Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

sexta-feira, 29 de abril de 2016

Esta jovem anda na moda?


O que acham? Será que esta jovem anda na moda, ou andava no seu tempo? E qual é que seria esse tempo?












quarta-feira, 27 de abril de 2016

"Revolución de los Claveles"



Bem sei que o 25 de Abril passou (a data, porque o significado está no coração da maioria dos Portugueses, e de todos aqueles que amamos Portugal), mas acabei de abrir mesmo agora um mail de uma antiga colega da escola. Gostei, e cá está.

Obrigado, Alejandrina!




O que é isso de "estar na moda"?

Retrato de dama jovem (c. 1470), de Piero del Pollaiolo


Diz o dicionário Priberam da palavra moda: "1. Uso passageiro que regula, de acordo com o gosto do momento, a forma de viver, de se vestir, etc."

E agora vamos ler um pequeno artigo sobre o que significa estar na moda:


"O que significa estar na Moda?

Estar na Moda é um grande paradoxo. É, na minha opinião, um dos aspectos mais fascinantes e contraditórios deste universo.

Tecnicamente dizendo, algo está na moda quando um estilo foi aceito, adaptado, diluído, massificado.

Queremos estar na moda para sermos diferentes e estando na moda para ser diferentes, acabamos sendo iguais aos que também querem ser ou estar diferentes.

Sendo a moda uma forma de pertencimento, estar na moda significa dizer que você pertence a um grupo de semelhantes que pensa da mesma maneira, são iguais entre si e se diferem dos outros. Não dá para ser único e não há como falar em moda única. O que existe é uma infinidade de opções que se misturam e se influenciam de forma que já não se tem uma distinção entre um grupo e outro.

Aí alguém pode dizer, mas e a customização? Não é uma forma de se diferenciar??? A princípio sim, mas está tão em evidência que já é um fenômeno em massa.

Partindo do princípio de que moda é um espelho do mundo, o reflexo do ambiente em que ela vive e o mundo muda muito rápido, na moda impera a EFEMERIDADE. A moda é breve, tem prazo de validade. Portanto, estar na moda é algo tão passageiro quanto a própria moda. Daí conclui-se que a moda é autofágica, ou seja, engole a si mesma. A moda precisa se matar para manter-se viva.

Por ter esta natureza de caráter autodestruidor, diz-se que: basta estar na moda para deixar de estar na moda. Depois que a moda se populariza, ganha um certo olhar cansado, de esgotamento. É neste momento que dizemos: “eu não aguento mais usar jeans skinny” por exemplo, e aí só lhe cabe desaparecer."

(Sem espartilhos)


Coco Chanel


Por outro lado, achei estas palavras tão certas do escritor francês Jean Cocteau e da estilista Coco Chanel, francesa também.



 Jean Cocteau


"Segundo a proverbial definição de Jean Cocteau, la mode, c’est ce qui se démode, o que concorda em absoluto com a máxima de Coco Chanel: A moda passa, o estilo permanece."



Uma prova do estilo que permanece: a atriz Audrey Hepburn







Até onde chega a saia?




Qual é a saia que está agora na moda?



terça-feira, 26 de abril de 2016

Nuno Figueiredo: primeiro kitesurfista a enfrentar as ondas gigantes da Nazaré



Nuno “stru” Figueiredo é o primeiro kitesurfer a dominar uma das mais difíceis e desafiantes ondas do mundo.

Não foi o primeiro desafio de “stru”, mas ficará certamente na sua memória como um dos momentos mais marcantes do percurso profissional: ser pioneiro na aventura de surfar as ondas gigantes da Nazaré com um Kitesurf.

O feito aconteceu no dia 7 de abril, mas o tricampeão nacional (na modalidade de ondas) preparou-se durante um ano para o feito, deslocando-se várias vezes à praia do Norte, na Nazaré, “para ver e fazer kite em várias condições”.

