Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

sexta-feira, 27 de abril de 2018

Tito Paris - Mim ê Bô (Eu sou tu)



O músico e cantor cabo-verdiano Tito Paris, no programa "Cá em casa" da RTP (Outubro de 2017). Som ao vivo!

O título da canção, cantada em crioulo cabo-verdiano, Mim ê bô, significa em português "Eu sou tu".




A Árvore Europeia de 2018 é um sobreiro “assobiador” português



Uma notícia lida no jornal Público, no dia 21 de março deste ano. Como a notícia é comprida, deixo aqui os parágrafos mais importantes para vocês. No link pode ler-se completa.



A Árvore Europeia de 2018 é um sobreiro “assobiador” português

A árvore portuguesa venceu a 8.ª edição do concurso europeu, ao qual concorreram 13 países. Mais do que uma árvore bonita, procurava-se uma árvore com história e ligada à comunidade. E isso o sobreiro português tem.

TERESA SERAFIM - 21 de março de 2018

Um sobreiro português foi eleito esta quarta-feira Árvore Europeia de 2018. O Sobreiro Assobiador da aldeia de Águas de Moura, no concelho de Palmela, foi distinguido numa competição que envolveu mais 12 árvores de diferentes países europeus. A distinção foi anunciada ao final da tarde numa cerimónia no Parlamento Europeu, em Bruxelas, depois de uma votação online que decorreu em Fevereiro e contou com cerca de 200 mil votos. Em segundo e terceiro lugar ficaram ulmeiros espanhóis e um carvalho russo, respectivamente.


“Ficámos muito contentes. Acho que é muito importante para a floresta portuguesa e para o sobreiro, que é o nosso símbolo”, reage à vitória Nuno Calado, engenheiro florestal e secretário-geral da UNAC – União da Floresta Mediterrânea, responsável pela participação portuguesa. “Espero que este prémio alerte para a importância da floresta portuguesa e para os sistemas agro-florestais, como o sobreiro e o montado, porque são muito importantes para o Sul de Portugal.” Ao todo, a árvore portuguesa teve 26.606 votos. O engenheiro florestal, que esteve na cerimónia em Bruxelas, conta que virá para Portugal um troféu feito com madeira de diferentes espécies, que será entregue à Câmara Municipal de Palmela. Ficará um ano em Portugal e, para ano, será passado ao novo vencedor.

Também no pódio ficaram os ulmeiros ancestrais de Cabeza Buey, em Badajoz (Espanha)com 22.323 votos e um carvalho da Rússia chamado “ancião das florestas de Belgorod” com 21.884 votos. As árvores espanholas são bem velhinhas: os sete ulmeiros (Ulmus minor) têm cerca de 450 anos. E são considerados a última representação das florestas urbanas da Estremadura. “Apesar da ameaça da grafiose [fungo] do ulmeiro, uma doença que matou mais de um milhão de árvores em Espanha e mais de mil milhões no mundo, estas árvores conseguiram permanecer de pé, nos arredores da ermida do Santuário de Nossa Senhora de Belém, de grande valor histórico artístico e com origem templária”, refere o site do concurso.

Já o carvalho-comum (Quercus robur) tem cerca de 188 anos e cresceu numa área de protecção ambiental no Oeste da Rússia. “Sob a sua copa realizaram-se eventos públicos e celebrações”, lê-se no site, acrescentando-se que esta árvore testemunhou acontecimentos históricos ou que hoje se organizam flashmobs para se formarem corações à sua volta.

Esta é a 8.ª edição do prémio Árvore Europeia do Ano, organizado pela Associação de Parceria Ambiental (EPA) e inspirado num concurso da República Checa, que foi transposto para a Europa em 2011. Se nesse ano concorreram apenas cinco países, este ano já foram 13. Além de Portugal, Rússia e Espanha, participaram a Hungria, Reino Unido, Eslováquia, Lituânia, Roménia, Polónia, Bulgária, República Checa, Croácia e a Bélgica.

Este foi o primeiro ano em que Portugal participou. “A UNAC [membro da Organização dos Proprietários Rurais Europeus – ELO, que apoia o concurso e desafiou Portugal] entrou este ano enquanto entidade organizadora a nível nacional”, indica Nuno Calado. Como este era o “ano zero” para Portugal, a organização do concurso propôs que fosse a UNAC a escolher uma árvore. “Escolhemos um sobreiro porque é a árvore nacional de Portugal. Tendo de escolher um sobreiro, escolhemos o assobiador que é o mais icónico”, explica Nuno Calado, acrescentando que esta árvore está classificada pelo Instituto da Conservação da Natureza e Florestas (ICNF) como “árvore de interesse público” desde 1988. Além disso, é formalmente reconhecido como o sobreiro mais velho de Portugal e o maior do mundo que se conhece.

