Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

segunda-feira, 21 de setembro de 2015

O Buçaco volta a respirar

Fotografia de Adriano Miranda


Ciclone não vergou mata do Buçaco, biodiversidade respira em várias frentes

Sara Dias Oliveira

20/09/2015 - 08:58

Milene Matos, bióloga da Universidade de Aveiro, ganhou três prémios com Bio Somos Todos, projecto concentrado em 105 hectares de património natural e que coloca as mãos na terra. Estas acções ambientais também contribuem para a reinserção social.

Em Janeiro de 2013, o ciclone Gong destruiu 40% de área da mata do Buçaco, na vila de Luso, concelho da Mealhada. Abriu clareiras, aumentou a propagação de espécies invasoras, derrubou árvores de grande porte. Ainda hoje o espaço, que recebe cerca de 200 mil visitantes por ano, ressente-se dessa destruição. Há, no entanto, trabalho a ser feito: sementes para recolher, semear e replantar, intervenções de restauro do sistema natural.

Esta é apenas uma parte do trabalho de Milene Matos, 33 anos, bióloga da Universidade de Aveiro, a frequentar o pós-doutoramento em Comunicação da Ciência na mesma faculdade, e que venceu a última edição do Prémio Terre de Femmes, relativo a 2014 e anunciado em 2015, da Fundação Yves Rocher, nas três “categorias” possíveis. Ganhou o prémio nacional, que lhe permitiu concorrer ao internacional, que também venceu, e ainda trouxe para casa o prémio do público. É a primeira vez que esta distinção, que reconhece e recompensa financeiramente mulheres que desenvolvem projectos ecológicos e sustentáveis, veio para Portugal.

Bio Somos Todos é o nome do projecto que olha em várias direcções em nome do bem-estar de 105 hectares de património natural do Buçaco. Milene Matos vai comprar árvores do mundo inteiro para sarar feridas que o ciclone Gong abriu. “A mata do Buçaco tem uma colecção arbórea com mais de 100 anos e com o ciclone perdemos exemplares únicos”, diz Milene, que está a tratar das encomendas. “São árvores históricas que geram um vínculo emocional com a mata”, sublinha. Plantando-as, mantém-se e respeita-se um legado histórico. A bióloga quer também criar um banco de sementes para conservar o património botânico, aconteça o que acontecer. Uma forma de preservar o património genético de “um oásis da biodiversidade”, como lhe chama. Milene Matos mostra os viveiros que foram reactivados e que agora são a matéria-prima e o palco de várias oficinas. Ali, outrora ruínas, plantam-se sementes de espécies recolhidas na própria mata e que depois serão replantadas. Há também produtos hortícolas que servem de exemplo para estimular alunos das escolas a fazerem uma pequena horta no recinto escolar ou em casa. E ainda um cantinho de aromáticas, que ensina que todos podem semear e vender produtos tratados com as próprias mãos e que, além disso, vai alimentando a loja da mata do Buçaco com plantas de aromas intensos vendidos em sacos.


A notícia completa no diário Público


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Para saber mais sobre o Buçaco e onde é que fica, consultamos a Wikipédia, depois de termos visto o mapa:

A Mata Nacional do Buçaco (Bussaco na grafia antiga) é uma área protegida localizada na Serra do Buçaco, freguesia de Luso, concelho da Mealhada. Foi plantada pela Ordem dos Carmelitas Descalços no primeiro quarto do século XVII, encontrando-se delimitada pelos murros erguidos pela ordem para limitar o acesso a mata.

Os Carmelitas construíram também aí o Convento de Santa Cruz do Buçaco, destinado a albergar essa ordem monástica, que existiu entre 1628 e 1834, data da extinção das ordens religiosas em Portugal.

Em 1888 foi iniciada a construção do Palácio Real (actualmente Palace Hotel do Buçaco) no local do convento, sendo este parcialmente demolido para o efeito.

A Mata Nacional do Buçaco possui espécies vegetais do mundo inteiro importadas pela Ordem dos Carmelitas Descalços, incluindo o célebre cedro-do-buçaco (Cupressus lusitanica)



Podem clicar também neste link: Fundação Mata do Buçaco


Fotografia da Wikipédia



 

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