“O que me motivou foi a minha paixão por este desporto e a ambição de fazer mais e melhor”, contou ao JN o kitesurfista que seguiu todas as regras de segurança para se atirar às ondas com cerca de 10 metros.

O atleta, natural do Porto, diz-se feliz por ter conseguido alcançar o objetivo de ser o primeiro a dominar estas ondas, mas não só. “Estou muito contente de ter reunido uma equipa 100% portuguesa”, explica.

“O som da rebentação das ondas foi do mais assustador que já ouvi. Mas consegui tornar-me no primeiro kitesurfer a surfar ondas gigantes na Nazaré. Agradeço ao Sérgio Cosme pela assistência da mota d’água e ao Jorge Leal por partilhar a sua experiência”, disse ao Beachcam.

Nuno “stru” Figueiredo, praticante de kitesurf há 15 anos, integra o top 10 mundial e a Team Rider internacional. Na lista de prémios incluem-se os títulos de campeão de uma das provas do mundial em Santa Cruz (Califórnia, Estados Unidos da América), em 2011, e de vice-campeão do campeonato do mundo em Dakhla (Saara Ocidental), em 2013.


(Revista PORT.com) - 22.abril.2016


Nuno Stru Figueiredo


Kitesurf, kiteboarding ou mesmo flysurf é um desporto aquático que utiliza uma pipa (comumente chamada pelos praticantes de kite) e uma prancha com ou sem alças (uma estrutura de suporte para os pés). A pessoa, com a pipa presa à cintura através de um dispositivo chamado trapézio, coloca-se em cima da prancha, comanda o kite com a barra, e sobre a água, é impulsionada pelo vento que atinge a pipa.

(Wikipédia)



segunda-feira, 25 de abril de 2016

"Grândola, vila moderna" (±MaisMenos±)



Vamos recordar a letra da canção Grândola, vila morena, cantada pela voz de José Afonso, ligada para sempre ao 25 de Abril de 1974, e que foi o sinal para o início de una nova época em Portugal: a ditadura estava para acabar de vez.  Era tempo de democracia. A Espanha demororou mais um pouco a dar este passo.

Lemos a letra, ouvimos a canção original e depois comparamos com a letra do vídeo de ±MaisMenos±:, Grândola, vila moderna.


GRÂNDOLA, VILA MORENA

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade

Grândola a tua vontade
Jurei ter por companheira
À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade


Canta Zeca Afonso


The artist ±MaisMenos± has launched his new video for the April revolution, giving a twist to the lyrics of the known “Grândola vila morena” song by Zeca Afonso.






25 de abril de 1974 - Revolução dos Cravos



Revolução dos Cravos refere-se a um período da história de Portugal resultante de um golpe de Estado militar, ocorrido a 25 de abril de 1974, que depôs o regime ditatorial do Estado Novo, vigente desde 1933, e que iniciou um processo que viria a terminar com a implantação de um regime democrático, com a entrada em vigor da nova Constituição a 25 de abril de 1976.

Este golpe, normalmente conhecido pelos portugueses como 25 de Abril, foi conduzido por um movimento militar, o Movimento das Forças Armadas (MFA), composto por oficiais intermédios da hierarquia militar, na sua maior parte capitães que tinham participado na Guerra Colonial e que foram apoiados por oficiais milicianos, estudantes recrutados, muitos deles universitários. (...) Sem apoios militares, e com a adesão em massa da população ao golpe de estado, a resistência do regime foi praticamente inexistente, registando-se apenas quatro mortos em Lisboa pelas balas da DGS.



De folha de poesia tomamos emprestada a imagem e o  seguinte texto:

"Grândola, Vila Morena" é a canção emblemática da Revolução dos Cravos e de todos os que participaram no Movimento das Forças Armadas (M.F.A.), é o sinal para avançar com as tropas para derrubar o regime vigente de Marcelo Caetano, é o símbolo da vitória da democracia.

