristecia os habitantes da ilha mas que também os assustava.

Mas não havia outro remédio e quase todos acabaram por concordar com o corte.

No lugar onde antes ela se erguia, plantaram um pequeno bosque de cerejeiras, pois as cerejeiras nunca crescem muito.

* * *

Abater a árvore foi difícil e toda a gente teve de ajudar.

Mas, depois de cortada, ela ocupava tanto espaço que a ilha ficou quase sem lugar para mais nada. Por isso começaram a desfazê-la: primeiro cortaram os ramos e as pernadas e a sua madeira foi distribuída entre todos, para que cada um pudesse fabricar alguma coisa que lhe lembrasse a árvore tão amada.

Alguns fabricaram pequenas mesas, outros, varandas para as suas casas, outros, caixilhos para os biombos, outros, caixas, tabuleiros, tigelas, colheres, pentes e ganchos para as mulheres espetarem no cabelo.

No fim ficou só o enorme e grosso tronco nu, deitado através da ilha.

Então começaram a chegar viajantes e armadores que queriam aquela óptima madeira para fabricar barcos.

Mas a população não quis. Reuniram todos outra vez em conselho e decretaram:

— Os habitantes desta ilha não querem separar-se da sua árvore que, antes de crescer demais, lhes deu tanta alegria. Vamos nós próprios construir o nosso barco.

E assim foi. Depois da chuva do Outono, deixaram o tronco secar durante longos meses e, logo que viram que a madeira já estava bem seca, meteram mãos à obra.

E, como são um povo muito inteligente, os japoneses, que trabalham muito bem, muito depressa, com muito esmero e são óptimos carpinteiros, construíram rapidamente uma grande e linda barca toda esculpida e pintada de muitas cores.

Então houve uma grande festa e a barca foi lançada ao mar.

À noite houve fogo de vista e em todas as ruas e praças se acenderam balões de papel, azuis, amarelos e vermelhos.

* * *

D’aí em diante a vida do povo daquela terra passou a ter uma vida muito mais animada e variada e quase todos se tornaram muito mais ricos.

Antes, como a ilha era tão pequena, os seus habitantes só possuíam pequenos barcos de pesca e só podiam navegar até às ilhas vizinhas.

Quando alguém precisava de ir mais longe tinha que arranjar um lugar em certos barcos maiores que de vez em quando por ali passavam.

Agora tudo tinha mudado. Agora, graças à grande barca, navegavam constantemente de ilha em ilha davam grandes passeios pelo mar e faziam óptimos negócios.

Às vezes nas noites calmas de Verão ou de Outono grupos de pessoas embarcavam e iam até ao largo ver a lua cheia sobre o mar. Ou então rondavam a ilha junto à costa, até ao extremo sul, para irem ali admirar os recortes negros dos rochedos sobre a claridade clara e azulada do luar.

Depois, no Inverno seguinte comentavam estes passeios, comparavam tudo o que tinham visto, discutiam qual fora a mais bela noite, a mais bela paisagem.

* * *

Entretanto, à medida que o tempo ia passando, as cerejeiras que tinham plantado iam crescendo e embelezando.

Por isso a gente da ilha passou a celebrar, todos os anos, a festa da cerejeira em flor.

Quando acabava o Inverno e começava a surgir a Primavera tudo se animava.

Os pedreiros, os tanoeiros e os carpinteiros vinham trabalhar para o ar livre e riam e cantavam enquanto esculpiam, serravam, martelavam.

Havia grande azáfama e pelas ruas passavam pessoas muito apressadas: iam a correr às lojas de tecidos comprar kimonos de Primavera para vestirem quando chegasse o dia em que já pudessem ir admirar o primeiro desabrochar das flores.

E nas ruas, nos jardins, nos campos, os marmeleiros, as macieiras, as cerejeiras já estavam carregadas de botões fechados.

No centro da povoação aparecia então o macaco amestrado, vestido com um casaquinho azul e acompanhado pelo seu dono. E em redor juntavam-se as crianças e adultos para admirarem as habilidades do animal sábio.

E as crianças ficavam mudas de espanto quando aparecia um grande leão de papel que vinha pela rua fora num andar baloiçado, acompanhado por dois homens vestidos com kimonos amarelos. Passavam por todas as ruas e por fim paravam debaixo dos ramos das cerejeiras.

Então os homens do kimono amarelo começavam a rufar os tambores e o leão começava a dançar. E um dos homens cantava:

Já dança o leão
Debaixo da cerejeira
Ao som dos tambores
O seu bailar faz abrir
Mais depressa as flores


E, no dia seguinte, nos ramos das cerejeiras, as pequenas flores cor de rosa estavam todas abertas.

* * *

Assim, durante muitos anos, a vida naquela ilha correu com muita alegria e animação.

Mas apesar dessa alegria, apesar dos bons negócios e dos grandes passeios, todos se lembravam com saudade da velha árvore.

— Como era alta e bela! — diziam.

— Como a sua sombra era perfumada!

— Como era doce e leve o sussurrar da brisa nas suas folhas!

— Como a sua copa era redonda e bem formada!

