Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

segunda-feira, 10 de dezembro de 2012

Conselhos morais para viver em paz (D. João Manuel)

D. João Manuel, príncipe herdeiro de Portugal, (1537-1554)

Vejam que apesar de estas palavras terem sido escritas há vários séculos, ainda hoje poderiam dar muito jeito, não acham? Às vezes, é claro...


Conselhos morais
(Para viver em paz)

Ouve, vê e cala,
e viverás vida folgada:
tua porta cerrarás,
teu vizinho louvarás;
quanto podes não farás,
quanto sabes não dirás,
quanto vês não julgarás,
quanto ouves não crerás,
se quiseres viver em paz.
Seis coisas sempre vê,
quando falares, te mando:
de quem falas, onde e quê,
e a quem, como e quando.

D. João Manuel (séc. XV)


D. João Manuel, príncipe herdeiro de Portugal, (1537-1554) foi o oitavo filho do rei D. João III e da sua mulher, a rainha D. Catarina de Áustria.





2 comentários:

Unknown disse...

Pode dar a referência bibliográfica do livro em que encontrou este texto atribuído ao príncipe português do século XVI? Tem certeza que não se trata de dito de D. João II quando ainda era príncipe no século XV?

Rosa Machado disse...

Da Infopédia, sobre D. João Manuel, o autor dos versos, e para acabar a confusão:

Poeta palaciano cuja produção poética se encontra coligida no Cancioneiro Geral de Garcia de Resende, nascido cerca de 1469 e falecido em 1500, filho de D. João Manuel, bispo da Guarda, e de Justa Rodrigues, e que exerceu na corte a função de camareiro-mor do rei D. Manuel. Autor de uma obra poética diversificada que inclui a poesia amorosa, o louvor religioso, o pranto e composições satíricas, é um dos poetas mais requisitados para a participação em torneios poéticos coletivos, sobretudo de chacota a acontecimentos burlescos e à indumentária de alguns frequentadores da corte, tendo ainda colaborado nas "justas" organizadas por D. João II para celebrar o casamento de D. Afonso. Poeta bilingue, da produção individual destaca-se a lamentação, em arte maior, à morte do príncipe herdeiro; pequenos poemas de teor didático-moral, como a "Regra sua para quem / quiser viver em paz"; duas composições religiosas em louvor de Nossa Senhora e de Santo André; além de várias glosas de tema amoroso, que fazem prova do seu virtuosismo versificatório.