Ao escutarmos a canção sentimos que o seu ritmo ordenado é apropriado ao ritmo cadenciado e marchante do pregão popular “O povo unido jamais será vencido”.

Quanto à letra da canção, observamos que se faz o elogio de determinados valores e, de forma subentendida, a denúncia dos desvios e aberrações das instituições político-sociais salazaristas. 



[...o concerto está a chegar ao fim...é a apoteose final com "essa canção nova, que ninguém conhece", a celebração da nossa esperança colectiva nos versos de "Grândola, Vila Morena". Zeca chama os amigos, vão os que foram chamados e alguns outros, o Coliseu é agora um corpo enorme de gente, braços dados, vozes em coro...e, quando a custo, saimos para as Portas de Santo Antão começamos lentamente a perceber como o Zeca mudou as nossas vidas...] 

(Viriato Teles)


GRÂNDOLA, VILA MORENA

Grândola, vila morena
Terra da fraternidade
O povo é quem mais ordena
Dentro de ti, ó cidade

Dentro de ti, ó cidade
O povo é quem mais ordena
Terra da fraternidade
Grândola, vila morena

Em cada esquina um amigo
Em cada rosto igualdade
Grândola, vila morena
Terra da fraternidade

Terra da fraternidade
Grândola, vila morena
Em cada rosto igualdade
O povo é quem mais ordena

À sombra duma azinheira
Que já não sabia a idade
Jurei ter por companheira
Grândola a tua vontade


sábado, 23 de abril de 2016

Família (José Luís Peixoto)




Família

A toalha de mesa era nova e só se usava nesses almoços de domingo. Havia uma garrafa de laranjada de vidro grosso ao centro da mesa, ao lado do vinho. Antes, o meu pai tinha-me mandado à venda. Levava uma alcofa com duas garrafas vazias. O cheiro do vinho tinto estava entranhado nas paredes. Nessas horas, fim da manhã de domingo, atravessava as fitas e não estava ninguém na venda, só a caixa das pastilhas de mentol e uma cadela que não se incomodava com a minha presença. Tinha de bater com a palma da mão no balcão, que me chegava à altura dos ombros, e, meio tímido, tinha de chamar: Ti Lourenço, Ti Lourenço. Quando chegava, trazia a sua calma e o seu bigode. Trocava a garrafa vazia de laranjada por uma cheia e acertava o gargalo da outra garrafa na torneira do barril. Eu pagava com o número certo de notas de vinte e moedas de cinco escudos.

Nesses dias, não faltava sol no quintal. Agora, parece-me que eram sempre domingos de uma primavera em que já se imaginava o verão. E as galinhas debatiam um assunto calmo na capoeira, as coelhas ameigavam os filhos na coelheira, os pombos atiravam-se em voos desde o pombal. A claridade desse tempo entrava pela janela e pousava sobre a mesa posta, a melhor terrina com canja, os melhores copos, os guardanapos dos dias de festa. A televisão a cores brilhava. Estava ligada e não importa o que estivesse a dar, programas religiosos, concertos em Viena, grandes prémios intermináveis de automobilismo, qualquer coisa era boa e acrescentava cor à nossa tarde. Eu tinha entre seis e treze anos (1980-1987).

Depois, chegou uma altura em que essa toalha de mesa, já mais desbotada, começou a ser usada nas refeições dos dias de semana. Lavada muitas vezes, tornou-se mais suave ao toque. Ganhou nódoas que já não saíam e, um dia, tornou-se demasiado velha até para esse uso. Então, a minha mãe rasgou-a e transformou-a num esfregão. Agora, até esse dia é remoto. Até o dia em que a minha mãe decidiu pôr o esfregão no lixo é remoto.

Esses almoços de domingo moldaram a minha vida.

