Ouguela (Alentejo, Portugal) em baixo; Alburquerque (Badajoz, Espanha) ao fundo.

quarta-feira, 23 de outubro de 2013

Uma velha piada



Num livro do jornalista e escritor português Miguel Esteves Cardoso achei esta antiga anedota, esta piada. Na nossa língua há também muitas piadas deste género, em que afinal o mais esperto é o espanhol, é claro. Todos os países têm piadas como estas.


A anedota da semana não podia vir mais a jeito. A NASA decide arranjar um astronauta europeu para ir a Marte. O primeiro a ser entrevistado é o inglês. Quando chega a altura de discutir a recompensa, o inglês pede nove milhões de dólares. O funcionário da NASA acha muito e quer saber porquê. O inglês explica que é casado, tem três filhos e que uma missão tão perigosa tem de ser devidamente paga. «Está bem, vamos ver», diz o americano, mandando entrar o francês. O francês pede nove milhões de dólares. O entrevistador insiste em saber a razão de uma soma tão grande. O francês explica: «Está a ver – sou casado, tenho três filhos. Cinco milhões de dólares são para mim e para a minha família. E os outros quatro milhões de dólares são para dividir entre mim e as minhas duas amantes.»

Chega então a altura de entrar o português. Passa todos os testes e, mais uma vez, o americano quer saber quanto é que o astronauta português quer cobrar. O português também pede nove milhões de dólares. Quando o americano lhe pede explicações, o nosso compatriota arregaça as mangas e avança com a resposta: «Ora bem... três milhões de dólares, para já, são para si, para o meu amigo me escolher a mim. E ficam seis. Três milhões de dólares são para mim. E os outros três milhões são para quem for a Marte, que se há-de arranjar alguém.»

Esta anedota ilustra perfeitamente a arte portuguesa de subornar. O suborno à portuguesa não é nada mefistofélico nem luciferino. É um esquema simpático entre amigos em que «ganham todos». Não há chantagem nem culpa – é somente um contrato entre espertalhões, em que a única pessoa que se lixa é o terceiro, o desconhecido, ou o abstracto.

Miguel Esteves Cardoso



Nota (Dicionário Priberam)

Anedota. Breve narração de caso verídico pouco conhecido; chiste.

Piada 2. [Figurado] Dito engraçado, dichote.




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