Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

A fábula da rã e do escorpião (Esopo)



Reparem nisto: a versão original desta fábula foi criada pelo grego Esopo há quase 3000 anos (ele viveu entre o século VII e o VI a.C.) Os autores gregos e romanos, os clássicos, continuam vivos e a dar-nos lições muitos séculos depois.


A RÃ E O ESCORPIÃO

O rio transbordava e a sua corrente era de tal maneira forte que o escorpião jamais se atreveria a atravessá-lo. Porém, no sítio onde se encontrava, eram escassas as suas possibilidades de sobrevivência. Só um animal habituado a lidar com a corrente poderia salvar o escorpião. Mas quem se atreveria a confiar nele? O escorpião medita e percebe que só um milagre impedirá que esteja perdido.

Nisto o escorpião vê uma rã que se prepara para atravessar este caudal violento e, na sua aflição, não hesita em pedir-lhe socorro. A rã acede sob condição do escorpião respeitar o seu gesto altruísta e não a ferrar com o seu letal veneno. O escorpião aceita o pedido da rã, mais que legítimo, e monta-se sobre o seu dorso podendo assim atravessar o rio.

Porém, já perto da outra margem, o escorpião cravou o ferrão na bem-intencionada rã que em voz débil lhe perguntou: “Como foste capaz de me fazer isto depois de tudo o que eu fiz para te ajudar? Não vês que vou morrer?"

O escorpião fita a rã e diz-lhe: “Que queres? Está na minha natureza!..”


Agora, acrescento parte do comentário que fez a autora do blogue onde achei este texto. Leiam e pensem um bocado, reflitam...

"Eu própria me remonto à minha infância quando um dia perante a insistência duma garota pobre, com quem brincava, lhe ofereci um dos meus melhores vestidos que deixei que ela escolhesse entre os que tinha no meu roupeiro. Ela agradeceu-me e levou-o pressurosa para casa. Depois reuniu-se a mais uns garotos de rua e esperou-me num sítio por onde eu passava e deram-me uma tareia. Isto porque, segundo dizia a Carmo (assim se chamava a garota), eu tinha vários vestidos e apenas lhe tinha dado aquele.

Eu era criança e na altura senti uma mágoa sem limites que me marcou por toda a vida embora hoje até me dê com a Carmo e até compreenda o ponto de vista dela. Porém e apesar da mágoa, isso não me afastou daquilo que considero correcto."


(Versão e comentários lidos no blogue Silêncio culpado: "A fábula e a vida" )



Esopo na Infopédia



1 comentário:

Unknown disse...

Há pessoas assim...
às vezes...