O sobreiro (Quercus suber) em Portugal tem uma forte representação na economia. “A fileira da cortiça exportou em 2017 quase mil milhões de euros”, salienta Nuno Calado, dizendo que até se têm criado novos produtos e aplicações, como no design e na inovação. “Há ainda a questão territorial: através do sobreiro e da cortiça conseguimos fixar populações, criar emprego e gerar receitas para as populações locais e os produtores florestais.”

O sobreiro ocupa cerca de 800 mil hectares em Portugal. “Tem uma importância muito grande a nível do ecossistema”, diz o engenheiro florestal. “Não é um habitat natural e o homem tem de intervir para manter aquela estrutura típica do montado, que lhe confere as mais-valias ambientais e ecológicas que tem enquanto suporte para o habitat de espécies como o lince-ibérico ou a águia-real.”

Na cerimónia, minutos antes do anúncio dos resultados, o biólogo português Humberto Delgado Rosa, ex-secretário de Estado do Ambiente e actual director do programa Capital Natural da Comissão Europeia, também afirmou que esta árvore era “muito significante para Portugal neste momento”. “Como se lembram, enfrentámos mega-incêndios catastróficos no Verão”, disse, destacando que o sobreiro é uma árvore especializada em resistir ao fogo.

Namoros e conversas à sombra

Por todas estas razões escolheu-se o Sobreiro Assobiador. Estima-se que tenha sido plantado há 234 anos. Tem cerca de 30 metros de diâmetro de copa e cerca de 17 metros de altura. “É conhecido como o Sobreiro Assobiador, porque como tem uma copa muito larga – que apesar da idade avançada está em boas condições –, quer ao nascer do dia que ao pôr do Sol as aves pousam na sua copa e fazem um chilrear imenso. Daí o nome da árvore”, conta Nuno Calado. E, se ao longo da sua vida lhe extraíram cortiça mais de 20 vezes, agora isso já não acontece. “Já está na reforma”, brinca.


quinta-feira, 26 de abril de 2018

Leminski, dito por Arnaldo Antunes, para a Jimena


A Jimena, da turma de 4º A, venceu o primeiro prémio de poesia do Dia da Escola. Uma aluna a escrever poesia... Ótimo! Esta mensagem vai dedicada para ela. O músico, poeta e compositor brasileiro Arnaldo Antunes lê para nós um poema do curitibano Paulo Leminski (1944 - 1989). E como acho que já sabe toda a gente, o você brasileiro é tu em Portugal.


"A poesia de Paulo Leminski promove — com inteligência e sensibilidade — o encontro de muitos contrários: o rigor e a emoção, a erudição e a leveza, a vanguarda e o pop. Não por acaso Leminski é um dos autores que, tendo florescido nos anos 1970, continua influenciando poetas e letristas das novas gerações."

Revista Bula:  "15 melhores poemas de Paulo Leminski"


Por outro lado, eu queria recordar aqui as famosas palavras do poeta francês Arthur Rimbaud (1854 - 1891) numa carta que escreveu quando tinha apenas 17 anos: Je est un autre, quer dizer, "Eu é um outro". Percebem? Não "Eu sou um outro", mas "Eu é um otro", que é bem diferente. Para pensar um bocado.


 Rimbaud, aos 17 anos


CONTRANARCISO

em mim
eu vejo o outro
e outro
e outro
enfim dezenas
trens passando
vagões cheios de gente
centenas

o outro
que há em mim
é você
você
e você

assim como
eu estou em você
eu estou nele
em nós
e só quando
estamos em nós
estamos em paz
mesmo que estejamos a sós





Paulo Leminski visto pelo cartunista Fernando Carvall




quarta-feira, 25 de abril de 2018

25 de Abril

Fotografia de Alfredo Cunha em 2014, no 40º aniversário

A magia que supôs o fim da Ditadura em Portugal no dia 25 de Abril de 1974, fica perfeitamente refletida nestes versos da poeta portuguesa Sophia de Mello Breyner Andresen.


Esta é a madrugada que eu esperava
O dia inicial inteiro e limpo
Onde emergimos da noite e do silêncio
E livres habitamos a substância do tempo




"Quando um astronauta se lembra do 25 de Abril"  (26 de abril de 2017)






segunda-feira, 23 de abril de 2018

Perseguição da beleza (Pedro Paixão)

Fotografia de kiss-my-pixels

Para o Dia do Livro...