— Como as suas folhas eram verdes e bem desenhadas!

— Como era tão suave a frescura debaixo dos seus ramos, nas manhãs de Verão!

E, assim, entre palavras e pensamentos, a árvore nunca era esquecida.

* * *

E os anos foram passando.

Até que os marinheiros e os calafates descobriram que estava a acontecer uma grande desgraça:

A madeira da quilha da grande barca tinha começado a apodrecer.

— Ai de nós! — choravam os habitantes. — Não vamos dar mais passeios pelo mar. Nas noites de lua cheia, não vamos visitar mais as outras ilhas, não vamos fazer mais negócios.


Mas os comerciantes sossegaram-nos.

— Durante estes anos — disseram eles — graças à nossa grande barca, andámos a navegar de ilha em ilha, de porto em porto, a comprar e a vender, e fizemos negócios tão bons que juntamos muito dinheiro. Por isso, como aqui não há outra árvore enorme, e as árvores que agora temos fazem muita falta se forem cortadas, estamos dispostos a ir às outras ilhas comprar boa madeira. E todos juntos podemos construir outra grande barca.

A população aplaudiu o discurso e concordou com o projecto e daí a poucos meses a barca nova ficou pronta e logo a puseram a flutuar.

Então, a barca velha foi arrastada para a praia. O povo cercou-a em silêncio com grande tristeza, e os carpinteiros e os calafates examinaram-na tábua por tábua.

A madeira do casco, do convés e dos bancos estava quase toda semi-apodrecida e só servia para queimar. Mas o mastro grande, que tinha sido tirado do cerne da velha árvore, continuava são e bem conservado.

— Temos que fazer com este mastro alguma coisa que nos lembre a nossa árvore antiga e a nossa barca — disse o chefe da ilha.

Depois de muito pensar resolveram fazer uma biwa, que é uma espécie de guitarra japonesa.

Quando a obra ficou pronta, a população reuniu-se na praça principal e sentaram-se em silêncio em redor do melhor músico da ilha para ouvirem o som da biwa.

Mas, mal os dedos do músico fizeram soar as cordas, de dentro da biwa ergueu-se uma voz que cantou:

A árvore antiga
Que cantou na brisa
Tornou-se cantiga

Então, todos compreenderam que a memória da árvore nunca mais se perderia, nunca mais deixaria de os proteger, porque os poemas passam de geração em geração e são fiéis ao seu povo.

Sophia de Mello Breyner Andresen

A Árvore, Porto, Liv. Figueirinhas, 1987(Lido em Contadores de histórias)



" Se as crianças aprendessem poemas de cor...·

Cleópatra, fotografia de William Storage

Hoje celebra-se o centenário do nascimento da poeta Sophia de Mello Breyner Andresen (Porto, 6 de novembro de 1919 — Lisboa, 2 de Julho de 2004) 

Se as crianças aprendessem poemas de cor em pequenas, se fosse uma parte integrante do ensino e até, se elas tivessem de dizer um poema de cor para serem admitidas a qualquer universidade, as pessoas passavam a falar melhor. Porque falar é próprio de todas as pessoas, não é só do médico, do engenheiro e onde se aprende a falar realmente é na poesia.

Sophia de Mello Breyner Andresen

(6 Nov 1919- 2 Jul 2004)

Entrevista ao jornal Contemporâneo em 15 de Março de 1989.


E ouvimos agora a sua voz nestes versos (reparem na acentuação de Cleópatra, esdrúxula):

Poema de amor de António e Cleópatra

Pelas tuas mãos medi o mundo
E na balança pura dos teus ombros
Pesei o ouro do Sol e a palidez da Lua.




terça-feira, 5 de novembro de 2019

A jogar futebol no Amazonas




Fotografía de Orlando Azevedo, Amazonas.




"Uma salva de palmas para a Internet"


Bom, não é a internet exatamente, mas a ignorância de quem a utilizou; mas tanto faz. Assim a ignorância dele chega a montes de pessoas.




Uma máscara funerária


Suposta máscara de Agamémnon descoberta por Heinrich Schliemann em 1876, em Micenas


Agamemnon, Agamenon, Agamenão ou Agamémnon (em grego antigo, Aγαμέμνων, "muito resoluto") foi um dos mais distintos heróis gregos, filho (ou neto) do rei Atreu de Micenas e da rainha Aerope, e irmão de Menelau.

Não há registos que provem que tenha de facto existido, mas é provável que tenha sido o rei de Micenas a comandar o épico cerco dos Aqueus à cidade de Troia

(Wikipédia)


A Máscara de Agamemnon é um artefato descoberto em Micenas, na Grécia, em 1876 por Heinrich Schliemann. É uma máscara funerária de ouro que cobria o rosto de um corpo. Schliemann acreditou que tinha descoberto o corpo do lendário líder grego Agamemnon, daí o nome. Contudo, pesquisas arqueológicas recentes sugerem que a máscara é de 1.500 a 1.550 AC, o que significa uma época bem anterior a Agamemnon. Apesar disso, o nome permanece.

A máscara está hoje no Museu Arqueológico Nacional de Atenas.