Quando era pequeno, qualquer tarefa me absorvia por completo. Se decidia fazer uma torre de lego, não tinha mais pensamentos enquanto escolhia as peças e as encaixava umas nas outras. Hoje, não há nada que seja capaz de me prender a atenção dessa forma. Aconteceram muitas coisas ao meu olhar.

Tenho a idade que os meus pais tinham durante esses almoços e pergunto-me se eles olhariam para mim da maneira que eu, agora, olho para os meus filhos. Nesse tempo, os meus filhos e as minhas sobrinhas não existiam. A parte do mundo em que eles não existiam era cruel. Talvez os meus pais já fossem capazes de imaginar este momento, eu crescido, estas crianças à mesa, a minha mãe com setenta anos e o meu pai sem estar cá.

Pergunto-me como é que a minha mãe, que foi menina num tempo que imagino a partir de poucas fotografias, que tratou de todos os almoços de quando eu era pequeno, vê este tempo, sentada no seu lugar, a ser tratada por avó pela voz destas crianças à espera de crescerem e de, também elas, ocuparem todos os lugares da mesa.

Chego a casa de uma das minhas irmãs. A televisão está ligada num dos canais de desenhos animados. As vozes fingidas dos bonecos misturam-se com as nossas vozes, reais, a dizerem palavras que, para mim, com trinta e oito anos, são demasiado nítidas.

Sinto-me culpado. Diante de todas as escolhas, como diante de cruzamentos, quando escolhi caminhos que me afastavam dos almoços de domingo, senti-me sempre culpado. Os almoços nunca são na minha casa. Não tenho casa para almoços de domingo.

Recebo mensagens no telemóvel a lembrarem-me de trabalhos que tenho de fazer até amanhã. Não os tinha esquecido, claro. As minhas sobrinhas e os meus filhos falam de algo que não entendo, um jogo de computador, o Justin Bieber ou um lutador de wrestling. As minhas irmãs entram nas divisões com travessas saídas do forno. A minha mãe pergunta-me se já paguei a segurança social. Está preocupada. Depois de lhe garantir que vou pagar amanhã, repete esse pedido três vezes, quatro vezes. Olho para ela e, em silêncio, peço-lhe para não envelhecer mais.

A toalha de mesa é nova. A toalha de mesa é sempre nova.



José Luís Peixoto 


(Fonte: Revista Visão, Sexta feira, 12 de Abril de 2013)



sexta-feira, 22 de abril de 2016

De cravo na mão: Na próxima segunda-feira é 25 de Abril



Pedro Ribeiro Simões é o autor desta fotografia que está connosco desde o ano passado. Cá podem vê-la a um tamanho maior.

Na próxima segunda-feira, dia 25 de Abril, feriado em Portugal, falamos um pouco do significado desta data no vizinho País.



Liberdade (Fernando Pessoa)

Fernando Pessoa visto por nuvem



Amanhã é o Dia do Livro no nosso país (em Portugal é a 23 de março) e para celebrar esta data vamos ler várias coisas na sala de aula.



LIBERDADE
(Falta uma citação de Séneca)

Ai que prazer
Não cumprir um dever,
Ter um livro para ler
E não o fazer!
Ler é maçada,
Estudar é nada.
O sol doira
Sem literatura.
O rio corre, bem ou mal,
Sem edição original.
E a brisa, essa,
De tão naturalmente matinal,
Como tem tempo não tem pressa...

Livros são papéis pintados com tinta.
Estudar é uma coisa em que está indistinta
A distinção entre nada e coisa nenhuma.

Quanto é melhor, quando há bruma,
Esperar por D. Sebastião,
Quer venha ou não!

Grande é a poesia, a bondade e as danças...
Mas o melhor do mundo são as crianças,
Flores, música, o luar, e o sol, que peca
Só quando, em vez de criar, seca.

E mais do que isto
É Jesus Cristo,
Que não sabia nada de finanças
Nem consta que tivesse biblioteca...

Fernando Pessoa