PERSEGUIÇÃO DA BELEZA

Há quem persiga o poder, o dinheiro, a fama. Eu persigo a beleza. Não é uma escolha. É uma condenação. Sem beleza faleço. É um trabalho difícil, muitas vezes doloroso, cheio de revezes. Já passei dias e dias com as mãos na garganta apavorado que ela não volte a visitar-me. É difícil dizer o que é aquela poderosa presente ausência que nos oprime e agarra. Nunca está onde está, mas sempre um pouco mais longe, noutro sítio. Não são cores, imagens, sons, nem sequer a suave pele de uma mulher que me encantam. É o que está para além disso e que isso chama. A beleza corre o permanente perigo de a qualquer momento se desfazer em nada. É, na verdade, por completo insustentável. Não se pode medir, calcular, torná-la obedientemente exacta. É impossível provar que existe. Daí a urgência, o coração a bater na boca. A perseguição da beleza é uma corrida de obstáculos sem meta de chegada. Basta o som de uma voz para rasgar futuros. Basta uma fotografia de uma mala fechada sobre uma cama para abrir horizontes. Todos os cuidados são insuficientes. É um trabalho longo preenchido de mistérios. Se se procura controlar, escapa. Se se procura guardar, esvai-se entre os dedos. Tem de ser roubada com toda a rapidez e mantida no movimento que é só dela. Se se tenta parar, fixar, já não vale a pena. O dinheiro tem certamente as suas vantagens. Uma das poucas coisas que serve para várias. E a beleza não serve de nada. Atrapalha. Provoca desastres nas famílias, intoxica-nos até ao desmaio, não poupa nada. Devia ser proibida. É um escândalo no meio do mundo. É a causa do espantoso medo que é perdê-la. Não escolhi ser quem sou, este vício de que sou escravo. O que mais importa ninguém escolhe. Já tentei ser tantos para escapar de mim, para me desviar desta vida que me deram. E depois vem a beleza. Surpreendente ao virar de uma esquina. Um desejo marcado no ponto de encontro do aeroporto onde ficaremos para sempre abraçados. A tomar duche à minha frente. A irromper do nada. A primeira coisa que um qualquer fanatismo sabe que tem a fazer é demolir com a beleza. Com todo o direito, de todas as maneiras. A beleza semeia a desordem nas almas e nos corpos que anima. A beleza alimenta-se de uma liberdade particularmente virulenta. É impertinente. Não conhece regras. Vive da vida e de mais nada.

Pedro Paixão 


"O poder da leitura"






Manuel António Pina para o Dia do Livro



Hoje é o Dia do Livro. E lemos e ouvimos dizer um poema de Manuel António Pina, que se intitula Os livros.


OS LIVROS

É então isto um livro,
este, como dizer?, murmúrio,
este rosto virado para dentro de
alguma coisa escura que ainda não existe
que, se uma mão subitamente
inocente a toca,
se abre desamparadamente
como uma boca
falando com a nossa voz?
É isto um livro,
esta espécie de coração (o nosso coração)
dizendo ‘eu’ entre nós e nós?




sábado, 21 de abril de 2018

Homenagem em Badajoz ao jornalista português Mário Neves (1912 - 1999)


Para os alunos do 4º ano saberem um bocado da história da sua cidade e que tem a ver com um jornalista português.

(Parte do) Artigo de Jesús Conde, publicado em  eldiario.es no dia 16 deste mês:


Mário Neves, el corresponsal portugués que narró al mundo la matanza de Badajoz

El periodista es homenajeado esta semana por la asociación de memoria histórica ARMHEX por su aportación a la reconstrucción de uno de los capítulos más negros de la ciudad

La Orquesta de Extremadura estrena la obra musical ‘Disparos de luz’, en homenaje a todas las víctima del franquismo y a Mário Neves

“Soy el primer periodista portugués que entra en Badajoz tras la caída de la ciudad en poder de los rebeldes. Acabo de presenciar tal espectáculo de desolación y de pavor que tardará en borrarse de mis ojos…”.

Son las palabras de Mário Neves en agosto de 1936 poco después de la toma de Badajoz a manos de las tropas de Franco. Contó para el Diario de Lisboa escenas de horror, con asesinatos múltiples y calles tintadas de rojo. Con una columna de humo en permanente combustión. De este modo se deshicieron las tropas rebeldes de buena parte de las personas ajusticiadas.

El periodista es homenajeado esta semana en Badajoz por su aportación a la reconstrucción de uno de los capítulos más negros de la ciudad. También en recuerdo a todas las víctimas de la dictadura militar.

