Achei por acaso este artigo publicado em 2013 em Jardim Cor. Foi escrito por Raul Cánovas, um jardineiro argentino que vive no Brasil. Podemos ler três anos depois perfeitamente, e dá para ler nos anos próximos.
O Dia da Mentira
abr 1, 2013 por Raul Cânovas
1° de abril é o dia em que o engano é festejado. Não consigo achar graça na celebração de algo que só pode encantar quando nos lembramos do Pinóquio
A minha primeira intenção quando escolhi este assunto era fazer graça. Falar das exposições falsas de maneira divertida. Encontrar, quem sabe, o lado espirituoso do embuste. Mas desculpem, não consigo. Posso até sentir pelo mentiroso certa pena, aceitar suas mistificações e fraudes, como aceito a existência de tudo aquilo que é ruim e que sou obrigado a aturar. Entretanto, como concordar e, pior ainda, celebrar aquilo que não é verdadeiro, o dolo, a tapeação, os artifícios do trapaceiro? Como dedicar o primeiro dia deste mês ao culto da falácia?
Eu, jardineiro de longa data, nunca presenciei mistificações por parte da natureza. Ela pode às vezes ser violenta, assustadora, mas nunca artificiosa. Não há dissímulo nas suas manifestações. Tudo é real e até as ilusões em forma de pétalas cumprem sua palavra manifestando-se em forma de frutos.
Que o carpinteiro Geppetto me perdoe, mesmo entendendo a sua enorme vontade de ter um filho, razão pela qual fez o Pinóquio prefiro, em lugar da marionete mentirosa, qualquer árvore plantada com o único objetivo de dar uma sombra verdadeira.
A propósito, por que não foi instituído ainda o Dia da Verdade?
O Dia da Mentira
abr 1, 2013 por Raul Cânovas
1° de abril é o dia em que o engano é festejado. Não consigo achar graça na celebração de algo que só pode encantar quando nos lembramos do Pinóquio
A minha primeira intenção quando escolhi este assunto era fazer graça. Falar das exposições falsas de maneira divertida. Encontrar, quem sabe, o lado espirituoso do embuste. Mas desculpem, não consigo. Posso até sentir pelo mentiroso certa pena, aceitar suas mistificações e fraudes, como aceito a existência de tudo aquilo que é ruim e que sou obrigado a aturar. Entretanto, como concordar e, pior ainda, celebrar aquilo que não é verdadeiro, o dolo, a tapeação, os artifícios do trapaceiro? Como dedicar o primeiro dia deste mês ao culto da falácia?
Eu, jardineiro de longa data, nunca presenciei mistificações por parte da natureza. Ela pode às vezes ser violenta, assustadora, mas nunca artificiosa. Não há dissímulo nas suas manifestações. Tudo é real e até as ilusões em forma de pétalas cumprem sua palavra manifestando-se em forma de frutos.
Que o carpinteiro Geppetto me perdoe, mesmo entendendo a sua enorme vontade de ter um filho, razão pela qual fez o Pinóquio prefiro, em lugar da marionete mentirosa, qualquer árvore plantada com o único objetivo de dar uma sombra verdadeira.
A propósito, por que não foi instituído ainda o Dia da Verdade?
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