Fue testigo de un espectáculo “de pavor y desolación” según confesó él mismo. Sus crónicas en el diario luso tuvieron repercusión internacional. En ellas un joven de apenas 24 años mostraba una represión ‘atroz’ bajo las órdenes del teniente general Yagüe, conocido como ‘El carnicero de Badajoz’, contra todo aquél sospechoso de ser simpatizante de la República.

Desde la vecina localidad lusa de Elvas Mário Neves narraba a su periódico con nerviosismo la estampa. Con dificultades para verbalizar lo que estaba contemplando. (...)

Artículo completo aquí.


 Antigua plaza de toros testigo de la 'matanza de Badajoz'. En los años 90 la Junta la derribó para construir el actual Palacio de Congresos

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LA ASOCIACIÓN PARA LA RECUPERACIÓN DE LA MEMORIA HISTÓRICA DE EXTREMADURA (ARMHEX), rinde homenaje a MÁRIO NEVES Periodista


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O jornalista Mário Neves relembra massacre de Badajoz - (ensina.rtp.pt)

Mário Neves (1912–1999) foi um jornalista português que testemunhou e fez duas grandes reportagens sobre o massacre de Badajoz para o "Diário de Lisboa". Um terceiro trabalho seria censurado, mas a experiência marcaria a sua vida para sempre.

Entre duas e quatro mil pessoas foram executadas nos dias que se seguiram à conquista de Badajoz pelas tropas nacionalistas de Franco, em 14 de agosto de 1936. O massacre é apontado como um dos mais controversos momentos da sangrenta guerra civil que abalou a Espanha entre 1936 e 1939.

Mário Neves foi destacado pelo jornal para fazer a cobertura do conflito e não só testemunhou o massacre, como quase foi morto no meio da confusão que se seguiu à conquista da cidade aos republicanos.

“Vou partir. Quero deixar Badajoz, custe o que custar, o mais depressa possível e com a firme promessa à minha própria consciência de que não mais voltarei aqui”, escreveu Mário Neves numa reportagem depois de assistir aos massacres, aos fuzilamentos e testemunhar as pilhas de cadáveres a serem queimados.

RTP

Temas: História, Jornalismo, Século XX
Ensino: 3º Ciclo, Ensino Secundário
Ficha Técnica:
Título: Arquivos da Memória - Mário Neves, o repórter
Tipo: Extrato de entrevista
Autoria: Alípio de Freitas
Produção: RTP
Ano: 1987

Se clicarmos no link da RTP, vemos Mário Neves a falar daquele terrível acontecimento em 1987 num excerto de dois minutos .


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"O massacre de Badajoz", em português, na Wikipédia.


sexta-feira, 20 de abril de 2018

Melhor de mim (Mariza)



Mariza já esteve aqui a cantar com Tito Paris, caboverdiano, Beijo de saudade. Hoje, ela sozinha,  canta para nós Melhor de mim.

MELHOR DE MIM

Hoje, a semente que dorme na terra
E se esconde no escuro que encerra
Amanhã nascerá uma flor

Ainda que a esperança da luz
Seja escassa
A chuva que molha e que passa
Vai trazer numa gota amor

Também eu estou
À espera da luz
Deixo-me aqui
Onde a sombra seduz

Também eu estou
À espera de mim
Algo me diz
Que a tormenta passará

É preciso perder
Para depois se ganhar
E mesmo sem ver
Acreditar!

É a vida que segue
E não espera pela gente
Cada passo que dermos em frente
Caminhando sem medo de errar

Creio que a noite
Sempre se tornará dia
E o brilho que o sol irradia
Há-de sempre me iluminar

Quebro as algemas neste meu lamento
Se renasço a cada momento
Meu o destino na vida é maior

Também eu vou
Em busca da luz
Saio daqui
Onde a sombra seduz

Também eu estou
À espera de mim
Algo me diz
Que a tormenta passará

É preciso perder
Para depois se ganhar
E mesmo sem ver
Acreditar!

É a vida que segue
E não espera pela gente
Cada passo que dermos em frente
Caminhando sem medo de errar

Creio que a noite
Sempre se tornará dia
E o brilho que o sol irradia
Há-de sempre nos iluminar

Sei que o melhor de mim
Está para chegar
Sei que o melhor de mim
Está por chegar
Sei que o melhor de mim
Está para chegar


Mariza a cantar no palco




Crianças e as suas histórias (Paula Rego)



Crianças e as suas histórias (1989), obra da pintora portuguesa Paula Rego (1935), exposta no Centro de Arte Moderna Manuel de Brito (CAMB), Parque Anjos, Algés, Lisboa.
Materiais: Água Forte e Água Tinta.